Criando consultas e pesquisas
Pesquisas e consultas: quais são as diferenças?
Definição do escopo das consultas
Como produzir e gerir pesquisas com usuários de serviços públicos
Pesquisas e consultas: quais são as diferenças?
Uma parte importante da Plataforma Virtual do Conselho de Usuários de Serviços Públicos é a ferramenta de produção de enquetes e a consolidação dos dados dessas enquetes. Com essa ferramenta, é possível produzir as consultas e pesquisas, que detalharemos mais neste manual.
As consultas são as enquetes direcionadas aos Conselheiros para que estes realizem as avaliações individualizadas dos serviços públicos. O órgão deve enviar consultas aos seus conselheiros, no mínimo, a cada doze meses nos termos do disposto no caput do Art. 24-F do Decreto nº 10.228/2020. A iniciativa das consultas é do órgão ou entidade da administração pública federal.
As consultas são, portanto, enquetes de avaliação de serviços encaminhadas pelas ouvidorias para os conselheiros que se voluntariaram a avaliar um ou mais serviços do órgão ou entidade.
As pesquisas, por sua vez, são enquetes que não necessitam de um perfil específico para serem produzidas e compartilhadas e podem também ser enviadas a qualquer usuário do serviço, que não precisa ser conselheiro do serviço para responde-las. As pesquisas, assim como as consultas, devem estar vinculadas a um serviço público. As pesquisas possuem dois tipos de formuladores principais:
a) Agentes de ouvidoria ou gestores que buscam complementar dados sobre a experiência dos usuários de seus serviços, conduzindo pesquisas específicas com amostras predeterminadas ou não;
b) Cidadãos que buscam informações sobre o desempenho da prestação de determinado serviço. Este mecanismo permite, por exemplo, que um líder comunitário pesquise sobre a avaliação dos seus vizinhos em relação ao asfaltamento de uma rua, sobre a coleta seletiva prestada pela empresa de serviço de limpeza urbana de seu bairro ou sobre a qualidade do posto de saúde próximo a sua casa.
As pesquisas realizadas pelas unidades do SISOUV podem ser instrumentalizadas por meio de coletores (que terão perfil próprio na plataforma), permitindo coletas em massa presencialmente nos locais de prestação dos serviços e, consequentemente, possibilitando também a participação de usuários de serviços públicos digitalmente não incluídos.
As consultas e as pesquisas viabilizam maior participação social, mas note que são mecanismos de participação muito diferentes no escopo, na iniciativa, no destinatário, e nos meios de divulgação.
Diferenças entre as consultas e as pesquisas
| Consultas | Pesquisas |
Escopo | Serviços Públicos prestados pelo órgão ou entidade da administração pública federal. | Quaisquer serviços públicos. |
Iniciativa | Unidades do SISOUV – Administração Pública federal | Qualquer pessoa cadastrada no sistema. |
Público alvo | Conselheiros | Qualquer pessoa, inclusive digitalmente não incluídos que podem participar por intermédio de coletores de respostas. |
Forma de disponibilização | A própria plataforma avisará o conselheiro | As pesquisas podem ter acesso restrito aos que a acessarem por link ou podem ser públicas. Nesse último caso, além de serem compartilhadas por link, também ficarão visíveis para qualquer cidadão que acesse a plataforma. |
Definição do escopo das consultas
O escopo de uma consulta é composto pela definição do:
(i) Serviço público que se pretende avaliar;
(ii) Justificativa para realizar a consulta;
(iii) Problema a ser superado na prestação do serviço e objetivo da consulta.
Serviços públicos
Compreender os serviços públicos que serão objeto das consultas é essencial para a formulação das consultas aos conselheiros.
Note que a lista de serviços públicos da Plataforma Virtual dos Conselhos de Usuários provém dos serviços públicos informados ao Ministério da Economia, disponíveis no site Portal de Serviços do Governo Federal, em www.gov.br.
