Tomada Pública de Subsídios - Política de desafios tecnológicos para o setor de transmissão de energia elétrica.

Órgão: Ministério de Minas e Energia

Setor: MME - Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento

Status: Encerrada

Abertura: 15/08/2025

Encerramento: 26/09/2025

Contribuições Recebidas: 33

Resumo

Prazo para o envio das contribuições prorrogado até o dia 26/09/2025

Contexto
Esta iniciativa representa um esforço colaborativo entre diferentes pastas do executivo federal, com o objetivo de desenvolver ferramentas estratégicas para viabilizar uma transição energética segura, sustentável e alinhada a uma economia de baixo carbono, por meio de desafios tecnológicos associados à expansão do sistema de transmissão. Essas ações buscam utilizar as capacidades do Estado como motor para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e aprofundamento das cadeias de valor, por meio da promoção da inovação nos setores com maior potencial para liderar essa transformação.
Nesse contexto, o presente desafio foi concebido com o objetivo de direcionar o uso de instrumentos de inovação para fomentar o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis nacionais. Essa iniciativa está alinhada a outras iniciativas de governo, como o programa Nova Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica.
A proposta desta Tomada de Subsídios é convidar a sociedade civil a colaborar na identificação das principais características que deverão compor este desafio. A intenção é construir uma chamada pública estruturada, que permita ao Estado desempenhar um papel de indutor do desenvolvimento e do fortalecimento da cadeia de transmissão de energia elétrica, com identificação dos principais nichos e iniciativas que estejam com grau de maturidade elevado e próximos da aplicação, de modo que os resultados possam retroalimentar o planejamento energético, e esse desempenhe também o papel de estimular a aplicação de tecnologias maduras e com viabilidade econômica.
O desafio consiste em incorporar tecnologias inovadoras para melhorar o desempenho do sistema de transmissão no Brasil, ampliando sua capacidade, garantindo a confiabilidade do sistema, diminuindo a pegada de carbono, fortalecendo a cadeia produtiva local frente à expansão acelerada que se espera para os próximos anos e reduzindo as perdas na rede básica, que variam hoje entre 2% e 3% (apuradas em 2,3% em 2023, conforme o Relatório de Perdas de Energia Elétrica na Distribuição de 2024 da ANEEL). A chamada poderá mapear os principais gargalos, oportunidades e iniciativas existentes e como elas podem responder esses desafios tecnológicos, com detalhamento de eventuais parâmetros técnicos e/ou de custo que possam ser melhorados em relação às tecnologias existentes.


