“Tem muita gente jovem para viver. Eu mesma, quero viver mais 76 anos, e a gente depende de uma estrada que dê condições para isso”

Estradas carregam muito mais que mercadorias e pessoas. Carregam histórias que, em alguns casos, como o da Dona Antônia Teodora Bolzani e do esposo, Seu Alcino Luiz, são de dor. Eles moram em Jaru, a quase 300 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia, e perderam a filha de apenas 16 anos em um acidente na BR-364/RO.

“Este ano, no dia 3 de outubro, faz 30 anos que ela faleceu. Naquele dia estava muito calor e minha filha ajudou o padre a organizar os bancos do lado de fora da igreja. Depois, na missa, cantou. Ela adorava cantar”, lembra Dona Dora, como é conhecida, entre saudades e sorrisos.

A filha, Wérlea, foi atropelada junto com o noivo, com quem se casaria meses depois. “Quando a missa terminou, nós ficamos falando com o padre Toninho. Eles decidiram ir para casa. Minutos depois a gente escutou um barulho muito forte”, relembra Dona Dora.

O local do acidente ficou conhecido como Curva dos Noivos e continuou sendo o cenário de tantas outras dores. Só Dona Dora e o marido, por exemplo, assistiram a 23 mortes na mesma curva.

Mas a tristeza guardada pelo casal há anos está prestes a desbotar, ao menos um pouco, com o novo capítulo que a rodovia vai viver. Nesta quinta-feira (27) a BR-364 vai a leilão - o primeiro de uma rodovia federal em Rondônia. Inúmeras melhorias estão previstas.

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“E o dia que esta curva estiver ajeitada, duplicada, segura, eu vou dar uma festa porque vai ser muita alegria”, sorri a aposentada.

Investimento e integração

Com o leilão da BR-364/RO serão assegurados R$10,23 bilhões em obras de duplicação, terceiras faixas, passarelas e acesso aos portos hidroviários da região. Ao conceder a rodovia à iniciativa privada, o Ministério dos Transportes fortalece um direcionamento do Governo Federal, de estender ao Norte do Brasil a ampliação da malha rodoviária de maneira sustentável e adequada às atuais necessidades de tráfego.

A rodovia integra o Arco Norte e é considerada estratégica do ponto de vista econômico e social. A estrada é praticamente a única conexão terrestre do extremo Norte com o restante do Brasil e responde pelo escoamento da produção agropecuária de Rondônia, Acre, Amazonas e parte do Centro-Oeste.

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O trecho de concessão abrange 686,7 quilômetros, entre a capital Porto Velho e a cidade de Vilhena, próximo à divisa com o Mato Grosso.

“As cidades foram se formando nesses quilômetros, as populações aumentando e o fluxo de caminhões pesados se acentuou. Com isso nossa rodovia ficou superlotada. A quantidade de acidentes que acontece hoje faz com que a gente chame a estrada de corredor da morte”, completou Gilberto Baptista, superintendente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero).

Estrada boa e emprego

Um dos maiores benefícios - e desafios - da concessão será a ampliação da capacidade de tráfego, que irá refletir diretamente na segurança de quem trafega pela BR-364/RO. A melhoria também irá refletir na diminuição do custo logístico, contribuindo assim com o aumento de renda e emprego na região.

No projeto elaborado pelo Ministério dos Transportes estão previstos 298,1 quilômetros a mais, entre duplicações e faixas adicionais, além de passarelas e ampliação do número de paradas de ônibus.

Sob o aspecto ambiental, a concessionária vencedora assumirá o compromisso de direcionar no mínimo 1% da receita bruta para projetos de infraestrutura resiliente. Essas construções são voltadas à mitigação de impactos dos eventos climáticos extremos.

Por estar às portas da Amazônia, as passagens de fauna que serão construídas são ainda mais importantes. As estruturas permitem que animais silvestres atravessem as vias pelo subterrâneo, contribuindo com a conservação da biodiversidade e aumentando a segurança dos motoristas.

Assessoria Especial de Comunicação
Ministério dos Transportes