Brasil fortalece integração com sudeste asiático em visita oficial do presidente da Indonésia

O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, realiza visita oficial a Brasília no dia 9 de julho. Esta será a primeira reunião entre o chefe de Estado e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a segunda visita de Prabowo ao Brasil — ele participou da Cúpula do G20, em novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

Há um espaço enorme para a diversificação e ampliação das nossas exportações para a Indonésia. Isso inclui bens alimentícios, em particular carne bovina e aves, e indústria de defesa e aeronaves"

Embaixadora Susan Kleebank, secretária de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores

Estão previstas uma cerimônia oficial no Palácio do Planalto, reunião bilateral com Lula e declaração conjunta à imprensa. O encontro reforça o interesse mútuo em estreitar laços entre os países, que mantêm parceria estratégica desde 2008, e um passo na prioridade conferida à Ásia na política externa brasileira.

Durante a visita, os presidentes pretendem aprofundar o diálogo em áreas como segurança alimentar, energia renovável, bioenergia, defesa e educação, além de temas da agenda multilateral, como a proteção das florestas, a crise climática, a reforma da governança global e a busca pela paz no Oriente Médio.

"Há um espaço enorme para a diversificação e ampliação das nossas exportações para a Indonésia. Isso inclui bens alimentícios, em particular carne bovina e aves, e indústria de defesa e aeronaves", pontuou a embaixadora Susan Kleebank, secretária de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, 4 de julho.

SUL GLOBAL — Brasil e Indonésia são duas das principais lideranças do Sul Global, com sociedades plurais, grandes mercados internos e visões convergentes em fóruns multilaterais. A Indonésia é a terceira maior democracia do mundo, o quarto país mais populoso, com 280 milhões de habitantes, e a maior economia da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), bloco com o qual o Brasil mantém diálogo setorial.

COP30 - A cooperação com a Indonésia é estratégica também na preparação para a COP30, sobretudo na agenda de proteção florestal. Os dois países integram o grupo “Unidos por Nossas Florestas” e o Comitê Diretor do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

FLUXO COMERCIAL — Em 2024, o comércio bilateral alcançou US$ 6,34 bilhões. As exportações brasileiras somaram US$ 4,46 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 1,87 bilhão. A Indonésia ocupa o 16º lugar entre os destinos das exportações brasileiras e é o 5º maior destino para produtos do agronegócio. As exportações brasileiras para a Indonésia concentram-se em farelo de soja, algodão e fumo. O Brasil importa do país asiático sobretudo fios de fibras têxteis e sintéticas, óleo de palmiste refinado, borracha natural e peças para veículos automotores e tratores. Há também um fluxo relevante de investimentos recíprocos: empresas brasileiras atuam na área de mineração na Indonésia, enquanto investimentos indonésios no Brasil se destacam nos setores sucroalcooleiro, de papel e celulose, tabaco e têxteis.

DIVERSIFICAÇÃO - De acordo com a embaixadora Kleebank, o governo brasileiro vê grande potencial de diversificação e ampliação do comércio com a Indonésia, sobretudo em bens como carne bovina e frango. "Seria o momento oportuno para reiterar o interesse brasileiro em acessar o mercado indonésio para carne bovina, frango e aeronaves civis e militares. Buscamos avanços concretos nas áreas de acesso a mercados, segurança ambiental, energia renovável, biocombustíveis, defesa e educação", afirmou.

AVANÇOS — Além de estabelecer o primeiro contato entre os presidentes, a visita pretende reafirmar a importância da Indonésia como parceira estratégica e sinalizar a possibilidade de uma futura visita de Lula ao país asiático. A expectativa é de que o presidente brasileiro participe da 47ª Cúpula da ASEAN, na Malásia, em outubro.

ENTENDIMENTOS - Atualmente, estão em vigor memorandos de entendimento nas áreas de agricultura, bancos, educação, energia e mineração, além de erradicação da pobreza e promoção de comércio e investimento.