“Países precisam se preparar para eventuais novas emergências sanitárias”, diz embaixador
Na primeira reunião da Força-Tarefa de Saúde e Finanças, países-membros retomaram o engajamento no tema em reunião do fórum. Pauta sofreu certa desmobilização durante a emergência sanitária da Covid-19. Na reunião desta quinta-feira (1), técnicos dos países-membros conseguiram propor uma nova direção à agenda para impactar os tomadores de decisão.

Por Mara Karina Sousa-Silva/Site G20 Brasil
A pandemia da Covid-19 afetou drasticamente os debates sobre finanças e saúde, mas tem sido retomados nas discussões do G20, fórum das 20 maiores economias do mundo. De acordo com o embaixador Alexandre Ghisleni, coordenador da Força-tarefa de Finanças e Saúde pelo Ministério da Saúde do Brasil, durante a reunião desta quinta-feira (2), o técnicos dos países-membros conseguiram dar uma nova direção à pauta para impactar os tomadores de decisão global, o que já “representa um fato positivo para a presidência brasileira”.
“Conseguimos dar um novo rumo para essa discussão, com novas propostas, colocando de novo a questão do financiamento da saúde em bases estáveis, mais adequadas, de uma maneira muito conectada com os temas atuais e chamando a atenção de tomadores de decisão. Nos abre caminho para aprofundar essa discussão, conseguir chegar a resultados concretos que mudem o cenário do financiamento para a saúde no Brasil e no resto do mundo”, explicou Ghisleni durante coletiva de imprensa.
Um dos pontos de destaque abordados durante a reunião é o Debt For Help, que busca impulsionar que o pagamento de dívidas pelos países sejam substituídos por investimentos para a saúde. Helder Silva, coordenador do GT pelo Ministério da Fazenda, destacou que o tema abriu a reunião como objeto de extenso debate e será alvo de aperfeiçoamento, a partir da experiência prévia das nações com esse mecanismo financeiro.
“Em abril, a gente vai ter uma primeira reunião para congregar os atores desse processo e colher a partir inputs de todos eles para começar a construir um relatório que vai ser útil para que todos os países e instituições estejam na mesma página e aí a partir disso a gente também avança nas discussões técnicas sobre o tema”, revelou Silva.
Ghisleni destacou que, embora parte da população mundial considere a emergência sanitária como passado, o grupo tem como prioridade que os países se antecipem para a eventualidade de uma próxima pandemia. "Se nós não nos prepararmos para a eventualidade de uma próxima pandemia nós seremos surpreendidos de uma maneira tão negativa como fomos com a Covid. E é esse trabalho preparatório que está na raiz de tudo que estamos fazendo”, enfatizou.

Acesso universal à saúde
O debate internacional sobre saúde tem como uma de suas prioridades a busca pela cobertura universal de saúde. Nesse tema, Ghisleni indicou ser possível alcançar uma situação em que todos os cidadãos do mundo tenham acesso aos serviços de saúde. O embaixador reconheceu que, apesar das críticas que podem ser direcionadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil possui uma vantagem significativa.
“Com um sistema público gratuito aberto a mais de 200 milhões de brasileiros, o país se encontra em uma posição favorável no debate internacional. Mesmo com possíveis melhorias no SUS, o Brasil tem lições valiosas a oferecer e uma experiência que pode servir como referência para discussões sobre como garantir o acesso universal à saúde em nível global. Essa perspectiva reforça a relevância do Brasil como um exemplo a ser considerado nas deliberações sobre políticas de saúde em âmbito internacional”, resgatou Ghisleni.