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Dia das Mães
Centro de Reprodução Humana do HC-UFG oferece tratamento para casais que sonham com a maternidade
O sonho de se tornarem mães sempre esteve nos planos do casal Elizabete dos Santos Pereira, 34, e Kamilla Jéssica Queiroz Faria, 31. “Foi algo muito sonhado por nós duas e há tempos já tínhamos esse sonho, então a nossa expectativa é muito grande de sermos mãe do Theo”, conta Elizabete Pereira, que está grávida de 5 meses e duas semanas. “A ansiedade é muito grande para vermos o rostinho dele. Antes mesmo dele vir, a gente já havia escolhido o nome, já sonhávamos com tudo. Então, já sabíamos que um dia esse sonho iria se realizar”, relata.
Elizabete e Kamilla foram atendidas no Centro de Reprodução Humana em 2021 e conseguiram engravidar após uma inseminação intrauterina feita em 13 de dezembro do ano passado. Assim como este casal, outras centenas já passaram pelo Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da UFG, vinculado à Rede Ebserh/MEC.
Fundado em 1989, o serviço é um programa de extensão ofertado pela UFG à comunidade geral para o tratamento de casais de baixa renda que possuem alguma causa de infertilidade e desejam engravidar. O serviço começou a funcionar ainda em 1986, como laboratório experimental, por meio de um biotério, onde eram realizadas experiências com animais. Após sua inauguração, o Laboratório de Reprodução Humana funcionou durante dez anos como laboratório experimental e como ambulatório, ofertando serviços de baixa complexidade, como inseminação artificial e coito programado, e iniciou suas atividades de ensino e pesquisa, por meio da oferta de um Programa de Mestrado.
O serviço é o único na Região Centro-Oeste ofertado por uma Universidade, segundo o chefe do Centro de Reprodução, o ginecologista e obstetra Mário Approbato. "A população dispõe de um serviço altamente especializado, composto por um corpo clínico qualificado, formado por mestres e doutores, dentre médicos, enfermeiros, biomédicos, psicólogos, técnicos de enfermagem e residentes. O Centro de Reprodução oferece diversos serviços, como ICSI (Injeção intracitoplasmática de espermatozoides), inseminação com sêmen doador, microcirurgia de trompas, fertilização in vitro, coito programado, entre outros", explica.
O Centro de Reprodução Humana está localizado no prédio da Unidade de Pesquisa Clínica do HC-UFG, em um espaço com uma estrutura física moderna e com equipamentos de última geração, como ultrassons, utilizados na monitorização e coleta, uma incubadora Time Lapse, adquirida em 2019, para o acompanhamento do desenvolvimento embrionário, por meio de fotos sequenciais do embrião. E, recentemente, foi adquirida uma Workstation (estação de trabalho), equipamento que mantém condições semelhantes à do útero, como controle da temperatura, da pressão e filtragem do ar, garantindo um ambiente seguro para o desenvolvimento embrionário.
Principais causas de infertilidade
Residente do Programa de Mestrado em Reprodução Assistida do Centro de Reprodução do HC-UFG, Arsele Yvan Tcheuffa diz que a infertilidade é um problema do casal, e não somente da mulher. “A infertilidade masculina ocorre em 30% dos casos e, nos outros 30%, a infertilidade está na mulher. Em 30% dos casos, a infertilidade pode ocorrer tanto no homem como na mulher”.
Entre as causas de infertilidade nas mulheres, Arsele Tcheuffa cita o fator tubário (trompas obstruídas), fator ovulatório (quando a mulher não consegue ovular normalmente), fator anatômico (miomas ou pólipos dentro do útero) e, principalmente, a idade. “O fator idade é a principal causa de infertilidade nas mulheres. Aqui vemos mulheres que não têm problemas nas trompas, que ainda menstruam, mas não conseguem engravidar quando elas querem engravidar. Aí quando vamos ver, o que impede delas engravidarem é o fator idade. Pois, após certa idade, a qualidade e a quantidade de folículos diminui bastante na mulher”, alerta Tcheuffa.
