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HUGG-Unirio/Ebserh realizou 9520 internações ao longo de 2022. Números são quase o dobro quando comparados com o período 2019/2021
Assim como na política, a Gestão Pública trata a respeito da administração de conflitos. E, ao contrário do que se imagina, isso é positivo, pois é a partir da construção coletiva, possibilitada apenas por múltiplas vozes e múltiplos saberes, que se cresce, se fortalece e se diferencia. E uma parte interessada e importante neste processo é a sociedade. Quando falamos de um hospital universitário, que é responsável desde a formação até a assistência da população, a transparência é ainda mais fundamental. Por isso, no último dia 12/01, no Anfiteatro Geral do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio/Ebserh), a Gerência Administrativa (GA) e a Gerência de Atenção à Saúde (GAS) apresentaram o relatório de Gestão de 2022 do HUGG à comunidade. Participaram da mesa João Marcelo Ramalho Alves, superintendente do HUGG, Vinicius Martins, gerente administrativo, Pedro Eder Portari Filho, gerente de Atenção à Saúde, e Marcus Vinicius Braga, auditor interno. Dentre os números apresentados, destacam-se as 9520 internações realizadas ano passado, quase o dobro quando comparadas anualmente entre 2019 e 2021, e a força tarefa montada pela parte administrativa do hospital, em parceria com a assistência e a sede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), para licitar, em tempo abaixo da média e cumprindo todos os ritos legais, desde a homologação até a contratação, e empenhar itens básicos, que garantem uma segurança na parte de gestão orçamentária e, consequentemente, uma segurança nos estoques de itens críticos:
– Muitos resultados surgem a partir das adversidades, mostra que temos de ser eficientes na aplicabilidade de recursos. Ao identificarmos que o caixa após renovação do contrato com o município não seriam suficientes para arcar com os custos previstos mínimos, fizemos vários movimentos como de buscar novos recursos. Em maio já começamos a negociar com a Ebserh para a complementação do recurso de custeio, que veio posteriormente, além disso transferimos alguns recursos de projetos de investimento para 2023, pois sabíamos da necessidade de compra de material e de medicamentos. Passamos a ter mais controle, planejamento baseado em escolhas técnicas, padronização, diálogo, mas sempre mantendo nosso padrão de qualidade e garantindo o essencial para a assistência e a formação –, falou João Marcelo Ramalho Alves, superintendente do hospital.
– Logo no início de setembro montamos nosso plano de contingência, já que alguns recursos eram escassos, por meio de uma filosofia de atuação matricial, ou seja, atuamos por projeto e juntamos uma equipe multidisciplinar, conseguindo alinhar um único problema onde todos puderam participar e dividir. Montamos uma equipe forte com todas as áreas da Gerência Administrativa, com cada um colaborando com a sua expertise e vivência, com apoio da sede e da GAS –, informou Vinicius Martins, gerente administrativo do HUGG.
– A gestão da área de saúde é a principal dificuldade do mundo inteiro. Tanto na Medicina socializada quanto na Medicina privada, afinal um hospital é um mosaico de pessoas e um mosaico grande de ofertas tanto na área de formação, no nosso caso, quanto na assistencial. Quando começamos a entender que o trabalho da equipe não se refere apenas à equipe de saúde, mas também às equipes administrativas, de suporte, de engenharia, começamos a ganhar em qualidade, volume de trabalho e oferecimento de produtos, com um respaldo administrativo, jurídico e social, conforme podemos mostrar no relatório de gestão –, continuou Pedro Eder Portari, gerente de Atenção à Saúde.
Um hospital universitário tem características diferentes dos dedicados exclusivamente ao atendimento assistencial, afinal existe o componente acadêmico, onde é preciso ter uma visão que vá além de apenas receber, atender, operar e dar alta em usuários. Isso cria complexidades que impactam, inclusive, nos custeios de itens básicos, como, por exemplo, a quantidade de luvas descartáveis que devem ser adquiridas. Afinal, um discente que está num ambiente de aprendizado é mais suscetível a desperdícios por estar, justamente, ali para isso, adquirir conhecimento, conforme explicou Pedro Portari:
– Nós temos a missão de ensinar, afinal somos um centro produtor de ciência e formador de profissionais para a rede pública do Brasil. Temos profissionais completos tanto na capacidade de operar quanto de treinar alunos de graduação e ensinar residentes de mestrado e doutorado. Isso é um diferencial que não se encontra facilmente no mercado –, completou o gestor.