Caso o serviço que se pretenda avaliar não se encontre no Portal de Serviços, a ouvidoria deverá adotar um ou outro dos procedimentos a seguir:
a. No caso de serviços prestados diretamente pelo órgão ou entidade, realizar as interações necessárias para a inclusão do serviço no Portal de Serviços do Poder Executivo federal; ou
b. No caso de serviços que não são prestados diretamente pelo órgão ou entidade, como serviços delegados, encaminhar solicitação de inserção de serviço diretamente à Ouvidoria-Geral da União, por meio do e-mail cguouvidor@cgu.gov.br.
Levantamento de dados sobre o Serviço
Antes de iniciar a elaboração de uma consulta, é importante que os agentes da ouvidoria façam um levantamento inicial de informações sobre o funcionamento do serviço. A ouvidoria deve recolher e analisar informações de diversas fontes, a principal fonte é o próprio gestor do serviço, que tem um conhecimento aprofundado sobre o serviço. Orienta-se que, antes de iniciar o trabalho, a ouvidoria solicite ao gestor do serviço o envio de informações preliminares úteis para o desenho da pesquisa. Apresenta-se alguns exemplos de perguntas de pesquisa, cabe observar que elas não se pretendem exaustivas e não necessariamente são as mais adequadas para o seu órgão ou entidade:
a. Quantas pessoas, órgãos ou empresas demandam o serviço? Como esse número vem evoluindo ao longo do tempo?
b. Quais são as características conhecidas dos usuários? Qual o perfil de renda? Qual o nível esperado de fluência digital das pessoas que usam o serviço? Há algum recorte territorial importante?
c. Existem guias sobre o serviço que podem servir de fonte de informação?
d. Os processos relacionados ao serviço estão mapeados? É possível ter acesso ao fluxograma?
Além do gestor, outras fontes poderão ser úteis para essa compreensão inicial das características do serviço:
- A página do órgão e entidade;
- Dados das manifestações recebidas pela ouvidoria e informações consolidadas em seus Relatórios de Gestão;
- Outros documentos que estejam acessíveis no órgão ou entidade.
Problemas relacionados aos serviços e definição do objetivo da consulta
Após o levantamento inicial das informações sobre os serviços, parte-se para o levantamento de dados mais substantivos com vistas à definição do objetivo da consulta. Esta fase é crucial, pois um escopo mal definido pode comprometer o resultado final.
A questão mais importante aqui é: “O que queremos descobrir com a consulta?”
Ora, inicialmente é importante ter em mente que a descoberta precisa ser útil para que se converta em uma ação efetiva de melhoria do serviço. Logo, a resposta a esta pergunta necessita ser dada em conjunto com o Gestor do Serviço.
Nesse momento, são levantadas questões referentes aos principais problemas que os usuários relatam ao longo da prestação de serviço. O PROBLEMA irá responder O QUÊ você deseja resolver realizando esta consulta. Como o próprio nome diz, você irá buscar, dentro do serviço público, o(s) problema(s) que deseja resolver. Esse tópico é definido sob forma de pergunta, ou seja, o resultado de sua consulta será uma resposta para essa questão.
A definição dos objetivos e do escopo da consulta costuma ocorrer em uma ou duas reuniões entre gestores do serviço e equipe da ouvidoria. Em situações muito complexas, pode-se recorrer à realização de oficinas com pessoas previamente selecionadas que auxiliarão na definição do objetivo e do escopo da consulta. Os OBJETIVOS irão responder COMO você fará para responder ao problema desta consulta. Esses são divididos em geral e específicos.
No objetivo geral, você irá definir o que você está buscando com o problema que foi levantado para o estudo, ou seja, onde você deseja chegar com essa pesquisa. Por exemplo, se você utiliza a questão (ou o problema): “Quais são os fatores que implicariam uma melhor avaliação do serviço público referente à perícia médica do INSS?”, o objetivo geral será: “Verificar quais são os fatores que implicariam uma melhor avaliação do serviço público referente à perícia médica do INSS”.
