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Alta concentração dos investimentos preocupa, diz Ricardo Pena em evento da APEP
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) participou, dia 9/10, do evento “Horizontes APEP: Navegando na volatilidade – estratégias de investimento em tempo de incertezas”, realizado pela Associação dos Fundos de Pensão e Patrocinadores do Setor Privado (APEP). O diretor-superintendente da PREVIC, Ricardo Pena, disse que há uma preocupação de riscos com a alta concentração dos investimentos dos fundos de pensão. E, também, com a necessidade de que as entidades aprimorem a comunicação com os participantes.
Ao falar sobre a concentração dos investimentos, Ricardo Pena, disse que para alguns planos faz sentido. “Um plano BD fechado, com duration encurtada, tem uma demanda por liquidez. Já para os planos de contribuição definida e de contribuição variável, com prazos de obrigações atuariais mais longas, ter a diversificação, mesmo em patamares pequenos, faz mais sentido, sobretudo com o horizonte de portfólio, e tendo a condição de reinvestimento. Isso tem de estar no radar do gestor da EFPC que toma decisões dos recursos previdenciários de terceiros”, explicou.
Ricardo Pena acredita que o termo “imunização de carteira” é muito forte e não reflete o mundo real. “O que existe, na verdade, é uma tentativa de minimizar o risco de fluxo de caixa, realizando uma otimização para cobrir a necessidade de pagamentos. Mas a conjuntura é dinâmica, o ano que vem, por exemplo, com as eleições, de alguma forma poderá ocorrer uma reprecificação dos preços dos ativos financeiros e isso vai trazer desafios também para o gestor de plano de previdência”, alertou. “No regime de capitalização financeira, faz todo sentido a diversificação. Nós não podemos deixar de aproveitar esse conceito básico de finanças e, talvez, alguns gestores estejam desaprendendo a diversificar. Mas quem faz gestão de portfólios sabe que no longo prazo a diversificação se traduz em melhor desempenho para o plano e seus participantes”, completou.
Consulta pública
Ao falar sobre a atualização da Resolução PREVIC 23/2023, que está em consulta pública até o dia seis de novembro, Ricardo Pena destacou a preocupação com a comunicação dirigida aos participantes e assistidos pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar, inclusive comunicação sobre investimentos. “A gente vê uma linguagem hermética e sofisticada”, sem levar em conta que o participante pode ser de diversas categorias de trabalhadores e “a linguagem de finanças não é simples”, resumiu. Ele disse que “comunicar não é o que eu quero falar, mas o que eu preciso falar e o participante precisa entender”, definiu.
Na atualização da Resolução 23, o texto apresentado pela PREVIC recomenda que as EFPC estabeleçam uma política de comunicação e de atendimento aos participantes. Que adote linguagem simples na sua comunicação e estabeleça canais de atendimento, tendo a obrigação de nomear um diretor responsável pela comunicação e pelo atendimento. “O gestor precisa ter a coragem para dizer: não performamos esse ano, mas nós temos um horizonte, se você olhar para trás, a nossa performance foi boa, faz parte do negócio, essa flutuação”, completou Ricardo Pena.
O diretor-presidente da APEP, Herbert de Souza, citando o livro Investidor Inteligente, falou que “a diversificação é a única proteção gratuita contra erros graves”. Ele disse que a APEP vai contribuir com a consulta pública para atualização da Resolução PREVIC 23/2023. E enalteceu a disposição da autarquia para “construir soluções em conjunto, respeitando a diversidade dos modelos de governança que existem”.