Área de Delegados
BIOECONOMIA

G20 discute bioeconomia como fundamental para a redução das desigualdades e da pobreza

A proposta brasileira de explorar a biodiversidade para impulsionar a economia e combater a pobreza ganha apoio no G20 como fundamental para promover a segurança climática e alimentar. Comunidades e povos tradicionais também têm suas perspectivas integradas nas discussões entre as maiores economias do mundo.

19/06/2024 15:01 - Modificado há um ano
Perspectivas dos povos originários dos países-membros do G20 também estão sendo consideradas na construção dos princípios de alto nível sobre bioeconomia | Foto: Gettyimages

A presidência brasileira tem avançado na elaboração dos princípios de alto nível sobre bioeconomia junto aos países-membros do G20. A proposta de impulsionar a exploração econômica da biodiversidade para a redução da pobreza e das desigualdades conquistou o apoio dos representantes internacionais do fórum, que estiveram reunidos nesta semana em Manaus, na capital do Amazonas. 

“A bioeconomia é exatamente a conexão entre a nossa enorme potência natural e as pessoas que dependem desta deste ambiente no seu processo de desenvolvimento e de geração de emprego. Como nós vamos transitar para uma economia onde a floresta gera resultados concretos para a sociedade amazônica, por exemplo. Essa questão é um debate importantíssimo no G20, pois permite aprimorar conceitos e incluir no debate internacional de forma mais consistente e mais acordada entre países”, destacou o embaixador André Corrêa do Lago, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores brasileiro. 

João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente do Brasil (MMA), reforçou que o consenso do G20 sobre os princípios para a bioeconomia será valioso para as negociações sobre meio ambiente, sustentabilidade e enfrentamento à crise climática nos próximos anos, com destaque para a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), a ser realizada no Brasil em 2025. “Estamos muito animados, otimistas, com esse trabalho. Nossa equipe está muito mobilizada nesse esforço conjunto”, disse. 

O papel estratégico da bioeconomia para a segurança alimentar, climática e transição energética global também foi destacado por Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), pontuando que a experiência doméstica do Brasil é que orienta as prioridades no G20 sobre o tema. 

Além do Brasil, com significativa participação de povos e comunidades tradicionais, Austrália e Canadá apresentaram contribuições importantes para que as perspectivas desses grupos estejam compreendidas nos princípios em construção pelo G20. O objetivo é reconhecer os conhecimentos tradicionais e considerá-los como ciência, superando a noção de superioridade dos países desenvolvidos sobre o tema.

“A bioeconomia é um instrumento fundamental seja na diversificação de alimentos para o mundo todo, seja na produção de bioinsumos para uma agricultura mais amigável com o solo e com as águas, seja para a produção de biomassa em biocombustíveis, bio-manufaturas de alto valor agregado e extremamente importante para a segurança climática. Traz a reflexão de uma nova forma de cooperação entre os diversos países do mundo, quebrando barreiras e preconceitos contra, por exemplo, os biocombustíveis brasileiros”, pontuou.

Embaixador Corrêa do Lago, João Capobianco, do MMA, e Rodrigo Rollemberg, do MDIC, durante coletiva de imprensa de encerramento da reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20, nesta quarta-feira, 19/6, em Manaus | Foto: Audiovisual G20
Embaixador Corrêa do Lago, João Capobianco, do MMA, e Rodrigo Rollemberg, do MDIC, durante coletiva de imprensa de encerramento da reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20, nesta quarta-feira, 19/6, em Manaus | Foto: Audiovisual G20

Perspectivas das comunidades tradicionais 

Além do Brasil, com significativa participação de povos e comunidades tradicionais, Austrália e Canadá apresentaram contribuições importantes para que as perspectivas desses grupos estejam compreendidas nos princípios em construção pelo G20. O objetivo é  reconhecer os conhecimentos tradicionais e considerá-los como ciência, superando a noção de superioridade dos países desenvolvidos sobre o tema.

“Tem sido extremamente interessante, inclusive na discussão de ontem, o quanto cada um dos países hoje está atribuindo uma importância muito maior aos seus povos originários, que jamais teriam”, destacou Corrêa do Lago. 

Capobianco resgatou que o governo brasileiro tem atuado em escuta com os povos e comunidades tradicionais, em especial indígenas, em temas-chave para as medidas de preservação do meio ambiente e transição ecológica em andamento no país e que são levados para os debates com os países-membros do fórum. “A estratégia do Brasil e o posicionamento do Brasil vai além do G20 é um espaço de discussão. O esforço é feito nacionalmente. Há participação dos movimentos tanto na definição,como na construção de estratégias que nós temos em nossas vastas regiões e que surpreendem o mundo”, concluiu.

Veja também

Carregando