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Boletim G20 Ed. 243 - Perspectivas Cidadãs: combate efetivo à fome passa por soluções da sociedade civil global

Medidas internacionais robustas de combate à fome enfrentam desafios como a falta de investimento. As múltiplas crises globais também são entrave, mas as soluções podem vir da sociedade civil. Ouça a reportagem especial e saiba mais.

21/10/2024 14:51

Repórter: A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 733 milhões de pessoas estão enfrentando a fome no mundo e 2,8 bilhões de pessoas não conseguem ter acesso a alimentação saudável. O Programa Mundial de Alimentos (WFP) estima que neste momento cidadãos de 16 Estados, entre eles a República Democrática do Congo, o Haiti, o Myanmar, o Estado da Palestina e a Ucrânia, enfrentam emergências humanitárias ocasionadas por conflitos que aprofundaram a escassez de alimentação adequada, além de diversas outras situações de vulnerabilidade. 

Além da situação de instabilidade crescente em diversas regiões pelo mundo, a emergência climática também impõe restrições severas à produção de alimentos. Em 2024, a ONU emitiu um alerta de que nem mesmo os resultados econômicos positivos em recuperação à pandemia da Covid-19, o número de pessoas convivendo com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição continuam a aumentar em muitos países pelo mundo. A tendência é que as metas globais de nutrição não sejam atingidas até 2030, com efeitos ainda mais graves para as mulheres, jovens e comunidades indígenas.

José Graziano da Silva, engenheiro agrônomo com atuação em questões de segurança alimentar e desenvolvimento nutricional reconhecida internacionalmente, é fundador do Instituto Fome Zero, que tem como objetivo preservar a memória do combate à fome do Brasil, tendo medidas globais como perspectiva. Ele avalia que são três os obstáculos que impedem o avanço de medidas globais contra a fome e a pobreza: pouca prioridade das ações de cooperação internacional; a falta de recursos disponíveis e os desafios para a implementação de políticas públicas internacionais. 

José Graziano da Silva: Resolver o problema da falta de recursos não é um problema de longo prazo; é um problema imediato. Se não o resolvermos, milhões e milhões de pessoas continuarão morrendo de fome no mundo, e o caminho está dado num curto prazo. Primeiro, perdoar as dívidas dos países mais pobres. Segundo, reduzir as taxas de juros dos empréstimos para esses países, ou até isentá-los de juros. E terceiro, aumentar a ajuda oficial ao desenvolvimento.


Repórter: Kiko Afonso é  diretor-executivo da Ação da Cidadania, organização não-governamental  fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, e desde a década de 90 lidera diversas ações para a erradicação da fome e da pobreza no Brasil. 

Ele enfatizou que organizações da sociedade civil podem trazer melhorias significativas para políticas existentes, a partir das experiências práticas e, principalmente, em conversa com as comunidades nos territórios. Para Afonso, atuam em articulações fundamentais para ajudar os governos a remediar problemas. 

Kiko Afonso: Nenhuma organização sozinha pode resolver o problema da fome. Precisamos lutar para que as políticas públicas sejam efetivas. Qualquer organização que atue, seja de combate à fome, saúde e direitos humanos, tem que estar sempre aliada a uma atuação muito forte para políticas públicas que possam melhorar de forma definitiva as questões sociais da sociedade. 

Repórter: Saiba mais sobre o tema e leia a notícia completa no site do g20.org. O tema da próxima reportagem especial são os esforços para frear os efeitos da mudança do clima. 

Reportagem de Mara Karina Souza-Silva, especial para o G20. Locução, Franciéli Barcellos.

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