Segundo ele, a idade ideal para a mulher engravidar é dos 20 aos 25 anos. A partir dos 35 anos de idade, começa a diminuir bastante a qualidade e quantidade dos óvulos. “A partir dos 38 anos de idade, mesmo que a gente consiga coletar o óvulo da mulher e fazer a fertilização, as chances desse embrião se implantar no útero caem muito”, explica. Por isso, para a primeira consulta no Centro de Reprodução Humana do HC, a mulher deve ter até 38 anos de idade.
Nos homens, a principal causa de infertilidade está na baixa qualidade e quantidade dos espermatozoides. Segundo Tcheuffa, na maioria das vezes, isso ocorre devido à varicocele, “que é quando uma variz, que fica sobre o testículo, se enche de sangue e então o suprimento de sangue nos testículos não é mais adequado, destruindo os espermatozoides”.
Em outros casos, a infertilidade deve-se à traumas nos testículos, como acidentes com moto ou acidentes esportivos, ou até mesmo devido ao tipo de trabalho do homem (quando a região dos testículos fica em contato com equipamentos que liberam muito calor, como motores). Há ainda os casos congênitos, como a criptorquidia, que ocorre quando o homem nasce com um ou ambos os testículos fora da bolsa escrotal e, durante a sua juventude, os espermatozoides acabam não sobrevivendo.
Tcheuffa alerta para o uso exagerado de medicamentos, como os esteroides, por homens que fazem academias. “Esses medicamentos contém a testosterona, que acaba matando os espermatozoides. Esse é um problema sério, pois tem ocorrido com bastante frequência entre os homens”, afirma. E ainda existem os casos de infertilidade sem causa aparente. “Por isso, um Centro como esse é tão importante, pois aqui desenvolvemos pesquisas e estudos em busca do conhecimento dessas causas”.
Sonho de muitos casais
O Centro de Reprodução Humana do HC-UFG recebe, diariamente, vários casais em busca do sonho de se tornarem mães e pais. Nayara Cristina da Silva Sousa, 33 anos, trabalha como babá e reside na cidade de Inhumas, no interior do estado de Goiás. Eles já fizeram todos os exames e ela está tomando as medicações. Ela e o marido estiveram no dia 04 de maio no Centro de Reprodução Humana do HC-UFG para fazer a inseminação. “Eu sempre tive o sonho de ser mãe, então a gente está com uma expectativa muito grande de dar certo. Eu sou cristã e tenho muita fé em Deus. Então, se for da vontade de Deus, vai dar certo”.
Karina Manso Oliveira, 30 anos, e Everton Francelino Ribeiro, 37 anos, tentaram durante 12 anos engravidar naturalmente. Em 2016, tentaram fazer uma fertilização in vitro, mas sem sucesso. Agora foram chamados para o tratamento no Centro de Reprodução Humana do HC e já estão na fase de coleta de óvulos e espermatozoides. Karina Oliveira está muito esperançosa e confiante com o resultado. “Eu sou babá, então isso só aumentou ainda mais meu sonho de ser mãe”, afirma. Após a coleta, o casal passará por uma FIV (Fertilização in Vitro) para, então, o embrião ser transferido para o útero da mãe.
Outra mulher que sonha em se tornar mãe é Fabiane Dias da Silva, 38 anos. Ela é enfermeira e residente da cidade de Montevidiu, no interior do estado de Goiás. Ela e o marido, Gil Borges, 39 anos, iniciaram o tratamento no Centro de Reprodução Humana do HC em fevereiro de 2022 e já passaram pela sexta ultrassonografia. “Estamos na torcida para que dê tudo certo. Estamos tentando controlar a ansiedade, pois ela também pode atrapalhar”, diz.