Já nos objetivos específicos, você irá descrever as etapas percorridas para chegar ao objetivo geral. Sempre serão utilizados os verbos no infinitivo: buscar, identificar, verificar etc. E poderão ser redigidos em formato de tópicos. Por exemplo, “identificar se o tempo de agendamento e atendimento da perícia podem melhorar” ou “identificar possíveis mecanismos de comunicação mais eficientes da perícia médica” etc.
Fazendo as perguntas certas
Independentemente de tratar-se de consulta ou pesquisa, é importante que saibamos fazer a melhor pergunta para conseguirmos obter boas informações junto aos nossos usuários.
Princípios básicos
a) Pergunte apenas o necessário;
b) Utilize linguagem simples e fluida; e
c) Utilize tipos de questões que facilitem a análise do dado.
O perfil do respondente
Apesar de não recomendarmos o uso da plataforma para a coleta de dados pessoais, em determinadas circunstâncias, que deverão estar claramente definidas no objeto da consulta ou da pesquisa, é possível que seja necessário conhecer um pouco do respondente a fim de interpretar de forma adequada as informações que ele nos passa.
Questões tal como gênero, idade, ocupação e escolaridade podem ser dados fundamentais para compreender as dificuldades apresentadas pelos usuários de serviços públicos ao longo de sua jornada. Essas perguntas permitem inferir quanto ao perfil socioeconômico do usuário; contudo, caso não haja relevância deste dado para a consulta ou a pesquisa, ou o público respondente for naturalmente segmentado, não há necessidade de fazê-las.
Além disso, no caso de serviços digitais ou em processo de transformação digital, é importante termos uma medida da fluência digital do respondente, ou seja, conhecer o quão familiarizado o usuário está com a tecnologia.
Para isso, podem ser utilizadas perguntas como:
Você costuma usar computador/celular? - Costuma utilizá-los para quê?
Tem acesso à internet? Tem pacote de dados no celular? Tem wi-fi em casa ou no trabalho?
Questões básicas sobre o serviço
Além de questões em que se queira saber sobre o serviço específico ao qual a consulta ou pesquisa se refere, existem algumas que costumam se aplicar à maioria dos serviços públicos, como, por exemplo:
a) Clareza da linguagem na comunicação sobre e no acesso ao serviço;
b) Dificuldades e incômodos encontrados;
c) Sugestões de melhoria;
d) Pontos positivos da experiência;
e) Que nota daria para o serviço (pode ser escala até 10, avaliação de até 5 estrelas ou outra); e
f) Uma palavra para descrever o serviço.
Linguagem e viés
É importante atentar para que a construção das perguntas não acabe guiando a resposta do respondente, estabelecendo um viés de resposta indesejado. Esse viés pode se estabelecer de algumas formas:
a) Perguntas que estabeleçam uma dicotomia simples entre fácil e difícil. Por exemplo, em vez de perguntar “Foi difícil fazer o ingressar na plataforma do serviço?”, experimente perguntar “O que você achou do processo de ingressar na plataforma do serviço?”.
b) Uso de palavras que não sejam de fácil compreensão para o respondente pode gerar constrangimentos e a adoção de respostas aleatórias. Por exemplo, em vez de perguntar “Como foi a experiência de realizar seu primeiro login?”, tente perguntar “Como foi a experiência de criar um cadastro no sistema?”
c) Perguntas focadas na experiência individual do usuário podem fazer com que este sinta-se desconfortável em relatar os problemas vivenciados – tal fato ocorre principalmente nos casos de pesquisas instrumentalizadas por coletores. Assim, para contornar tais situações, pode-se realizar perguntas sobre outras pessoas próximas ao usuário, cujas respostas tenderão a ser, na realidade, sobre ele próprio. Por exemplo: - Você acha que seus amigos ou familiares teriam alguma dificuldade? - Você recomendaria esse serviço para seus amigos e familiares?