- Temos de respeitar as necessidades de ensino. Então quando separamos grade cirúrgica e quais procedimentos realizar, temos de levar em consideração todas as vertentes. Muitos procedimentos têm de ser feitos, mesmo sabendo que não terão as despesas cobertas, mas temos a responsabilidade pelo ensino e formação -, adicionou João Marcelo.
Outro diferencial em um hospital universitário é que ele não pode se guiar apenas pela metodologia custo/benefício, tendo que se dedicar tanto à média complexidade, representada pelo dia a dia dos procedimentos ambulatoriais e de internações, e que garantem uma tabela fixada de valores contratualizados junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), gestora do contrato junto ao SUS, quanto à alta complexidade, representada por exigências mais robustas e que, por isso, pode não ser encontrada tão facilmente em hospitais voltados para o ensino de diversas escolas de Saúde que compõe a universidade. Os procedimentos de alta complexidade são compostos por valores pós-fixados, ou seja, só são dados mediante comprovação de realização, conforme salientou o gestor da GAS.
– Esse dinheiro fixado será entregue ao HUGG todo mês, desde que cumpramos o contrato que assinamos com a SMS. Se você cumpre mais de 80% do contrato você recebe 742 mil, no nosso caso. Conforme se cumpre menos, se recebe menos. Isso é muito bem operacionalizado pelo nosso Núcleo Interno de Regulação (NIR). Até porque essa é uma regulação constitucional. Somos um hospital 100% SUS, por isso devemos atender tanto a sociedade da cidade do Rio de Janeiro quanto do estado. Já quanto a alta complexidade, apesar de trazer um maior aporte financeiramente e ser uma demanda cada vez maior da sociedade, não podemos deixar de lembrar que existem, ainda, alunos no início da graduação de Medicina e de outras áreas –,emendou o gestor.
Outro fator que ajudou a organizar a produção hospitalar foram os avanços feitos pela equipe do Setor de Tecnologia da Informação e Saúde Digital (SETISD) junto à compilação de dados que passaram a compor um censo digital diário e atualizado, onde se sabe quem está internado, quem saiu e quem entrou nos leitos.
– Começamos a ter dados que antes não tínhamos para estudar e que são repassados pela transparência da SMS e captados pelo nosso NIR, comprovando nosso crescimento no número de internações desde 2019. Se levarmos em consideração que perdemos boa parte de nossa força de trabalho durante a pandemia, especialmente durante a chegada da variante omicron, percebemos, ainda mais, a dedicação, capacidade e empenho das equipes para levar o melhor atendimento à população –, afirmou Portari.
O padrão de gestão proporcionado para os 41 hospitais universitários da rede Ebserh também foi um dos pontos de destaque, de acordo com o gerente administrativo Vinicius Martins:
– Temos limites de recursos humanos, orçamentários e de infraestrutura, mas acredito que se faz gestão diante das dificuldades, pois quando se tem dinheiro de sobra, muitas vezes a gestão fica em segundo plano. Além disso, temos de mudar a visão de índice de qualidade da gestão orçamentária voltada apenas para execução, o que está errado, pois executar apenas não quer dizer que se executou bem. Por isso, quando montamos nosso plano de contingência, nos preparamos para receber o máximo de recursos possíveis, adiantando e formalizando todas as etapas dos processos, para executar com qualidade e capacidade técnica/operacional. Isso se deu a partir da conversa com cada área assistencial para entendermos a utilização de cada material. Ou seja, mesmo diante de uma crise orçamentária poderemos planejar onde racionalizar, mas tendo a certeza de que os itens básicos estão garantidos. Fatores externos vão continuar acontecendo, claro, mas com o planejamento conseguimos nos adiantar para encontrarmos alternativas. Desta maneira, tivemos preferência nos recursos disponibilizados pela Ebserh, que contribuiu com 22 milhões dentre os 39 milhões utilizados para o custeio de 2022, pois detalhamos cada etapa que gastaríamos, o que foi fundamental para fecharmos o ano abastecidos –, prosseguiu Vinicius.
