PONTINHOS Ano 65, n.o 385, Abril/Junho de 2023 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Trimestral de Educação, Cultura e Recreação Editada e Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1959 por Renato M. G. Malcher Av. Pasteur, 350/368 Urca -- Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Tel.: (55) (21) 3478-4531 ~,revistasbraille@ibc.gov.br~, ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~,

Diretor-Geral do IBC Mauro Marcos Farias da Conceição Comissão Editorial Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Bezerra da Silva Hylea de Camargo Vale Fernandes Lima Maria Cecília Guimarães Coelho Rachel Maria Campos Menezes de Moraes Rachel Ventura Espinheira Colaboração Camila Sousa Dutton Daniele de Souza Pereira João Batista Alvarenga Revisão Marília Estevão Livros impressos em braille: uma questão de direito

Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ publicacoesÿrevistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:ÿÿanchor.fmÿ~ podfalar-rbc~, Facebook: ~,https:ÿÿwww.~ facebook.comÿibcrevistas~, Instagram: ~,https:ÿÿwww.~ instagram.comÿrevistas{-~ rbc{-pontinhosÿ~, Youtube: ~,https:ÿÿwww.~ youtube.comÿ~ RevistasPontinhoseRBC~,

Pontinhos: revista infanto- juvenil para cegos / MEC/Instituto Benjamin Constant. Divisão de Imprensa Braille. n. 1 (1959) --. Rio de Janeiro: Divisão de Imprensa Braille, 1959 --. V. Trimestral. Impressão em braille. ISSN 2595-1017 1. Infantojuvenil -- Cego. 2. Pessoa cega. 3. Cultura -- Cego. 4. Revista -- Periódico. I. Pontinhos. II. Revista infantojuvenil para cegos. III. Ministério da Educação. IV. Instituto Benjamin Constant. CDD-028.#ejhga

Bibliotecário -- Edilmar Alcantara dos S. Junior -- CRB/7 6872

Sumário Cantigas ::::::::::::::: 3 Rimas ao gosto popular ::::::::::::::: 3 As borboletas :::::::::: 5 Trava-língua ::::::::::: 6 Cordel ::::::::::::::::: 9 O lugar onde moro :::::: 9 Deus criou tudo!!! ::::: 11 Histórias para ler e contar :::::::::::::::: 12 A cobra e o sapo ::::::: 12 A galinha dos ovos de ouro :::::::::::::::::: 15 Pergunta indiscreta :::: 17 Quebra-cuca :::::::::::: 19 Você sabia? :::::::::::: 23 Vamos rir? ::::::::::::: 26 Preço do boi ::::::::::: 26 A oração ::::::::::::::: 27 Rosto inchado :::::::::: 27 Marcando oculista :::::: 28

Dúvida na lição :::::::: 29 Competição do maior pai ::::::::::::::::::: 29 Historiando :::::::::::: 30 Álvares de Azevedo, o disseminador do braille no Brasil ::: 30 Leitura interessante :::::::::: 37 Comida de rua :::::::::: 37 Cuidando do corpo e da mente ::::::::::::::::: 47 Obesidade na adolescência :::::::::: 47 Espaço do leitor ::::::: 56 Olá, amiguinhos! Estou de volta com a nossa revista, cheia de informações, curiosidades e diversão. Em abril, comemoramos o Dia Nacional do Sistema Braille. Vocês sabem o motivo de terem escolhido essa data? Então, vamos descobrir um pouco da história de José Álvares de Azevedo. Como eu gosto de cantar, trago uma canção de Vinícius de Moraes. Ainda em um momento descontraído, trago umas qua- drinhas. Quem é bom aluno não vai quebrar a cuca, porque saberá grafar as palavras certas: “x” ou “ch”? Eita! Pode embaralhar a nossa cabeça. Então, um exercício bom é o trava-língua. Nossa revista traz muito mais, só que não

vou contar para estragar a surpresa. Boa leitura! Furinho, o mascote da revista Pontinhos õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cantigas Rimas ao gosto popular A rima é um recurso estilístico muito utilizado para dar sonoridade, ritmo e musicalidades a textos estruturados em versos, como poemas e canções. Ela consiste na repetição de sons iguais ou parecidos nos finais das pala- vras, com intervalos regulares. Existem pequenos poemas chamados quadrinhas ou trovas, de forte tradição folclórica, fáceis de memorizar e, geralmente, utilizando a rima. Quadras de Fernando Pessoa Eu tenho um colar de pérolas Enfiado para te dar:

As pérolas são os meus beijos, O fio é o meu penar. (27/8/1907) A caixa que não tem tampa Fica sempre destapada. Dá-me um sorriso dos teus Porque não quero mais nada. (11/7/1934) No baile em que dançam todos Alguém fica sem dançar. Melhor é não ir ao baile Do que estar lá sem lá estar. (4/8/1934) Vale a pena ser discreto? Não sei bem se vale a pena. O melhor é estar quieto E ter a cara serena. (18/8/1934 -- data provável) Não digas mal de ninguém Que é de ti que dizes mal. Quando dizes mal de alguém Tudo no mundo é igual. (11/9/1934) Fonte: Quadras ao Gosto Popular. Fernando Pessoa. Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho. Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973)-39. Disponível em: ~,http:ÿÿ~ arquivopessoa.netÿtextosÿ~ 227#k~, Acesso em: 3/7/2023. :::::::::::::::::::::::: As borboletas Vinicius de Moraes Brancas Azuis Amarelas