Há sempre um tipo de pergunta mais adequado para a coleta de informações desejada
Ao definir o tipo de pergunta que você utilizará na sua enquete, convém atentar para três fatores principais: (i) facilidade de compreensão, por parte do respondente (no caso das consultas e pesquisas) ou respondente e coletor (no caso de pesquisas), acerca de como deverá preencher a questão; (ii) facilidade de organização dos dados para análise e (iii) natureza da consolidação e da análise dos dados pretendida.
A Plataforma Virtual do Conselho de Usuários de Serviços Públicos possui um conjunto amplo de tipos de perguntas. Vejamos algumas considerações sobre cada uma delas:
a) Texto curto;
b) Texto longo;
c) Campos predefinidos livres;
d) Escolha simples;
e) Múltipla escolha;
f) Autocomplete (lista suspensa);
i) Avaliação;
j) Barra deslizante;
k) Arquivos.
As perguntas de texto curto permitem que o respondente responda à questão por meio de texto livre, limitado a 100 caracteres. Esta é a opção ideal para os casos em que queremos captar uma ideia simples do usuário e não queremos que ele elabore grandes textos. Por exemplo, caso você peça para que o usuário descreva, em uma palavra, o serviço prestado, essa é a opção ideal.
A consolidação deste tipo de pergunta é sempre mais complexa, pois necessita de análise a fim de ajustar eventuais grafias discordantes ou atribuição posterior de indexadores que permitam a consolidação do dado, caso ele seja em grande volume. A depender do número de categoriais utilizadas posteriormente para indexar uma mesma resposta, é importante ressaltar que o somatório de respostas poderá superar 100% do número de respondentes.
As perguntas de texto longo permitem que o respondente responda à questão por meio de texto livre limitado a 8 mil caracteres. Esta é a opção ideal para os casos em que necessitamos coletar informações não estruturadas de forma mais livre. O esforço de análise, neste caso, tende a ser maior; no entanto, pode revelar questões que inicialmente não haviam sido pensadas e parametrizadas pela equipe que elaborou o questionário.
Data
As perguntas do tipo data permitem que o respondente apenas possa inserir uma data, em formato DD/MM/AAAA. Caso seja necessário perguntar sobre um período específico, é aconselhável a criação de duas perguntas: uma que indague o início do período e outra que indague o final do período. A consolidação desse dado é feita de modo simples, por meio da agregação de respostas que apontem a mesma data.
Número
As perguntas do tipo número permitem que o respondente apenas possa inserir algarismos no campo de resposta. Essa é a opção ideal caso a resposta deva ser livre, porém somente comporte resposta numérica. A consolidação desse dado é feita de modo simples, por meio de agregação de respostas que apontem para um mesmo número. Caso a sua intenção é obter a resposta na forma de uma média numérica, sugerimos o uso de outro tipo de pergunta, como a “Régua”.
Valor
As perguntas do tipo valor permitem que o respondente apenas possa inserir algarismos, com duas casas decimais (“0000,00”), que necessariamente representarão um valor monetário. Essa é a opção ideal quando a pergunta indagar questões mensuráveis em valor monetário. Como nos outros casos de campos predefinidos livres, a consolidação desse dado é feita de modo simples, por meio de agregação de respostas que apontem para um mesmo valor. Da mesma forma que o apontado no item anterior, quando a intenção da consulta for aferir um valor médio, é conveniente o uso de outros tipos de pergunta, tal como a “Régua”.
As perguntas do tipo escolha simples, permitem que o respondente escolha uma, dentre várias, opções de respostas predefinidas. Este formato é ideal para perguntas binárias, perguntas como avaliação ou escalas nominais. Assim, você pode, por exemplo, perguntar se o respondente fez uso do serviço no último mês – nesse caso, ou ele fez, ou ele não fez uso do serviço. Você também pode adaptar as opções como uma escala nominal ou como uma pergunta de avaliação (é muito comum o uso da escala Likert para esse tipo de finalidade, com 5 opções que transitam do mais negativo ao mais positivo).