– Antes não tínhamos estrutura administrativa que nos permitia levantar dados corretos e muitas das nossas decisões se tornavam empíricas, em cima da hora, sem método e sem controle. Hoje fazer bem feito significa ter de valorizar toda uma cadeia de pessoas que estão intimamente relacionadas com o resultado da ponta. Não adianta eu ter um excelente cirurgião se não tenho equipe de farmácia, licitação, infraestrutura, administrativa, engenharia, que dê condições para que todas as necessidades para aquela cirurgia, aquele procedimento, aquela internação, aconteça de forma correta –, acrescentou o superintedente.
As rotinas implementadas a partir de sugestões da Auditoria Interna também foram apontadas como avanços na gestão e na transparência, afinal as recomendações da área servem como norte na prevenção e resolução de problemas. Foram destacadas as iniciativas de auditoria mensal no ponto eletrônico; divulgação das escalas de trabalho; publicização dos processos seletivos das chefias e avanço no cumprimento da Lei de Acesso à Informação (LAI) no site do HUGG:
– Momentos como esse de prestação de contas servem não só como aprendizado organizacional, mas também como reflexão, pois todo mundo passa a conhecer o que foi feito e passa a entender o que a organização faz. Passa a avaliar e ter uma percepção da importância do seu papel, do seu trabalho. Gostaria de parabenizar a administração por essa iniciativa. Nosso país precisa de uma cultura de avaliação, de uma cultura de prestação de contas, pois não existe qualidade sem avaliação e prestação de conta –, apontou Marcus Braga, auditor interno.
– Quando mostramos o número de internações feitas, significa que mostramos que esse hospital atendeu uma população pública que é muito importante. Quando mostramos o que fazemos, estamos realmente dizendo para a sociedade que o dinheiro empregado aqui é um dinheiro justo, mostramos, assim, que realmente atendemos o contrato da secretaria municipal e mostramos que estamos cumprindo a Constituição e formando os profissionais de saúde que irão, também, cumprir essa Constituição, contando, sempre, com a parte administrativa que nos dá respaldo, ou seja, um hospital universitário onde todo mundo aprende, todo mundo pesquisa e todo mundo trabalha –, falou Pedro Portari.
– Por meio da prestação, toda a sociedade passa a conhecer de fato as limitações, forças e fraquezas de cada unidade. Então nós, que temos todos os desafios que são gerenciar recursos dentro da saúde pública e do ensino e pesquisa, quando fazemos a prestação de contas, aumentamos a possibilidade do controle social. A instituição vê sua credibilidade aumentar perante a sociedade. Na verdade, trata-se de um papel constitucional que todo gestor deveria fazer, mas é um compromisso meu desde que cheguei e repasso isso para minha equipe. Espero perpetuar e aumentar essa questão da sessão pública, não ficando limitado aos colaboradores e/ou participantes do HUGG e sim para que toda sociedade conheça cada centavo gasto no hospital –, informou Vinicius Martins.
– O HUGG é um hospital público e foi concebido para servir a sociedade. Entre custeio e folha de pagamento temos um valor anual de 280 milhões de reais, pagos com impostos vindos dos cidadãos, não custamos barato. Por isso, nada mais óbvio e necessário do que prestar contas do que fazemos e como fazemos. A transparência e a comunicação clara são fundamentais para uma instituição saudável. Temos de ser transparentes para mostrarmos que somos bons, mas também para reconhecermos onde precisamos melhorar, e quais as condições que necessitamos para obter essa melhora. Temos de ter princípios de ser claros, transparentes e corretos, assumindo erros e tentando, ao máximo possível, corrigi-los a tempo, pois somos uma ferramenta para o bem da sociedade. E se fizermos isso dando exemplo para todos que estão ao lado, nos vendo, seremos referencia –, concluiu João Marcelo.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.