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El Niño é tema de encontro na Sudene
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) promove, nesta sexta-feira (20/11), o Encontro de Clima: El Niño no Nordeste brasileiro, impactos e ações para o enfrentamento. O evento irá reunir representantes de ministérios, secretários de estados e entidades da sociedade civil para debater e definir ações que minimizem o impacto do fenômeno climático em toda a área de atuação da Sudene, especialmente, na região do semiárido. “É urgente agir. A situação é muito crítica em algumas localidades. Hoje, existem 915 municípios, dentro do perímetro do semiárido, em situação de emergência ou calamidade pública decretada em razão da seca”, pontuou o superintendente João Paulo Lima e Silva. Desses, 121 estão em Pernambuco.
O objetivo do encontro é promover o debate sobre o tema, unir forças e consolidar articulações para atuar na região. “Queremos que a Sudene volte a exercer um papel fundamental para a melhoria de vida desse povo. Combater a miséria e o sofrimento do nordestino, e ao mesmo tempo promover o desenvolvimento, precisa ser a ação principal da Sudene”, afirmou João Paulo. “E nesse momento amenizar a crise hídrica significa defender vidas”. Visando priorizar ações para que a autarquia volte a cumprir um papel voltado para soluções e articulação de políticas para o Semiárido, o superintendente criou o Grupo de Trabalho Semiárido Sudene, que estará dedicado exclusivamente para a estruturação de estratégia e definição de prioridades a serem adotadas pela autarquia nessa área.
A palestra de abertura do Encontro de Clima será proferida pelo professor doutor Paulo Nobre. Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Coordenador da Rede Brasileira em Mudanças Climáticas Globais, Nobre é um dos estudiosos mais renomados sobre o tema do El Niño. Famoso por fazer conexões do aquecimento da terra e a estiagem com o dia a dia das pessoas, Paulo defende que a forma como pensamos e agimos afeta diretamente na condição terrestre. “O aquecimento não se trata somente da quantidade de carbono que colocamos na atmosfera. Se trata também de quantas crianças estão indo para as escolas, se trata da qualidade da água que bebemos. Se trata da violência das ruas, do incomodo de pegar um ônibus abarrotado de gente. Não é uma coisa distante da nossas vidas”, pontua.
O evento acontece durante todo o dia e começa às 8h30, na sede da Sudene, no Recife.
SEMIÁRIDO – O delineamento físico do semiárido possui uma área de 980.133 km², que abrange oito dos nove estados do Nordeste – com a exceção do Maranhão – e parte de Minas Gerais. Atualmente, a região contabiliza 1.135 municípios. O Ministério da Integração Nacional está em fase de conclusão de um estudo que irá definir a nova delimitação do semiárido brasileiro, incluindo outros municípios. O novo perímetro deve entrar em vigência em 2016.
Os critérios de seleção dos municípios que integram esta região levam em consideração três parâmetros para a classificação: precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros, índice de aridez de até 0,5 e risco de seca maior que 60%.
Segundo dados levantados pelo Censo 2010, vivem cerca de 22,5 milhões de pessoas. Número que corresponde a 11,85% da população brasileira e 42,57% da população nordestina, que é de 46,9 milhões.
O semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Segundo dados do Ministério da Integração Nacional, mais da metade da população pobre do país, cerca de 58%, está concentrada nessa região.