Notícias
56 anos da Fundacentro
Conexão entre presente e futuro da SST é um dos temas abordados no aniversário da Fundacentro
Em comemoração aos 56 anos da Fundacentro, o painel “Presente e futuro da Saúde e Segurança no Trabalho (SST)” promove uma reflexão sobre o trabalho atual da instituição e suas implicações para o amanhã. O evento ocorreu em 21 de outubro e foi transmitido no YouTube.
O painel contou com um bate-papo dinâmico, mediado por Erika Benevides, com as presenças de Claudio Brunoro, Juliana Oliveira, Dalton Cusciano e Mauro Laruccia. Os cinco subiram ao palco do auditório da Fundacentro para fazer uma reflexão sobre SST, inovação e os trabalhos desenvolvidos pela instituição.
Durante sua fala, a diretora de pesquisa Aplicada Erika Benevides aponta que os servidores da Fundacentro, ao longo dos anos, trouxeram a inovação para a instituição. “Nesses 56 anos de Fundacentro, os servidores foram desbravadores, inovadores. Foram pessoas que enxergaram um ponto lá no futuro para podermos fazer o que fazemos hoje”, conclui a diretora.
“As pesquisas, as atividades laborais e o laboratório de inovação da Fundacentro vêm trilhando o caminho de resolução de problemas com foco na SST. Então, num contexto reflexivo, podemos prever que os desafios normativos que enfrentamos, atualmente, poderão nos levar a resolução de problemas futuros, que poderão dar subsídios para as políticas públicas”, explica Benevides.
Já a tecnologista da Fundacentro Juliana Oliveira realiza uma reflexão sobre as mudanças na sistematização do trabalho. “A velocidade com a qual está ocorrendo mudança nos processos de trabalho e, consequentemente, na organização do trabalho tem chamado atenção. E isso vem mudando com o surgimento de novas ocupações e com a introdução de novas tecnologias. Temos a introdução de novos riscos na SST, mas também não deixamos para trás os riscos que já existiam”, alerta Oliveira.
A tecnologista, ainda, aproveita a oportunidade para falar do relatório técnico "Organização do Trabalho e a Segurança e Saúde de Motociclistas que Trabalham com Aplicativo”, um estudo que, além de constatar que a baixa remuneração dos entregadores de App repercute diretamente em diversos aspectos relacionados à SST, traz medidas preventivas que podem auxiliar a vida laboral desses profissionais. O material é fruto do projeto de pesquisa “Análise da organização e condições de trabalho em atividades em Crowdsourcing” da Fundacentro, do qual Oliveira faz parte.
As ciências do trabalho também entraram em pauta durante as discussões. O ergonomista, fundador do Instituto Trabalhar, Claudio Brunoro resgata o significado do exercício da atividade laboral. Para ele exercer um ofício não é só produzir, mas sim se transformar e viver junto.
“O trabalho tem a ver com o que eu adiciono, com o uso da minha inteligência, da minha criatividade e do meu corpo. Trabalho tem a ver com aquilo que eu coloco de vivo em cena. No final das contas, nós seres humanos queremos ser úteis e é com o trabalhado que nós temos essa oportunidade”, acrescenta Brunoro.
O ergonomista ainda evidência que a saúde do trabalhador não se refere apenas a ausência de doenças. O estado de bem-estar deve estar ligado ao potencial de cada indivíduo em agir no mundo. “Quanto mais saudável estou fisicamente e psicologicamente, maior é meu potencial de ir e vir”, esclarece o ergonomista.
O analista em Ciência e Tecnologia (C&T), da Fundacentro, Dalton Cusciano traz para o painel a perspectiva sobre os aspectos legais relacionados ao trabalho, apontando como a legislação brasileira ainda se encontra desatualizada em alguns pontos. “Nós temos um panorama legislativo muito atrasado para as situações que são diárias e para as modificações de relações, que são extremamente fluidas e dinâmicas, na atualidade”.
“Como que eu caracterizo o trabalho hoje? Será que é fácil caracterizar uma relação trabalhista hoje? Não, muito pelo contrário. É extremamente difícil, nós temos relações trabalhistas transfiguradas de diversas formas. O que eu vejo no legislativo é uma tentativa de revisitar algumas instituições e conceito e tentar dar novo enfoque”, salienta Cusciano.
O analista também comenta sobre a publicação da Lei 14.457, de 21 de setembro de 2022, que deu nova redação a Cipa. Com sua entrada em vigor, a Cipa passa a se chamar Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio e, agora, suas competências incluem a inserção de medidas que promovam a prevenção e combate ao assédio sexual e as demais formas de violência no âmbito do trabalho.
Mauro Laruccia, analista em C&T da Fundacentro, também participa da conversa focando nas questões relacionadas à inovação. Para ele, a inovação parte da criatividade para gerar a solução imediata para um problema.
Um exemplo de inovação mencionado por Laruccia são os exoesqueletos, um tipo de esqueleto externo que o trabalhador utiliza para dar mais conforto e melhorar a postura em atividades que exigem mais força e, às vezes, maior curvatura da coluna.
“Os exoesqueletos são instrumentos que servem como uma extensão do corpo humano, que podem auxiliar o trabalhador ou protegê-lo, melhorando o desempenho, a capacidade e proporcionando menos riscos à saúde e mais segurança”, explica Laruccia.
Homenagem
A celebração dos 56 anos da Fundacentro também foi marcada pela homenagem prestada à servidora Arline Arcuri, doutora em físico-química pela USP, pesquisadora da instituição desde 1987. O agraciamento foi conduzido pela analista em C&T, Cristiane Reimberg.
“Nós queremos agradecer a Arline pelos 35 anos de trabalho que ela realiza nessa instituição, atuando, com diversos temas, como a segurança química, exposição à agentes químicos, exposição ao benzeno e nanotecnologia. E por ela ser essa mulher forte que é exemplo para todos nós”, completa Reimberg.
A homenagem ainda conta com a apresentação de um vídeo com depoimentos de amigos e parceiros de trabalho da pesquisadora, que enalteceram sua competência e dedicação no âmbito da SST.
Em seu discurso de agradecimento, Arcuri aponta aspectos sobre os trabalhos realizados pela Fundacentro, realiza um breve relato sobre sua trajetória na instituição e analisa processos de trabalho vivenciados.
“Tive dois empregos antes de entrar na Fundacentro, mas, certamente, meu emprego aqui foi o que me deu mais satisfação pessoal. Seja por poder colocar meus conhecimentos de química a favor da proteção da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, seja pelo meu engajamento em diversas manifestações em defesa dessa instituição”, afirma a pesquisadora.
Como símbolos de agradecimento, a pesquisadora também recebeu uma placa de condecoração e estátuas, em bronze, que representam o papel social da instituição que é zelar pela saúde e segurança do trabalhador.