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G20 Social: Brasil guia nova agenda mundial contra a fome

O Brasil propõe a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, debatida no G20 Social, para unir países na produção sustentável de alimentos, combater desigualdades e erradicar a fome global.

15/11/2024 15:13 - Modificado há um ano
Com foco em debates voltados para questões sociais, de desenvolvimento sustentável e inclusivo, o G20 Social antecede a Cúpula de Líderes do G20. Foto: Roberta Sousa / MDS
Com foco em debates voltados para questões sociais, de desenvolvimento sustentável e inclusivo, o G20 Social antecede a Cúpula de Líderes do G20. Foto: Roberta Sousa / MDS
Por Leandro Molina/Site G20 Brasil

Uma das principais pautas em debate no Território do G20 Social, no Rio de Janeiro, trata da Aliança Global proposta pelo Brasil para combater a fome e a pobreza. A Aliança é fundamentada no princípio de que nenhum país pode combater a fome isoladamente. A iniciativa brasileira, que será lançada na Cúpula de Líderes, busca unir nações desenvolvidas e em desenvolvimento em ações coordenadas que englobam desde a ampliação da produção de alimentos saudáveis até o apoio à agricultura familiar e sustentável. 

Para Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a urgência é evidente. Ele citou dados do relatório sobre o estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo (SOFI) de 2024, que revelou que 733 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2023, representando uma em cada 11 pessoas globalmente. A África continua como a região mais afetada, com 20,4% da população enfrentando a fome, enquanto a Ásia concentra mais da metade dos casos globais.  

O ministro destacou que no Brasil a fome apresentou redução no triênio 2021-2023, passando de 32,8% para 18,4% da população em insegurança alimentar moderada ou grave. Com esses avanços, o governo prevê que o país sairá do Mapa da Fome entre 2023 e 2026. “Quem tem fome tem pressa. Contem com o Brasil para liderar esse esforço conjunto. Não queremos ser campeões sozinhos, mas trabalhar em parceria com outros países para reduzir a pobreza global,” afirmou.  

Ibrahima Coulibaly, presidente da Organização Pan-Africana de Agricultores, destacou a importância de apoiar a agricultura familiar e fortalecer políticas públicas nos países em desenvolvimento. “O mundo não carece de recursos financeiros, mas de uma distribuição justa. O Brasil serve de inspiração com sua liderança,” pontuou Coulibaly. 

Boletim G20 Ed. 264 - G20 Social: Brasil guia nova agenda mundial contra a fome

15 de novembro de 2024
Leia maissobreBoletim G20 Ed. 264 - G20 Social: Brasil guia nova agenda mundial contra a fome

Entre os participantes é consenso que a iniciativa da Aliança Global pretende não apenas mitigar os impactos imediatos da fome, mas também atuar em frentes estruturais, como a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento da segurança alimentar global, abordando questões como a crise do clima, que intensifica os desafios de produção de alimentos. A atividade, que lotou um dos armazéns do Território do G20 Social, contou com a participação de autoridades, representantes da sociedade civil e movimentos sociais, que destacaram o papel central das políticas públicas e do engajamento social para enfrentar a fome e a pobreza. 

Panorama mundial incentiva esforços conjuntos para erradicar a fome

Nosipho Nausca-Jean Jezile, representante da África do Sul junto à FAO, trouxe à tona estatísticas alarmantes: uma em cada nove pessoas no mundo passa fome, e um quarto da população faminta está na África. Ela ressaltou que a presidência brasileira do G20 foi crucial para promover uma resposta global. “A fome é uma questão de direitos humanos. A Aliança Global proposta pelo Brasil é um começo promissor, mas precisamos garantir que todos os continentes estejam engajados,” observou. 

Ela acrescentou que, quando falamos de insegurança alimentar, é preciso identificar os caminhos para a produção de alimentos. “Um ponto principal é como vamos continuar sendo inclusivos e como a sociedade em geral terá voz nesses planos de combate à fome”, questionou, ao defender a participação popular nas decisões políticas dos países.

Ibrahima Coulibaly, presidente da Organização Pan-Africana de Agricultores, destacou a importância de apoiar a agricultura familiar e fortalecer políticas públicas nos países em desenvolvimento. “O mundo não carece de recursos financeiros, mas de uma distribuição justa. O Brasil serve de inspiração com sua liderança,” pontuou Coulibaly.  

Adriana Correia, representante de cozinhas solidárias no Rio Grande do Sul, apontou a urgência de reconhecer essas iniciativas como essenciais no combate à fome. “Desde a pandemia, as cozinhas solidárias alimentaram milhares de pessoas, e continuam sendo um pilar contra a fome. Precisamos de apoio permanente para sustentar esse trabalho, e dependemos da ajuda de movimentos sociais. Queremos que as cozinhas solidárias sejam vistas como resistência, que sejam política de Estado, e não somente medidas temporárias”, avalia.  

Além disso, dentro dos debates houve consenso sobre o papel vital das mulheres na produção de alimentos e na erradicação da fome, um ponto amplamente abordado pelo governo brasileiro e representantes da sociedade civil. Daniéria Silva Carolina, assentada da reforma agrária no Vale da Vitória, em São Mateus (ES), participou do G20 Social defendendo a importância da agroecologia e da produção de alimentos saudáveis. "É uma bandeira de luta nossa, está nas nossas pautas e é o que a gente defende e acredita", afirmou a camponesa.  

Para Daniéria, o debate sobre a produção de alimentos saudáveis é essencial, especialmente no contexto da Aliança Global contra a Fome proposta pelo Brasil. Ela ressaltou que essa proposta está diretamente ligada ao incentivo governamental por meio de políticas públicas que fortaleçam programas de combate à fome e desigualdades sociais. "É muito importante que o governo apoie a produção de alimentos saudáveis. Defendemos essa pauta porque acreditamos que é possível aumentar a produção e colaborar de forma decisiva no combate à fome", destacou.

As discussões e propostas dos movimentos populares serão encaminhadas à plenária de líderes do G20 e, posteriormente, implementadas em conjunto com a ONU. O Brasil pretende liderar a execução da Aliança Global contra a Fome, promovendo a produção de alimentos saudáveis, o fortalecimento da agricultura familiar e a inclusão social, com ênfase em políticas de gênero e combate às desigualdades climáticas.  

Com o apoio internacional conquistado no G20, o governo brasileiro reafirma sua ambição de erradicar a fome não apenas em território nacional, mas em escala global.

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