Fundamentação para construção do desafio
O Brasil possui cerca de 180 mil km de linhas de transmissão em operação, número que ultrapassará os 200 mil km em 2028. Essa malha é responsável por conectar diferentes regiões e garantir o fornecimento de energia elétrica em um dos maiores sistemas interligados do mundo. Contudo, as perdas na transmissão, que variam entre 2% e 3% da energia transmitida, o crescimento acelerado das fontes renováveis intermitentes, como a energia eólica e solar, e a futura conexão de cargas especiais e eletrointensivas, como produtoras de hidrogênio e data centers, impõem desafios significativos ao desempenho da infraestrutura existente. Essa realidade torna imprescindível a modernização e otimização da transmissão de energia, visando a maior eficiência, confiabilidade e sustentabilidade.
Portanto, o sistema de transmissão brasileiro enfrenta múltiplos desafios que demandam soluções tecnológicas inovadoras para garantir sua eficiência, confiabilidade e sustentabilidade futuras. Um desses desafios está relacionado ao volume de geração renovável que compõe a matriz elétrica brasileira, que representa mais de 84% da capacidade instalada. A integração dessas fontes variáveis impõe complexidades técnicas, especialmente em regiões como o Nordeste, que concentrou a maior parte da expansão das fontes limpas e intermitentes na última década. O ritmo acelerado dessa expansão cria oportunidades para otimizar o uso da infraestrutura existente, a fim de maximizar sua capacidade operativa. Nesse contexto, a ocorrência de cortes temporários na geração renovável (curtailment) durante períodos de alta geração e baixa demanda tornou-se um desafio relevante, com impactos financeiros estimados em R$ 1,8 bilhão entre 2023 e 2024. A implementação de tecnologias avançadas, seja para o sistema atualmente em operação, seja para o sistema de transmissão futuro, em planejamento, tem o potencial de mitigar esses eventos ao aumentar a flexibilidade operativa do sistema.
Outro desafio atual refere-se ao envelhecimento dos ativos de transmissão. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimou, nos estudos do Plano Decenal de Energia (PDE) 2034, a necessidade de investimentos da ordem de R$ 39 bilhões em ativos com vida útil regulatória superada, sendo 70% desses ativos até 2024 e os demais 30% entre 2025 e 2034. Essa estimativa indica que há um grande volume de ativos em final de vida útil regulatória. Este envelhecimento pode comprometer a confiabilidade, disponibilidade e segurança operacional do sistema, além de limitar a integração com sistemas modernos de monitoramento e controle. A revitalização da infraestrutura envelhecida, por meio de tecnologias inovadoras, pode proporcionar uma extensão significativa da vida útil desses ativos, otimizando investimentos e evitando substituições completas. A consideração de novas tecnologias pode, ainda, proporcionar ao planejador a oportunidade de substituição desses ativos por opções que façam uso dessas soluções inovadoras, com benefícios em relação à indicação de uma expansão tradicional.
A conexão de grandes cargas também representa um desafio para o setor de transmissão. Nos anos de 2024 e 2025 observou-se uma crescente demanda de acesso ao sistema, impulsionada por plantas de hidrogênio verde e grandes data centers. Os dados atualizados, sob a gestão do ministério, indicam um potencial de interesse dos consumidores compatível com uma inserção de mais de 13 GW relacionados a data centers até 2035 e de mais de 27 GW associados ao hidrogênio até 2038. Essa concentração geográfica de grandes demandas impõe desafios à capacidade de transmissão existente, criando pontos de congestionamento e potenciais restrições de fornecimento. A inserção de novas tecnologias pode auxiliar a viabilizar a conexão desses consumidores sem comprometer a estabilidade do sistema.
Os eventos climáticos extremos, que têm se tornado mais recorrentes, também colocam em evidência a necessidade de fortalecer a resiliência do sistema frente a essas condições. Tais eventos aumentam os riscos de falhas, aceleram a degradação dos ativos e elevam os custos de manutenção. Tecnologias que aumentem a resiliência da rede, como sistemas avançados de monitoramento climático integrados à operação, estruturas mais resistentes e soluções de rápida recuperação, serão úteis para o enfrentamento desse desafio.
Além disso, com a modernização do sistema de transmissão rumo a uma rede mais inteligente e interconectada, há uma maior exposição da infraestrutura a novos riscos cibernéticos. A adoção de tecnologias de proteção digital, dispositivos com capacidade de autodiagnóstico e sistemas resilientes de comunicação segura torna-se essencial para garantir a confiabilidade do sistema em um contexto de crescente digitalização.
Diante desse cenário complexo e multifacetado, o desafio propõe a busca por tecnologias nacionais que ampliem a capacidade operativa, reduzam perdas técnicas e promovam a segurança operacional do sistema de transmissão, ao mesmo tempo em que fortaleçam a cadeia produtiva local. As soluções viáveis devem focar na integração de novas tecnologias sistemas de transmissão, que proporcionem aumentando da confiabilidade e resiliência da infraestrutura existente e futura, enquanto minimizam impactos ambientais e econômicos.
A potencial redução das perdas, como um dos benefícios esperados, não apenas melhorará a eficiência energética, como também contribuirá para a diminuição da pegada de carbono associada ao transporte de energia. Da mesma maneira, benefícios são esperados a partir de soluções que aprimorem o ambiente operativo, reduzindo os efeitos de vertimento de energia renovável, mitigando os impactos do envelhecimento dos ativos, aumentando a resiliência frente às mudanças climáticas, fortalecendo a segurança digital e ampliando a capacidade de conexão de grandes cargas.
Além disso, este desafio busca alavancar as competências nacionais, incentivando a autonomia tecnológica por meio do fortalecimento da cadeia produtiva local, da geração de empregos e da nacionalização de soluções. Tais avanços podem consolidar o Brasil como referência global na aplicação de tecnologias inovadoras na transmissão de energia elétrica, garantindo maior competitividade e sustentabilidade do setor.
Essa fundamentação destaca a importância de integrar inovação tecnológica, eficiência energética e responsabilidade ambiental, promovendo um setor elétrico mais resiliente e alinhado às demandas de um mercado energético em rápida transformação.


Contribuições
A realização desta tomada pública de subsídios permitirá a ampla participação de diversos agentes interessados, proporcionando uma variedade de perspectivas e contribuições para o desenvolvimento de medidas eficazes sobre o tema. Esta iniciativa fortalecerá a legitimidade e a transparência do processo decisório, aumentando o apoio público às políticas e ações adotadas pelo governo.
Como resultado, busca-se direcionar as políticas de desenvolvimento tecnológico e o aprofundamento das cadeias de valor para amplificar os ganhos decorrentes da expansão da transmissão de energia elétrica contratada.


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Como contribuir
É necessário cadastrar e estar logado no portal Gov.br para inserir a contribuição.

  • As contribuições devem ser encaminhadas exclusivamente por meio da Plataforma Participa + Brasil, durante o prazo desta consulta.
  • As apresentações realizadas nos eventos que fundamentaram essa iniciativa, encontram-se divulgadas no site do MME, na página Tecnologia e Futuro da Transmissão.

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O que impede de ser feito isso hoje? Quais são os gargalos tecnológicos e regulatórios para implementar soluções inovadoras na infraestrutura atual?

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O que é necessário para viabilizar? Quais mudanças são necessárias na cadeia produtiva nacional para desenvolver e integrar essas tecnologias?

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A solução tem escala comercial? Que tecnologias nacionais já existem e possuem potencial de escalabilidade para atender ao setor de transmissão?

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Qual seria o ganho do nível de perda? Como a redução de perdas técnicas impactaria a eficiência energética e os custos operacionais?

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Quais seriam os impactos das tecnologias? Quais são os benefícios ambientais e econômicos associados à implementação das tecnologias sugeridas?

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Onde desenvolver o que precisa? Existem centros de pesquisa e inovação no Brasil que poderiam apoiar o desenvolvimento dessas soluções?

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Custos e benefícios esperados: Qual é o custo inicial e o tempo estimado para retorno sobre o investimento?

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Quais são as prioridades tecnológicas? Quais tecnologias deveriam ser priorizadas e quais critérios devem orientar essa escolha?

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Como capacitar mão de obra para essas inovações? Há necessidade de formação ou requalificação de profissionais para operar e manter as novas tecnologias?

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