E pretas. Brincam Na luz As belas Borboletas. Borboletas brancas São alegres e francas. Borboletas azuis Gostam muito de luz. As amarelas São todas belas E as pretas, então... Oh, que escuridão! õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Trava-língua O mameluco melancólico meditava e a megera megalocéfala, macabra e maquiavélica

mastigava mostarda na maloca miasmática. Migalhas minguadas de moagem mitigavam míseras meninas. O rato, a ratazana, o ratinho, roeram as rútilas roupas e rasgaram as ricas rendas da rainha Dona Urraca de Bombarral. Se os seis sábios são susceptíveis, seguramente sereis satisfeitos. Sófocles soluçante ciciou no Senado suaves censuras sobre a insensatez de seus filhos insensíveis. Suave viração do Sueste passa sussurrante sobre sensitivas silenciosas.

Um rapaz tendo uma zebra metida num casarão, desancou- -lhe um dia a febra que a pôs magra como um cão. Um doido destes de pedras, por nome Andrônico André, casado com dona Aldonça, que em vez de dois, tinha um pé. O lusco-fusco do morundu do sul púrpuro de lux. Florência, Francisca, Eufrásia, todas de fraldas de folhos, foram fazer uma festa de filhós, bifes, repolhos. O acróstico cravado na cruz de crisólidas da criança areana criada na creche é o credo católico. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cordel O lugar onde moro Paula Caldas O planeta onde eu moro Se não estivesse poluído Eu faria um desenho No papel bem colorido. No país onde eu moro Tem todo tipo de gente Tem bonito, tem feio, Tem triste e contente. Na cidade onde eu moro Muitos anos antes Saíram daqui Muitos bandeirantes. O município onde eu moro É bem pequenininho Mas eu cuido dele Com muito carinho. O bairro onde eu moro Tem quatro docerias, Nenhum supermercado E uma padaria. A rua onde eu moro É calma e serena Onde mora uma mulher Que se chama Elena. Na viela onde eu moro Subo as escadarias Para poder chegar Em lojas e docerias. A casa onde eu moro Fica no fim da viela É muito pequenininha Mas eu gosto muito dela.

Deus criou tudo!!! Letícia Lima Santos Ele inventou o mundo Inventou o céu e o mar E não deixa o sol e a lua Nunca parar de brilhar. Inventou o verde das matas E a semente faz virar Naquela flor bonita Que solta cheiro no ar. Ele fez o ser humano Para amar e cuidar Fez os animais, as plantas Para nos alimentar Foi assim que Deus criou Vamos muito estudar

E quando crescermos Vamos todos trabalhar. Fonte: ~,http:ÿÿ~ cordelengracado.blogspot.~ com~, Acesso em: 06/11/2022. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Histórias para ler e contar A cobra e o sapo Uma cobrinha brincava num jardim quando encontrou um sapo. -- Vamos brincar? -- convidou ele. -- Mas eu não sei pular como você -- respondeu ela. Então, o sapo ensinou a cobra a pular e depois a cobra ensinou o sapo a rastejar, subir em árvores e os dois

brincaram o dia inteiro como ótimos amigos. No fim do dia, a cobra foi para casa e, toda orgulhosa, falou para a mãe: -- Olha como eu sei pular -- e começou a pular alegremente. -- Que tolice é essa? Cobra não pula. Quem te ensinou essa besteira? -- Foi o sapo que ficou meu amigo. A mãe fez cara ruim. -- Cobra não tem amigo. Da próxima vez que você encontrar este sapo, trate de dar o bote nele e pare de pular que não fica nem bem. Quando o sapo chegou em casa, foi, todo contente, mostrar à mãe o que tinha aprendido. -- Mãe, olha o que eu sei fazer -- e dizendo isso, subiu na árvore e rastejou no chão feito cobra. -- Que absurdo é esse? Onde você aprendeu essa idiotice? -- Com a cobra que ficou minha amiga. -- Pois pare de fazer as coisas que as cobras fazem. O que vão dizer se virem meu filho brincando com uma cobra, onde já se viu? Quando você encontrar esta cobra de novo, fique longe dela. Nenhuma cobra presta. No dia seguinte, quando chegaram no jardim, o sapo e a cobra ficaram se olhando de longe, meio desconfiados. A cobra não teve coragem de dar o bote, pois se lembrou de como tinha sido bom ter um amigo. O sapo não falou com ela, mas também ficou triste, pensando no dia divertido que tinham tido. E assim, os dois nunca mais brincaram juntos, guardando nos seus corações a lembrança daquela amizade que não podia existir, embora não entendessem bem por quê. Fonte: Lenda africana -- William J. Bennett. “O livro das virtudes”. Rio de Janeiro, Nova Fronteira. :::::::::::::::::::::::: A galinha dos ovos de ouro João Impaciente encontrou no quintal de sua casa uma galinha que punha ovos de ouro. No entanto, o animal colocava apenas um ovo por semana. -- Essa galinha tem uma riqueza enorme nos ovários. Mato-a tiro tudo o que há lá dentro e fico o mandão aqui

