Equipes com pesquisadores brasileiros vencem prêmio Ebbe Nielsen de ciência aberta para biodiversidade

Dois projetos com participação de pesquisadores brasileiros foram os vencedores do prêmio Ebbe Nielsen 2022, que reconhece aplicativos e soluções inovadoras que usam dados abertos para acesso à biodiversidade. A competição é realizada anualmente pelo Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF, na sigla em inglês), rede internacional financiada por governos de todo o mundo.

Foram selecionados conjuntamente para o primeiro lugar duas equipes lideradas pelo Brasil e Estados Unidos. Ambas desenvolveram soluções de código aberto contendo instruções e funções reutilizáveis para o ambiente ‘R’, o mais usado para acessar e trabalhar com dados disponíveis no GBIF.

O bdc é um kit de ferramentas para padronização, integração e limpeza dos dados de biodiversidade. A equipe responsável é dirigida por um ex-doutorando em ecologia e evolução na Universidade Federal de Goiás (UFG), com parceria da Universidad Nacional de Misiones-CONICET da Argentina, Royal Botanic Gardens, Kew, no Reino Unido, e várias outras instituições e departamentos em outras partes do Brasil e na UFG.

Já o GridDER (Grid Detection and Evaluation in R) automatiza o processo de identificação de registros de ocorrências de espécies geolocalizados em sistemas de pesquisas em grande. A equipe responsável é liderada por um ecologista do Laboratório de Biogeografia Quantitativa no Departamento de Geografia da Universidade Estadual da Flórida (FSU) e participação de pesquisadores do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e do Departamento de Ciências Biológicas e Centro de Biologia Vegetal da Purdue University.

SiBBr

O Sistema de Informação sobre Biodiversidade Brasileira (SiBBr), iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), é o ponto de conexão nacional da rede global do GBIF. A plataforma SiBBr é operacionalizada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), organização social vinculada ao MCTI.

O SiBBr fornece informações de mais de 160 mil espécies nativas, com mais de 23 milhões de dados de ocorrência para essas espécies. Todos esses dados podem ser acessados livremente por toda a sociedade no link https://sibbr.gov.br/

Os dados do SiBBr subsidiam pesquisas que investigam, por exemplo, a distribuição de espécies de plantas ou animais no território nacional e o aumento ou diminuição das populações ao longo do tempo, o que permite definir o estado de ameaça das espécies. Outros estudos correlacionam a ocorrência das espécies com importantes serviços ambientais, tais como a manutenção do ciclo hidrológico, polinização, fertilidade do solo. Por exemplo, alguns estudos têm apontado que plantios que apresentam um maior número de espécies polinizadoras tendem a ser mais produtivos.

Mais uma vantagem da plataforma é que os dados coletados por um pesquisador para determinado fim, podem ser reutilizados em outras pesquisas. Assim, a disponibilização dos dados de uma pesquisa num repositório de acesso aberto, possibilita o reuso desses dados por outros pesquisadores.

Os dados disponíveis na plataforma são enriquecidos com informações adicionais, como fotografias, descrição das espécies, informações sobre ameaças e acesso às publicações científicas. O Portal Espacial, um dos módulos do Atlas SiBBr, possibilita que os usuários explorem num mapa interativo das ocorrências das espécies integrada às informações ambientais, como temperatura, tipos de solo, limites políticos, bacias hidrográficas, vegetação. O Portal Espacial também disponibiliza uma ampla gama de ferramentas de mapeamento e análises que podem subsidiar a pesquisa e gestão ambiental.