No caso de perguntas de escolha simples em que não é possível antever todas as respostas, costuma-se utilizar de uma opção de resposta predefinida como “Outro/a”. Nesse caso, é possível estabelecer uma pergunta condicional à resposta desta natureza, solicitando que o respondente descreva este “outro/a” em resposta a uma pergunta do tipo “texto curto” ou “texto longo”.
A consolidação desses dados pode ser feita tanto em valores relativos quanto absolutos (porcentagens ou número de ocorrências) para linhas individuais.
Assim como no caso das perguntas de escolha simples, nas perguntas de múltipla escolha, o respondente poderá escolher dentre um conjunto de respostas predefinidas pelo criador da enquete. Todavia, nesse caso, ele poderá escolher uma ou mais respostas que julga responder adequadamente aquela questão. Ao contrário da pergunta de escolha simples em que sua pergunta deve ser construída a fim de induzir a apenas uma resposta, no caso da pergunta de múltipla escolha, a sua pergunta deve comportar mais de uma opção de resposta:
Escolha simples | Múltipla Escolha |
De qual modelo de balcão e atendimento você mais gosta? | Quais modelos de balcão de atendimento você mais gosta? |
Considerando que este tipo de pergunta pode possuir múltiplas respostas, alguns métodos de análise são desaconselhados. Você pode avaliar frequências em valores relativos e absolutos (porcentagens ou número de ocorrências), tendo em mente que é importante ter cuidado com a base de cálculo, visto que o número de respostas não será igual ao número de respondentes, pois estes poderão escolher mais de uma resposta. Assim, é comum que o número total de respostas supere 100% do número de respondentes. Esse tipo de característica nos leva a desaconselhar o uso de gráficos como treemap, pizza, rosca ou qualquer outro tipo de gráfico que explore área de forma percentual para a representação desse tipo de dado.
Autocomplete (Lista Suspensa)
A lista suspensa funciona como um tipo de pergunta da espécie “escolha simples”. Ela foi desenvolvida para melhorar a experiência do usuário quando o número de opções de resposta for muito grande. Por exemplo, caso uma consulta ou pesquisa queira analisar a situação de diferentes aeroportos no Brasil, seria extremamente desagradável para o respondente ter de procurar em uma lista exaustiva todos os aeroportos do Brasil. Com a lista suspensa, tudo o que ele verá é um campo de texto semelhante ao de “texto curto” no qual ele deverá redigir a opção e encontrar, por meio de recurso de autocomplete, uma das opções predefinidas pelo criador da enquete. Para utilizar desse recurso, o criador da enquete deverá dispor de um arquivo em formato .CSV com todas as opções predefinidas, a fim de que possa fazer upload na plataforma.
A matriz de escolha simples é uma combinação de várias questões de escolha simples em cada linha. É usada principalmente em situações em que várias questões da mesma natureza são repetidas, e o respondente seleciona apenas uma resposta em cada linha.
A questão da matriz é particularmente relevante para questões de escala. Caso você estabeleça como eixo vertical (coluna) cada um dos atendimentos ocorridos durante um serviço, e como eixo horizontal (linha) categorizações de satisfação (muito insatisfeito, insatisfeito, indiferente, satisfeito e muito satisfeito), você encontrará um meio eficiente de otimizar muito e encurtar seu questionário.
Este tipo de questão pode ser incluído em qualquer análise. A consolidação desses dados pode ser feita tanto em valores relativos quanto absolutos (porcentagens ou número de ocorrências) para linhas individuais.
A Mariz de múltipla escolha é um tipo de pergunta que deve ser usado com parcimônia, somente em casos justificáveis pela natureza do dado que se pretende coletar. Diferentemente da Matriz de Escolha Simples, este tipo de pergunta não deve ser usado para questões de escala.