das redondezas -- disse ele à mulher. -- Para que matá-la, se com ela viva você pode ter um ovo de ouro de sete em sete dias? -- indagou a mulher. -- Não seria eu João Impaciente. Por que esperar semanas, meses, talvez anos para ficar milionário se posso ter a ninhada toda de uma vez e enriquecer em definitivo? -- insistia ele. E, assim dizendo, matou-a, sem dar atenção às *ponderações* da mulher. Dentro da ave morta, porém, só havia tripas, como em todas as outras da sua espécie.

Assim, João Impaciente marcou passo a vida inteira, morrendo sem vintém. "Quem muito quer, tudo perde." Fonte: Monteiro Lobato. Fábulas, ed. Brasiliense, 1997. Vocabulário Ponderação: s. f. Qualidade de quem tem bom senso, equilíbrio. :::::::::::::::::::::::: Pergunta indiscreta Foi bom a gente parar juntos, Dançar juntos à moda antiga, Ficar conversando até tarde da noite De mãos dadas Foi bom só nós dois no portão E aquela lua cheia estimulando, sem censuras. Foi bom a gente conversar Sobre coisas sérias e bobas Lembrar cenas da infância, Levantar coisas odiadas e preferidas, Contar os projetos e dificuldades. Ficar tempos perdidos numa viagem calada De olhos enfeitiçados. Foi bom, legal, joia, ótimo, coisa de não se esquecer, Mas custava muito ele me dar um beijo na boca Um abraço mais forte? Aqueles beijinhos no rosto valeram,

Mas não contam. Qualquer amigo daria... Fonte: Elias José. Livro Cantigas de Adolescer -- 2008. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Quebra-cuca 1. Vamos completar as palavras com *x* ou *ch* de forma que elas fiquem corretas: a) fle...a b) ...u...u c) en...ame d) frou...o e) ...alé f) me...er

2. Desembaralhe as letras e forme o nome de um esporte: r e u f s 3. Que tal fazer a correspondência de cada palavra ao seu antônimo? a) morto b) alto c) corajoso d) tímido e) limpo covarde extrovertido sujo vivo baixo 4. Vamos relacionar cada coletivo a sua espécie correspondente: a) cardume b) fornada c) matilha d) constelação e) enxame estrelas cães abelhas peixes pães 5. Com as letras a seguir, descubra o nome do menor planeta do Sistema Solar: i e r r m ú o c 6. Com as sílabas a seguir forme nomes de alguns alimentos saudáveis: a) ra ma já cu b) ro a ce la c) ba ter be ra d) rin la je be e) ra te ne ba

Respostas: 1. a) flecha b) chuchu c) enxame d) frouxo e) chalé f) mexer 2. surfe 3. a) morto -- vivo b) alto -- baixo c) corajoso -- covarde d) tímido -- extrovertido e) limpo -- sujo 4. a) cardume -- peixes b) fornada -- pães c) matilha -- cães d) constelação -- estrelas e) colmeia -- abelhas 5. Mercúrio

6. a) maracujá b) acerola c) beterraba d) berinjela e) rabanete õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Você sabia? Em média, cerca de 72 horas de conteúdo são enviadas para o YouTube a cada minuto. Segundo estimativas, o Monte Everest cresce cerca de quatro milímetros por ano. Em razão de sua gigantesca capacidade, a barragem da Usina das Três Gargantas (a maior hidrelétrica do mundo), na China, poderia prolongar a duração do dia no planeta. Isso porque o deslocamento de um alto volume de água em sua capacidade máxima seria capaz de adicionar 0,66 microssegundos à rotação da Terra. Existem espécies de animais que continuam a crescer mesmo depois de adultos, como os cangurus, por exemplo. A maior palavra da língua portuguesa é pneumoultrami- croscopicossilicovulcanoconiótico, uma doença provocada pela inalação de cinzas de vulcão. Logo após um trabalho de escola, um estudante foi responsável por desenhar a bandeira oficial dos EUA. A curiosidade é que, mesmo utilizada até hoje, na época sua professora considerou o desenho apenas mediano. A princípio, Sean Connery foi o ator convidado para interpretar Gandalf, em O Senhor dos Anéis. No entanto, o ator recusou o papel por não ter entendido a história. Anagrama numérico é o nome dado a expressões matemáticas como 12+1=11+2. Na Etiópia, utiliza-se um calendário com sete anos de atraso em relação aos outros países ocidentais. Logo após a fundação da Apple, seu terceiro fundador, Ronald Wayne, vendeu sua parte da empresa. Na época, os 10% que lhe pertenciam

