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Afuá: Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia financia curso de produção artesanal do Açaí Tinto
Com financiamento da Sudam, aconteceu no município de Afuá, no Pará, de 6 a 8 de outubro, o curso de produção artesanal do Açaí Tinto, nova aposta da bioeconomia amazônica. A capacitação, que integra ciência, tradição e sustentabilidade, foi aplicada pela Embrapa Amapá, em parceria com o empreendimento Flor da Samaúma, no Centro Comunitário Lagostão.
Publicado em
23/10/2025 16h32
Atualizado em
23/10/2025 16h33
Com financiamento da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), aconteceu no município de Afuá, no Pará, de 6 a 8 de outubro, o curso de produção artesanal do Açaí Tinto, nova aposta da bioeconomia amazônica. A capacitação, que integra ciência, tradição e sustentabilidade, foi aplicada pela Embrapa Amapá, em parceria com o empreendimento Flor da Samaúma, no Centro Comunitário Lagostão, com a participação de extrativistas, empreendedores locais e representantes de instituições públicas.
Os participantes tiveram a oportunidade de aprender de forma prática o processo completo de fabricação do fermentado de açaí, uma bebida artesanal que vem se destacando por seu potencial de geração de emprego e renda e por contribuir para o fortalecimento da bioeconomia regional.
Eles aprenderam todas as etapas de transformar a polpa do açaí em um fermentado de coloração intensa e sabor marcante. A primeira fase do curso incluiu o preparo e a distribuição dos insumos, as etapas de fermentação e orientações sobre o armazenamento correto do mosto, que seguirá fermentando nas próximas semanas.
O diretor de Promoção do Desenvolvimento Sustentável (DPROS), da Sudam, Aharon Alcolumbre, ressaltou o papel estratégico do investimento: “A Sudam investe em todas as cadeias produtivas da Amazônia, especialmente no açaí. Além de apoiar a produção, buscamos agregar valor ao produto, com iniciativas como o vinho, o café e o carvão de açaí, produtos que fazem a diferença e o Amapá é precursor desse desenvolvimento”, afirmou.
A etapa final, prevista para o fim de outubro, incluirá as fases de filtragem, envase e degustação do Açaí Tinto. “Cada participante recebeu um kit com os insumos necessários para iniciar a produção do seu primeiro Açaí Tinto. Daqui a 21 dias voltaremos ao município para realizar a filtragem, separação e engarrafamento. Certamente, esses participantes estarão aptos a produzir fermentados. Isso representa um grande avanço”, explicou Antônio Cláudio, pesquisador da Embrapa Amapá.
Pioneiro nas pesquisas sobre o fermentado de Açaí Tinto e CEO do empreendimento Flor da Samaúma, João Alberto Capiberibe destacou a importância de democratizar o acesso ao conhecimento tecnológico entre as comunidades amazônicas: “Nosso objetivo é proporcionar ao maior número de pessoas o domínio das técnicas de fermentação do Açaí Tinto, permitindo que obtenham um produto de qualidade e se apropriem integralmente da cadeia de valor, fundamental para o desenvolvimento local sustentável e para a manutenção da floresta em pé”, destacou Capiberibe.
Bioeconomia
O curso é um passo na consolidação de um novo modelo de desenvolvimento sustentável na região. A produção artesanal de Açaí Tinto surge como alternativa econômica para comunidades ribeirinhas, ao permitir o aproveitamento de frutos fora do padrão comercial e fortalecer a bioeconomia amazônica, integrando conhecimento científico e saber tradicional.
“O Açaí Tinto é um produto com grande potencial para o desenvolvimento da bioeconomia e pode servir de referência para a valorização de outros frutos amazônicos de alta importância socioeconômica”, afirmou Jô de Farias, chefe-geral da Embrapa Amapá.
Os idealizadores da Flor da Samaúma, João e Janete Capiberibe, ministraram o curso e compartilharam com os participantes a trajetória do produto e sua visão de futuro: “O açaí já conquistou o mundo. Agora, com o Açaí Tinto, abrimos um novo mercado para a Amazônia. É um produto nobre, de identidade regional, que pode gerar renda e oportunidades para quem vive na floresta. E tudo isso sem desmatá-la, mantendo-a em pé”, destacou João Capiberibe.
Como tudo começou
A ideia do Açaí Tinto surgiu em Macapá (AP), com pesquisas de João Alberto e Janete Capiberibe. As análises iniciais conduzidas pela Embrapa Agroindustrial do Ceará identificaram que o fermentado de açaí apresenta coloração vermelho-arroxeada intensa, teor alcoólico equilibrado e acidez comparável a dos vinhos tintos tradicionais.
Desenvolveu-se uma tecnologia acessível e adaptada à realidade das comunidades amazônicas, especialmente as ribeirinhas, com potencial de expansão para mercados nacional e internacional.
A terceira oficina, realizada em Afuá, dá continuidade ao processo de transferência de conhecimento para a base da cadeia produtiva do açaí, capacitando famílias extrativistas a produzir uma bebida segura, de qualidade e de alto valor agregado. O Açaí Tinto consolida-se, assim, como símbolo do novo ciclo da bioeconomia amazônica, fermentado com ciência, tradição e o talento do povo da floresta.