As regras para a análise deste tipo de pergunta são as mesmas daquelas utilizadas para questões de múltipla escolha, ou seja, é necessário ter cuidado especial para a base de cálculo, visto que o número de respostas excederá, de modo geral, o número de respondentes.
As perguntas do tipo avaliação são uma modalidade de pergunta do tipo escala, que poderá ser parametrizada de acordo com a metodologia adotada pelos criadores da enquete. O que a diferencia é a sua forma de apresentação o respondente, que necessitará atribuir “estrelas” em resposta à sua pergunta. Como default do sistema, ele já oferece a escala Likert, com 5 estrelas, podendo ser expandida a até 10 estrelas. Por sua natureza, perguntas cuja resposta possa ser dada em nível de escala devem ser muito bem estruturadas, podendo versar sobre o grau de satisfação com um serviço ou de concordância com uma afirmação, por exemplo.
A consolidação de tal dado ocorre na forma de média aritmética do número de estrelas atribuído por cada respondente.
Da mesma forma que as perguntas do tipo avaliação, a barra deslizante também se apresenta como uma opção para respostas do tipo escala. Neste caso, o respondente é convidado a mover o cursor sobre uma régua deslizante, com valor inicial “0” e valor final a ser determinado pelo criador da enquete, sem limitação. O criador também poderá definir o tamanho dos intervalos na barra deslizante, que não poderão ser inferiores a 1.
A consolidação de tal dado ocorre na forma de média aritmética do número de estrelas atribuído por cada respondente.
O tipo de pergunta arquivos exige que o respondente realize o upload de um arquivo como resposta à pergunta. Trata-se de instrumento essencial quando for necessária a coleta de evidências sobre aquilo que está descrito nas respostas da enquete. Por exemplo, em uma avaliação acerca da qualidade da alimentação escolar, pode ser solicitado ao aluno que este tire uma foto de sua refeição e realize o seu upload na plataforma.
O criador da enquete poderá definir o tamanho máximo destes documentos, bem como o quantitativo de documentos que poderão ser subidos pelo respondente.
Como produzir e gerir pesquisas com usuários de serviços
As pesquisas são mecanismos de participação amplo voltados para um público maior que o dos conselheiros dos serviços.
As etapas para realização de uma pesquisa não são totalmente distintas daquelas necessárias para a criação de uma consulta. O processo de definição de levantamento de dados, definição de objeto e escopo e as regras gerais para se produzir uma boa enquete são as mesmas (dessa forma, indica-se a leitura dos tópicos “Como produzir e gerir as consultas aos conselheiros” e “Fazendo as perguntas certas” deste manual. No entanto, em uma pesquisa, há um item adicional que precisa ser enfrentado: a definição da amostra. Em pesquisas, diferentemente de consultas, não existe um grupo voluntário para oferecer respostas – assim, é necessário estabelecer critérios claros para estabelecimento do plano amostral.
Também é importante salientar que, em razão desta peculiaridade, as unidades Setoriais do SISOUV deverão observar obrigações de transparência adicionais, que poderão ser registradas no campo Descrição da Enquete e que deverão constar de forma pormenorizada nos documentos que registrem o resultado das enquetes. Nos termos do inciso I do Art. 24-H. do Decreto nº 10.228/2020.