foram vendidos por apenas US$800,00. Segundo uma pesquisa de 2008, 58% dos adolescentes britânicos acreditam que Sherlock Holmes realmente existiu. Fonte: ~,https:ÿÿ~ brasilescola.uol.com.brÿ~ curiosidades~, Acessado em: 13/12/2022. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vamos rir? Preço do boi O fazendeiro vai viajar e recomenda ao filho: -- Amanhã vai vir aqui um comprador de bois. O preço do boi é 3 mil reais. Mas, se ele pechinchar, é 2.500. No dia seguinte, o fazendeiro viaja e chega o comprador: -- Bom dia, garoto. Por quanto o seu pai está vendendo o boi? -- É 3 mil. -- Responde o menino. -- Mas se pechinchar é 2.500! A oração Mariazinha estudava num colégio de freiras e todo dia rezava da seguinte maneira: -- Senhor, minha arte de cada dia me dê hoje e perdoai a arte que eu fiz ontem. Rosto inchado A menina foi passear de barco no lago com o pai. Depois de umas duas horas, ela chega em casa com o rosto inchado e chorando. A mãe pergunta: -- O que foi isso minha filha? -- Foi uma abelha, mãe. -- E ela picou você? -- Não. Não deu tempo, o papai matou a abelha com o remo. Marcando oculista O garoto de 8 anos liga para uma clínica e pergunta: -- Tem oculista aí? -- Tem sim! -- responde a recepcionista. -- Quer marcar uma consulta? -- Não! Eu só tô tentando ajudar o meu pai! -- Ele está precisando de oculista? -- Acho que sim! Hoje de manhã eu o ouvi reclamando que a lâmina de barbear tá ficando cega!

Dúvida na lição O menino está fazendo a lição de português, quando tem uma dúvida e pergunta para o pai: -- Papai, tô com uma dúvida na minha lição. -- Fala, filho. -- Burrice, se acentua? -- Com os anos sim. Competição do maior pai Dois garotinhos contando vantagem: -- Meu pai é muito grande! Tão grande que nem consegue passar embaixo da porta! -- O meu é maior! -- rebateu o outro. -- Ele é tão grande, mas tão grande que pra fazer cesta no basquete ele tem que se abaixar!

-- Ah, mas o meu é maior! Ele é tão grande, mas tão grande, mas tão grande que não pode comer iogurte! -- Não pode comer iogurte? -- perguntou o amigo. -- Como assim? -- É que um dia ele comeu e, quando chegou no estômago, já tinha passado o prazo de validade! õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Historiando Álvares de Azevedo, o disseminador do braille no Brasil Uma curta apresentação do patrono da educação de cegos brasileiros José Álvares de Azevedo nasceu no dia 8 de abril de 1834, filho de Manuel Álvares de Azevedo, de uma família abastada do Rio de Janeiro, então capital do Império. Cego de nascença, porém muito assistido pelos pais, que lhe eram totalmente dedicados, o menino desde cedo manifestou uma inteligência acima da média, além de uma curiosidade infindável para conhecer e investigar tudo o que suas mãos pudessem alcançar. Na busca por dar ao filho as melhores condições de se desenvolver e seguindo os conselhos do Dr. Maximiliano Antônio de Lemos, velho amigo da família, os pais de José decidiram enviá-lo para estudar na única escola especializada na educação de cegos que havia no mundo naquela época -- o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. O menino frequentou a escola, na condição de interno, dos 10 aos 16 anos de idade, obtendo aproveitamento máximo em todas as disciplinas, de acordo com o relato de João Pinheiro de Carvalho, ex- -aluno da escola de Paris e que viria mais tarde a lecionar no Instituto Benjamin Constant. Além da inteligência, José teve a sorte de estar no lu- gar e na época certos para adquirir um conhecimento que iria ampliar enormemente os seus horizontes: o sistema de leitura e escrita inventado pelo francês Louis Braille e que estava em fase de experimentação no Instituto de Paris. Concluído o curso, o jovem Azevedo regressou ao Brasil em 1850 com um ideal: disseminar esse sistema a todos os cegos que conseguisse, com a criação de uma escola semelhante àquela que havia tido o privilégio de frequentar. Para alcançar o seu objetivo, José passou a fazer palestras em todos os lugares possíveis, como casas de família e os salões da Corte Imperial. Escreveu e publicou também artigos sobre a importância do braille para a educação dos cegos brasileiros, até então condenados ao analfabetismo e a uma vida de total isolamento social. Dava a si mesmo como exemplo de que a inclusão não só era possível, mas também relativamente fácil, desde que fossem dados os meios para educar essas pessoas. Mais do que isso: José Álvares de Azevedo, com apenas 16 anos de idade,

