Professor orienta sobre riscos de AVC

Juiz de Fora (MG) – O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é o interrompimento do fluxo sanguíneo que percorre as veias do cérebro, podendo ser causado por coágulo ou rompimento de vasos de sangue na região do cérebro. Segundo a Sociedade Brasileira de AVC, uma pesquisa do Portal da Transparência do Centro de Registro Civil aponta que, de janeiro a agosto de 2024, mais de 50 mil brasileiros tinham morrido em decorrência desse acidente neurológico. Em todo 2023, foram 112.052 óbitos. O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), oferece tratamento intensivo e ambulatorial em especialidades de neurologia (veja abaixo).

De acordo com o médico e professor de Medicina da UFJF e chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário da UFJF/Ebserh, Leopoldo Antônio Pires, os AVCs, também conhecidos como derrames ou tromboses, na maioria dos casos são de instalação aguda (súbita), mas podem ocorrer durante alguns minutos. 

Há dois tipos de AVC. O primeiro é o isquêmico, quando há o entupimento das artérias do sangue na região do cérebro. O segundo tipo, hemorrágico, é caracterizado por uma ruptura de vaso sanguíneo. “Pode ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças, mas é mais comum após os 50 anos, devido à incidência maior de hipertensão arterial, diabetes, aumento do colesterol, doenças cardíacas, tabagismo, sedentarismo, entre outros”, explica.

Fatores de risco e prevenção

O médico também aponta que fatores como obesidade, sedentarismo, tabagismo, uso de drogas e determinados contraceptivos orais também podem contribuir para o comprometimento de pessoas mais jovens.

“As etiologias ou causas variam com as faixas etárias e até com fatores geográficos, como, por exemplo, no Norte de Minas e da Bahia, temos que pensar na Doença de Chagas. Da mesma forma, os sintomas variam de acordo com a região cerebral comprometida, podendo haver déficits motores, sensitivos, visuais e comprometimento da fala e da consciência.”

A prevenção pode ser realizada por diversos meios, como adoção de um estilo de vida que não envolva o consumo de álcool, cigarro e drogas ilícitas. Além disso, é recomendada alimentação saudável, ingestão de bastante água, controle do peso, prática de exercícios físicos e manutenção da pressão arterial e glicose.

Acidente motivou ex-aluno a escrever livro

Ex-aluno de Administração Pública da UFJF, André Azevedo, de 43 anos, lançou o seu primeiro livro, “Metamorfose da Mente – vivendo com a síndrome do encarceramento pós AVC”, em dezembro de 2024. Na obra, retrata características da síndrome, bem como os desafios e os dilemas da maior sequela com que convive após o acidente que atingiu o tronco encefálico, a tetraplegia.

O tronco encefálico é responsável por controlar funções fundamentais no corpo humano, como respiração, deglutição e equilíbrio. Com o AVC, tais funções podem ser comprometidas.

O acidente com André aconteceu, em 2016, quando tinha 34 anos, deixando-o com o corpo totalmente paralisado, incluindo perda da fala. Desde então, começou a tomar gosto pela escrita e, a partir do uso de um rastreador ocular, capaz de captar os movimentos dos olhos, André começou a escrever alguns textos. Deu início assim à sua jornada para lançar “Metamorfose”.

“Em 2021, logo após adquirir o rastreador ocular, criei o hábito de escrever vários textos e compartilhar entre familiares e amigos. Meu pai teve a vontade de imprimir e guardar os textos em uma pasta. Dentre os inúmeros textos, escrevi as obras Hospital da Morte I e II.”

De acordo com o médico e professor Leopoldo Pires, o caso do André é extremamente raro, devido ao comprometimento de uma região bastante específica do tronco cerebral, em que o paciente perde todos os movimentos corporais, preservando apenas o ocular e mantendo a consciência plena.

“Daí a denominação de síndrome do encarceramento. Sobre as sequelas causadas pelo AVC, cabe ressaltar a importância da reabilitação e das equipes multiprofissionais, como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outras, e o apoio institucional”, ressalta o professor.

Comunicação assistiva

O programa usado por André para se comunicar através da escrita advém de uma tecnologia sueca desenvolvida para a comunicação alternativa. “O software é um pequeno aparelho acoplado ao notebook que capta o movimento dos olhos, permitindo o uso das funcionalidades do computador. Basta somente ligar o computador e começar a usá-lo através desse rastreador.”

Em “Metamorfose da Mente”, Azevedo traz reflexões sobre formas de controle da mente, terapias inovadoras e tecnologias que podem ser fundamentais no auxílio a pessoas com tetraplegia e outras deficiências, possibilitando nova qualidade de vida. “Motivação e perseverança, traduzidas em resiliência, mostram que o AVC não é o fim, é apenas o recomeço.” 

O livro, lançado pela Editora Perensin, pode ser adquirido através do telefone do próprio autor: (32) 99163-2720 ou por meio do site da Amazon.

Atendimento no Hospital Universitário

O HU atende pacientes vítimas de AVC e oferece outros serviços de neurologia.  A equipe realiza atendimentos tanto na fase aguda, em regime de internação hospitalar, a partir de encaminhamentos pela rede do Sistema Único de Saúde, como também em regime de consultas ambulatoriais, também previamente referenciadas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou outros equipamentos de saúde pública. 

Entre as especializações ambulatoriais de neurologia, o HU atende nas áreas neurovascular, de cefaleias, neurologia geral, distúrbios de movimento e doenças neuromusculares. 

Outras informações:

@Metamorfosedamente
@andreaz_caa

UFJF