Art. 24-H. As unidades setoriais do Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal disponibilizarão, em sítio eletrônico atualizado:
I - a metodologia e os meios de consolidação dos dados coletados pelo sistema de que trata o art. 24-G, incluídos os algoritmos utilizados para o tratamento automatizado dos dados;
II - as informações consolidadas das avaliações e das sugestões coletadas pelo sistema de que trata o art. 24-G, por meio de relatórios ou painéis digitais; e
III - a metodologia e os critérios adicionais de seleção de que trata o § 3º do art. 24-E para convocação dos candidatos a conselheiros cadastrados, quando for o caso.” (NR) (Grifo nosso)
Em cumprimento a esse inciso e com vistas a promover a transparência, a reprodução e a credibilidade das pesquisas, as ouvidorias devem incluir nos sites as informações sobre:
(a) Como realizaram a seleção de amostras,
(b) Qual o tipo de amostra utilizado, se são probabilísticas ou não-probabilísticas,
(c) Qual o intervalo de confiança da pesquisa amostral,
(d) Se a pesquisa será realizada em formato de censo,
(e) Quais as técnicas aplicadas para a coleta de dados,
(f) Quais são os algoritmos utilizados para o tratamento automatizado dos dados, dentre outras informações metodológicas importantes.
Para ajudar você na compreensão de como gerar uma amostra para a sua pesquisa, preparamos um tutorial completo.
Clique aqui para acessar o tutorial sobre metodologia e escopo das pesquisas
Elaboração das pesquisas na Plataforma Virtual do Conselho de Usuários
Definido o escopo e a metodologia da pesquisa, você deve elaborar as questões da enquete e deve registrá-la na Plataforma Virtual do Conselho.
O registro de uma pesquisa é em tudo semelhante àquele de uma consulta, dessa forma, orienta-se a leitura do tópico “fazendo as perguntas certas” deste manual.
A diferença está na “visibilidade” da pesquisa. Para o registro da pesquisa temos três opções de visibilidade: “link”, “pública” e “coletores”.
Caso a sua metodologia implique o uso de uma amostra probabilística, provavelmente você necessitará de coletores, que entrevistarão os usuários do serviço e registrarão as respostas no sistema. Nesse caso, a fim de que um mesmo atendente possa preencher várias vezes o formulário, deve-se escolher o item “coletores” na visibilidade da enquete, na descrição inicial da pesquisa ao inseri-la na Plataforma de Enquetes.
Os coletores deverão ser previamente incluídos no sistema Fala.BR com o perfil “atendente”. O perfil atendente no sistema Fala.BR conduz ao perfil coletor na Plataforma de enquetes, quando o usuário acessa o sistema. Dessa forma, a ouvidoria poderá ter o controle das respostas inseridas por cada coletor.
Caso a sua metodologia não preveja amostra probabilística e pretenda que haja a resposta espontânea por um grupo definido de pessoas indica-se a opção “link” na “visibilidade” da pesquisa. Dessa forma, somente os usuários que receberam o link de acesso entrarão na Plataforma e responderão a pesquisa.
Finalmente, caso a sua metodologia não preveja nenhum critério para definição de amostra, você pode optar por utilizar a opção “pública” na visualização da enquete, situação na qual, além da possibilidade de compartilhamento por link, a sua pesquisa será publicada diretamente na página principal da Plataforma Virtual do Conselho de Usuários, e será acessível por qualquer pessoa.
Apenas nos casos de pesquisas que sejam realizadas por coletores será exigido do respondente, no caso o coletor, que este realize o login no sistema.
Tipo de amostra | Visibilidade na Plataforma |
Amostra probabilística ou pesquisa realizada por meio de coletores | Coletores |
Amostra possui critérios de seleção, mas não é probabilística e não será realizada por coletores | link |
A amostra é totalmente aleatória, e qualquer pessoa poderá responder à pesquisa | pública |
Comunicação dos resultados
Assim como ocorre nas consultas aos Conselheiros, a comunicação de resultados da pesquisa poderá ser realizada pela ouvidoria junto ao gestor e à sociedade de forma objetiva e dinâmica. A Plataforma Virtual já cria alguns gráficos simples com base nas respostas proferidas e que podem ser compartilhadas. Basta clicar na aba “Minhas Enquetes”, depois no link “Visualizar um resumo das respostas” ou no link “Visualizar os resultados no tempo”. A Plataforma também permite que os dados sejam trabalhados no formato “csv” para geração e comunicação de informações estratégicas para subsidiar a tomada de decisão do gestor do serviço público.