Notícias
Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações - MNCTI
“CNPEM contra a Covid-19”: Palestra aborda ações no enfrentamento à pandemia
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) promoveu hoje (22) a palestra “CNPEM contra a Covid-19” dentro das atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, durante a programação do Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações. Com o objetivo de explicar todas as ações estabelecidas no enfrentamento à pandemia provocada pelo novo coronavírus, a palestra, ministrada pela pesquisadora do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), Daniela Trivella, e pelo virologista Rafael Elias Marques, abordou também as descobertas na utilização da nitazoxanida.
“Aqui no LNBio a nossa missão é entender a vida em diferentes escalas, indo da molécula ao organismo inteiro. Isso é muito importante para a gente entender como a vida funciona e, principalmente, como as doenças acontecem. E como podemos, através desse conhecimento de pequenas moléculas, intervir no mecanismo dessa doença – curando ou minimizando os sintomas”, afirmou a pesquisadora Daniela.
A pesquisadora iniciou destacando a importância de ter toda a linha da escala da vida em estudo para poder agir nas doenças, ao esclarecer que os programas científicos se concentram na parte mais básica da ciência – que é entender a vida, entender os mecanismos das doenças – e desenvolver métodos avançados customizados para viabilizar que essas pesquisas aconteçam. Essas duas frentes de pesquisa integram a plataforma de fármacos.
“Em fevereiro instalamos uma força-tarefa aqui no CNPEM para atacar esse grande problema atual da humanidade, devido à urgência da pandemia do coronavírus no mundo”, disse Daniela Trivella.
A força-tarefa, inserida na RedeVírus MCTI, faz uso da parte computacional; fármacos já aprovados (um medicamento que já está na farmácia, conhecido e seguro). “E no caso aqui, ele ter ação contra a Covid, contra o SARS-CoV-2 e poder ser recomendado para estudos clínicos, para testes de pacientes com Covid, e obtendo sucesso, poder começar a ser utilizado na emergência da pandemia”, detalhou.
Daniela explicou que o reposicionamento, que é o uso de fármacos já aprovados, é a forma mais rápida de fazer a “descoberta” de novos fármacos. “O processo de descoberta de novos fármacos dura alguns anos no mínimo; geralmente, décadas. E o reposicionamento já tem todas as informações de segurança do fármaco, de uma molécula, e com isso a gente pode chegar mais rapidamente em um paciente”, disse.
“Então, a primeira abordagem que a gente fez aqui no CNPEM foi testar essas moléculas que a gente já conhecia e verificar se algumas delas está sendo aplicada para uma determinada doença, se o medicamento poderia ser reposicionado, emprestado, para uso em covid, sendo um atalho para chegar nos pacientes”, destacou a pesquisadora.
Na palestra, o especialista em virologia Rafael Elias Marques abordou todo o ciclo do vírus SARS-CoV-2 e sobre a campanha de triagem que levou a identificação da nitazoxanida. “Nós selecionamos ela para fazer testes subsequentes”, disse.
“Essa parte em que a gente fala em explorar a replicação do vírus e tentar intervir nele em nosso benefício [humano] é o que envolve o teste in vitro. Usando cultura de células, que a gente coloca junto com o vírus e, na sequência, o teste de candidatos a tratamento”, explicou o virologista do LNBio.
Rafael também fez ampla explicação acerca do medicamento nitazoxanida e sua eficácia comprovada na redução da carga viral. “Muito foi dito sobre a nitazoxanida. A gente faz questão de contar vários aspectos desse medicamento que pode ser achado em farmácia, e porque ele foi escolhido para seguir com esses experimentos”, ressaltou.
“E nós descobrimos, então, que a nitazoxanida e a tizoxanida (que é a forma metabolizada) têm atividade antiviral contra a infecção pelo SARS-CoV-2”, destacou Rafael Elias Marques, ao demonstrar os estudos e os gráficos. “À medida que nós colocamos a nitazoxanida ou a tizoxanida, a quantidade de vírus vai caindo, então, nós conseguimos determinar valores de referência dentro desse experimento, que mostravam que esses medicamentos têm essa atividade antiviral”.