passou a trabalhar incansavelmente para ensinar o sistema a outros cegos, tornando-se não só a primeira pessoa cega a atuar como professor, como também o primeiro professor especializado no ensino de cegos no Brasil. E foi como professor que ele teve a oportunidade de se aproximar da única pessoa com poder suficiente para transformar seu sonho em realidade: o Imperador D. Pedro II. Entre os seus alunos ha- via uma moça cega, Adélia Sigaud, filha do Dr. Francisco Xavier Sigaud, médico da Corte Imperial. Impressionado com o desenvolvimento da filha, Xavier Sigaud -- com o auxílio do Barão do Rio Bonito -- conseguiu para José uma audiência com o im- perador. Nela, José não só fez uma demonstração de como o braille poderia acabar com o analfabetismo entre os cegos como propôs ao monarca a criação de uma escola especializada, dos mesmos moldes do Instituto de Paris. Impressionado e sensibilizado pela apresentação, D. Pedro II decidiu abraçar a causa do professor, dando início ao processo de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos -- hoje, Instituto Benjamin Constant. Álvares de Azevedo participou intensamente das providências iniciais e decisivas para a fundação da escola, mas não chegou a ver seu sonho ser realizado. No dia 17 de março de 1854, seis meses antes da inauguração, o jovem morreu aos 20 anos de idade. Por sua imensa contribuição para a inclusão social da pessoa cega brasileira, José Álvares de Azevedo recebeu o título de “Patrono da Educação dos Cegos no Brasil” e o dia do seu nascimento, 8 de abril, foi declarado oficialmente Dia Nacional do Braille. Fonte adaptada: LEMOS, Edison Ribeiro. José Álvares de Azevedo: Patrono da Educação dos Cegos no Brasil. Revista Benjamin Constant. Rio de Janei- ro, Instituto Benjamin Constant, n.o 24, abril de 2003. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Leitura interessante Comida de rua Mais do que alimento, ela revela histórias e a tradição cultural de um povo, além da capacidade de ele se rein- ventar ao longo do tempo, mantendo suas raízes no cotidiano das cidades. Izabel Duva Rapoport Gafanhotos mexicanos Não, você não leu erra- do. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o México contempla o maior número de insetos comestíveis do mundo. São cerca de 500 espécies, entre elas, os *chapulines* (gafanhotos, em português) são os mais populares -- foram até inspiração para o nome de um dos personagens mais famosos da TV mexicana: Chapolin Colorado. Fritos e torrados, os chapulines são temperados com alho, limão, sal e pimenta, e adicionados em diversos pratos tradicionais do país, como *tacos* e *tlayudas*, tor- tilhas típicas da região de Oaxaca. O consumo do bicho remonta ao século XVI, quando os insetos eram a principal fonte de proteína, antes de os colonizadores espanhóis incluírem a carne de animais domesticados no dia a dia. O doce colorido das Filipinas Com base de gelo raspado misturado com leite evaporado, cuja água é reduzida em 60%, o *halo-halo* (mix-mix em português) é a sobremesa mais popular das Filipinas. Ela inclui ingredientes como frutas, grãos adocicados, gelatinas e raízes, além da influência de diversas culturas. Sua origem provavelmente deriva de um doce japonês chamado *kakigori* -- raspas de gelo servidas com feijão doce, levado aos filipinos por imigrantes nos anos 1900. Neste mesmo período, com a ocupação dos Estados Unidos no país asiático, foi fundada uma usina de gelo americana, que passou a produzir e fornecer a base essencial da iguaria com facilidade. Já a parte láctea, há indícios de que veio do pudim de leite da era colonial espanhola. Na hora de consumir, é preciso mexer tudo até que um arco-íris apareça, permitindo um *deleite* completo a cada colherada: o frescor do gelo traz o tom frio; a maciez do feijão e da gelatina contrasta com o arroz torrado; e a doçura das frutas e dos tubérculos locais (como jaca, banana e inhame roxo) se *mescla* com o leite -- e, se o felizardo desejar, com uma bola de sorvete. Herança do *apartheid* Um dos pratos de comida de rua mais populares da África do Sul é o *bunny chow*, um pedaço generoso de pão branco com um buraco no centro, servindo de recipiente para uma porção de cordeiro, frango ou peixe bem temperada com *curry* e pimenta -- assim como manda a tradição indiana, muito presente na costa sul- -africana, que une a África e a Índia. Com origem na década de 1940 em Durban, o *bunny chow* foi criado pelos indianos que trabalhavam nas plantações de açúcar da região como uma maneira de carregar seu *curry* sem derrubar. O pão branco era o mais barato e acessível e, por isso, era escavado e usado como uma es- pécie de tigela. Durante o *apartheid*, quando negros não podiam se sentar em restaurantes, o *bunny chow* também era uma alternativa de comida para viagem, vendida geralmente nos fundos das cozinhas. Fios de nozes georgianos À primeira vista mais parecem castiçais coloridos ou salsichas grumosas, mas trata-se de um doce cilíndrico típico da Geórgia, chamado *churchkhela*. Com origem na região do Cáucaso, um longo fio de nozes (hoje também são usadas amêndoas, avelãs ou passas) é mergulhado em uma mistura de suco de uva con- centrado, açúcar e farinha, construindo camadas de xarope de frutas ao redor da corda. Após dias de secagem, o bastão fica pronto para consumo. No passado, por ser nutritivo e compacto, de fácil manuseio, soldados georgianos carre- gavam esse doce nas batalhas. Aliás, a reputação de alto teor calórico como fonte de energia rendeu ao preparo o apelido ocidental de “barra de *snickers* da Geórgia”. Para os georgianos, no entanto, a iguaria é um lanche popular apreciada em fatias.

