Proposta brasileira busca destravar negociações
Reunião de Sherpas do G20 vai separar o debate geopolítico para avançar na construção de consenso. O encontro inova também ao integrar a Trilha de Finanças e a interação direta com representantes de grupos da sociedade civil.

Por Tiago Santos de Souza / Site G20 Brasil
O objetivo brasileiro para o G20 é evitar que discordâncias geopolíticas emperrem os trabalhos e impeçam que ministros produzam documentos acordados em suas áreas. A estratégia de dividir os documentos com declarações em separado, foi feita durante a terceira reunião de Sherpas do G20, realizada no Rio de Janeiro de 3 a 5 de julho. Os representantes dos países discutiram também mudanças climáticas, desigualdade e temas sensíveis, com o objetivo de destravar negociações, qualificar a governança global e impulsionar ações concretas. O encontro foi marcado por inovações, como incluir uma sessão com representantes da Trilha de Finanças e outra com a participação inédita dos Grupos de Engajamento do G20 Social.
O Sherpa brasileiro do G20, o embaixador Mauricio Lyrio, fez um balanço dos três dias de evento na tarde desta sexta-feira. A reunião começou com uma sessão de apresentação sobre o andamento dos grupos nas duas trilhas principais, a Trilha Sherpa e a Trilha de Finanças. A embaixadora Tatiana Rosito, responsável pelas questões econômicas, e o embaixador André Corrêa do Lago fizeram um briefing detalhado e ouviram alguns dos encaminhamentos. A sessão inicial também destacou a Mobilização Contra a Mudança do Clima e o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza no final do mês de julho.
No segundo dia o foco foi a discussão de temas geopolíticos, considerados as questões mais controversas da agenda internacional. “Um dos objetivos dessa reunião era permitir que os grupos de trabalho possam ter os seus resultados aprovados por todos, e consigam documentos dos próprios ministros”, explicou Lyrio. Impasse nos textos impossibilitaram a publicação de declarações conjuntas desde 2022 e a expectativa é avançar com propostas claras de ação para o bloco.
A presidência brasileira inovou ao promover uma interação direta entre os Sherpas do G20 e os coordenadores dos Grupos de Engajamento, como os grupos de mulheres (W20), jovens (Y20), cientistas (S20), sindicatos (L20) e empresários (B20). A sessão teve como objetivo receber contribuições da sociedade civil, alinhando as ações do G20 aos interesses cotidianos das pessoas. Para o embaixador esse processo foi bem acolhido por todos e vai deixar o “G20 mais perto da sociedade”.
O último dia da reunião foi dedicado ao planejamento dos próximos passos rumo à cúpula em novembro. Discussões sobre a estrutura da futura declaração de líderes, reuniões ministeriais e a necessidade de gerar resultados concretos foram centrais.
O encontro é um passo importante na preparação para a Cúpula do G20, promovendo um diálogo objetivo sobre propostas para os países e reflete o compromisso da presidência brasileira com um G20 mais próximo das necessidades da população.