Ovo centenário chinês Embora o *pidan*, iguaria típica da culinária chinesa, seja conhecido por ovo milenar, ovo preservado ou até mesmo ovo de 100 anos, seu preparo não costuma levar mais de um mês. Feito com ovos de pato, ganso, galinha ou codorna, é coberto com sal, argila e cal e enterrado. Com o tempo, ele fica duro, com a gema esverdeada, a clara marrom, o aroma muito acentuado e o sabor parecido com o de um queijo forte. A origem do método de produção provavelmente surgiu de uma tentativa de estender o tempo de conservação de ovos em tempos de escassez de comida. Porém, há quem diga que, durante a dinastia Ming, um chinês descobriu por acaso que os ovos que um pato havia enterrado na terra de sua propriedade tinham mudado de cor e de sabor. Etiópia: o berço do café Diz a lenda que no século IX um jovem pastor chama- do Kaldi, cuidando de seu rebanho de cabras em uma mon- tanha na Absínia (atual Etiópia), observou que seus animais comiam os frutos vermelhos de um arbusto e ficavam frenéticos e saltitantes, até mesmo os mais fraquinhos. Intrigado com aquilo, Kaldi resolveu experimentar sua descoberta e, ao perceber que tam- bém ficava mais disposto e alegre, levou um ramo da planta para o monastério local, contando sua história. Logo, um monge queimou aquilo, desconfiando ser obra do diabo. Mas o odor que exalava dos grãos torrados caiu tão bem, que os próprios monges mudaram de ideia: como algo com aquele cheiro poderia ser pecado? Começaram, então, a preparar as cinzas e a estranha fruta com água, até que a nova bebida virou costume e acabou com o sono das orações. Em pouco tempo, o grão chegou à Turquia, onde surgiu o que hoje chamamos de café, e se espalhou pelo mundo. Na Etiópia, porém, a bebida é muito mais do que um combustível matinal -- é uma parte fundamental da vida social e cultural do povo que se autodenomina o "berço do café". Não à toa, realizam diariamente a *jebena buna*, a tradicional cerimônia do café, feita definitivamente para quem não tem pressa ou intolerância à cafeína. O ritual começa com a anfitriã, sempre mulher, espalhando ervas pela mesa e pelo chão e acendendo incensos. Em seguida, o preparo lento dos grãos exala o cheiro, que se mistura com o aroma da casa, criando um efeito *inebriante*. Moído, o café é adicionado à jebena (jarra especial de bico) com água fervente e levado ao carvão para fermentar até ficar amargo, espesso e potente. Fonte: Revista Aventuras na História; Edição 230; Julho de 2022; Editora Caras; São Paulo. Vocabulário Deleite: s. m. Satisfação. Inebriante: adj. Que extasia. Mescla (mesclar): v. Fazer ou sofrer mistura. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Cuidando do corpo e da mente Obesidade na adolescência A obesidade não é mais apenas um problema estético, que incomoda por causa da “zoação” dos colegas. O excesso de peso pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde como diabetes, problemas cardíacos e a má-formação do esqueleto. Cerca de 15% das crianças e 8% dos adolescentes sofrem de problemas de obesidade, e oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta. As crianças, em geral, ganham peso com facilidade devido a fatores tais como: hábitos alimentares errados, inclinação genética, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar entre outros. As pessoas dizem que crianças obesas ingerem grande quantidade de comida. Esta afirmativa nem sempre é verdadeira, pois, em geral, as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico que não precisam ser ingeridos em grande quantidade para causar o aumento de peso. Como exemplo podemos citar os famosos sanduíches (ham- búrguer, misto-quente, cheeseburguer etc.) que as mamães adoram preparar para o lanche dos seus filhos. As batatas fritas e os bifes passados na manteiga são verdadeiros vilões da alimentação infantil, vindo de encontro ao pessoal da equipe de saúde, que condena estes alimentos, expondo os perigos da má alimentação aos pais que, muitas vezes, ainda pensam que criança saudável é criança gorda. As crianças costumam também imitar os pais em tudo que eles fazem. Assim sendo, se os pais têm hábitos alimentares errados, acabam induzindo seus filhos a se alimentarem do mesmo jeito. A vida sedentária, facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores, televisão, videogames, etc), faz com que as crianças não precisem se esforçar fisicamente para nada. Hoje em dia, ao contrário de alguns anos atrás, as cri- anças acabam ficando em casa, já que seus pais, preocupados com a violência urbana, fazem inúmeras recomendações a esse respeito. Assim, consomem excessivamente biscoitos e

sanduíches, regados a refrigerante, enquanto se distraem na frente da TV, computadores, videogames, etc. Acabam, por tanto, praticando pouca atividade física, abandonando os hábitos de correr, pular, caminhar. Isto é um fator preocupante para o desenvolvimento da obesidade. Não são apenas os adultos que sofrem de ansiedade provocada pelo *stress* do dia a dia. Os jovens também são alvos deste transtorno, causado, por exemplo, por preocupações em semanas de prova na escola ou pela tensão do vestibular, entre outros fatores. A ansiedade os faz comer mais. É como se fosse uma comilança compulsiva, sem fome. Psiquiatras afirmam que por trás de um obeso sempre poderá existir um problema psicoló- gico, agravando-se devido a nossa cultura onde a sociedade exclui os gordinhos de várias brincadeiras pela sua condição. Isso só leva a criança ou adolescente a piorar porque quase sempre se tornam tímidos e envergonhados, acabam se isolando e fazendo da alimentação uma “fuga” da realidade, isto é, quanto mais rejeitados, mais ansiosos, mais comem. Pessoas com sintomas de depressão sofrem alterações no apetite podendo emagrecer ou engordar. Algumas pesquisas comprovaram que a pessoa de- primida, geralmente não pratica atividades físicas e come mais doces, principalmente, o chocolate. A obesidade pode ainda ter correlação com variações hormonais tais co- mo: excesso de *insulina*;

deficiência do hormônio de crescimento; excesso de *hi- drocortizona*, os *estrógenos* etc. Algumas pesquisas já revelaram que se um dos pais é obeso, o filho tem 50% de chances de se tornar gordinho, e se os dois pais estão acima do peso, o risco aumenta para aproximadamente 100%. Você já prestou atenção no fato de que sempre tem alguém gordinho na sua turma ou entre os seus amigos do bairro? Isso indica que a obesidade é um risco cada vez mais presente na vida dos jovens de hoje em dia, o que é muito preocupante. Você sabia que nos anos 70, a relação de brasileiros obesos entre 6 e 18 anos era apenas 3%? E o pior é que nos últimos 30 anos o contingente de gordos aumentou 5

vezes, ou seja, aproximadamente 6,5 milhões de crianças e adolescentes são obesos. Prevenção é a palavra-chave para evitar a obesidade. Aqui vão algumas dicas recomendadas por médicos e nutricionistas para que você se previna contra esse mal e tenha uma vida sempre saudável: a) seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras; b) respeitar os horários das refeições e não beliscar guloseimas entre um intervalo e outro; c) evitar alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes; d) praticar atividades físicas, sejam esportes no colégio ou academia, desde que seja orientado por um profissional. Caminhar é a

melhor pedida, pois qualquer pessoa pode; e) beber bastante água, pelo menos dois litros por dia. A água é importantíssima no bom desempenho das funções do organismo. Principalmente para quem pratica atividades físicas, pois mantém o corpo sempre hidratado. A obesidade é um problema grave e deve ser encarado com cuidado. Se você está ou conhece alguém que esteja acima do peso, deve procurar ajuda médica, pois as causas da obesidade podem ter diversas origens, desde hábitos irregulares até fatores genéticos e hormonais. Quanto mais cedo for tratada, maiores são as chances de cura. Mas não se esqueça de que o mais importante é estarmos de bem com nós mesmos. Ter um corpo

legal depende do equilíbrio emocional e uma mente consciente. Fonte: ~,http:ÿÿwww.fiocruz.~ brÿbiossegurancaÿBisÿ~ infantilÿobesidade-~ infantil.htm~, Acesso em: 23/11/2022. Vocabulário Estrógenos: s. m. O estrogênio ou estrógeno é um dos principais hormônios sexuais da mulher. Hidrocortisona: s. f. Um hormônio que pode ser obtido diretamente das suprarrenais, ou por síntese, usado em medicina como agente anti-inflamatório. Insulina: s. f. Hormônio produzido pelas células beta

do pâncreas que se relaciona com o controle de glicose no sangue. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Espaço do leitor Maria Preguiçosa Folclore português Era uma vez um honesto homenzinho que vivia numa pequena aldeia com sua filha. Essa moça chamava-se Maria, mas tinha um grande defeito: era muito preguiçosa. De tal maneira que o pai duvidava se ela, um dia, viria a arranjar rapaz que a quisesse para mulher. -- Maria, -- disse um dia o pai preocupado -- tu não podes continuar. O que há de ser do homem que for teu marido?

-- Meu pai, deixe lá isso que eu ainda tenho tempo. O pai, porém, não se cansava de lhe dar bons conselhos. Mas a filha não fazia grande caso e lá passava um dia inteirinho na cama, sem ajudar em nada na lida caseira. Passado algum tempo, um jeitoso e bom rapaz se apresentou em casa do senhor Antônio, pai de Maria. -- Senhor Antônio, chamo- -me João e gosto muito de sua filha. Desejo casar-me com ela -- disse. -- Olha que minha filha não te serve, meu rapaz. Ela é muito preguiçosa -- alertou Antônio. -- Isso é comigo -- respondeu João. -- Bem, se assim é, ficamos combinados. E não quero queixas -- disse o homem. O casamento aconteceu com grande pompa e, depois disso, Maria foi viver para as terras do João. Passados dois ou três dias, certa manhã, João levantou-se cedo para ir para o campo trabalhar e avisou à esposa que queria o almoço na hora. Maria, porém, ficava sempre adiando o momento de levantar-se dizendo. -- Ainda é cedo. Eu tenho tanto tempo... E assim, passou-se a manhã e quando João chegou, a casa estava por varrer, a louça por lavar, o lume por acender e do almoço não havia nem sinal. -- O que foi que te disse, mulher? Onde está o almoço? -- reclamou o marido zangado. -- Não tive tempo -- defendeu-se Maria, sem se levantar.

João, então, arrumou a casa, acendeu o lume, descascou batatas, preparou a comida. Quando tudo estava pronto, sentou-se para comer. -- E para mim? Não tem nada? -- perguntou a mulher lá da cama. -- Quem não trabalha não come -- fez João. E de onde estava, foi dizendo alto o que ia comendo para Maria ouvir. -- Esse bocado é para quem arrumou a casa. Esse é para quem preparou o almoço... -- e assim ia dizendo tudo o que fez. Dois dias ainda e a mesma coisa aconteceu. A cada vez que Maria perguntava por sua parte na comida, João respondia: -- Quem não trabalha não come.

No terceiro dia, Maria levantou-se da cama assim que o marido saiu, a ver se sobrara algo da véspera que ela pudesse comer. Chegando ao lado de fora da casa, viu que para as galinhas havia milho e água. Viu tam- bém que elas chocavam e cuidavam dos pintinhos e pensou: -- Elas trabalham. Aproximou-se do curral e viu que havia feno para bois e vacas. O leite estava servido em um balde e os animais estavam alimentados. -- A vaca deu o leite, mas recebeu sua paga. Ela trabalha -- pensou Maria, pegando o balde e servindo-se de leite saboroso. Então, fortalecida por ter buscado alimento, entendeu que poderia trabalhar também.

Pegou a lenha que já estava rachada e ateou fogo ao fogão. Lavou a louça, varreu a casa. Quando João vinha pelo caminho, sentiu cheiro de comida bem temperada sendo preparada e viu fumaça saindo de sua casa. Já estava tão habituado à mulher preguiçosa que temeu um incêndio e correu assustado. Ao chegar porém, viu que Maria cantarolava e examinava as panelas calmamente. -- Vai te lavar que logo o almoço está pronto -- disse ela satisfeita com o resultado do que fazia. Ele elogiou a comida, o esforço, o trabalho dela e os dois almoçaram juntos. Daí por diante, sempre trabalhando lado a lado, Maria e João foram felizes, sempre

ensinando aos filhos que para se viver bem é preciso trabalhar e quem não trabalha não come. (Enviada por Fernando Branco) Relato pessoal sobre a experiência com o rádio Aluna: Marcia Faria Ferreira Turma: IM2 O rádio e eu Lembro-me bem, quando cri- ança, do meu pai ouvindo seus ídolos cantando na rádio, e ele também ouvia muitos jogos de futebol. Cresci com o rádio sempre presente em minha casa. Na adolescência, o rádio também

fez parte da minha história, pois, quando conseguia ficar sozinha em casa, ligava o rádio na JB e ficava deitada ouvindo. Em um dos meus primeiros trabalhos, por volta do início da década de 1990, que foi numa fábrica de coleiras de cachorro, quem chegasse primeiro já corria e ligava o rádio. Ele ficava ligado desde a hora em que a fábrica abria até a hora em que a fábrica fechava. Nessa época, ouvia muito a família Caymmi e aprendi a gostar das músicas que eles cantavam. Chegou uma época da minha vida em que eu não podia ouvir mais rádio porque eu trabalhava na área de saúde e não podia ficar com rádio ligado no setor.

Hoje em dia, eu ouço rádio somente quando vou limpar a casa ou quando estou com o tempo livre. Onde eu moro é muito barulhento e por isso, às vezes, prefiro ficar no silêncio, quando isso é possível. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Bem, pessoal, espero que tenham gostado. Vou direto provar o doce colorido das Filipinas, mas não tenho coragem de experimentar o ovo centenário chinês. Será que você tem coragem? E para finalizar, eu acho que os sapos e as cobras poderiam ser amigos mesmo com todas as suas diferenças.

Até a próxima! Um abraço do seu amigo Furinho! õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra Transcrição: Jorge Luiz Frazão de Figueiredo Coordenação de revisão: Geni Pinto de Abreu Revisão Braille: Elvis Filgueiras Ramos Produção: Instituto Benjamin Constant Ano: 2023