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IMUNIZAÇÃO
HUGG lança cartilha animada sobre a importância da vacinação
A pandemia de Covid-19 representa, até agora, a maior tragédia sanitária do século XXI. Desde o aparecimento dos primeiros casos, no final de 2019, já morreram mais de seis milhões de pessoas em decorrência da doença. Parte considerável desses óbitos ocorreu por não existirem remédios ou vacinas preparadas para combater o surgimento de um novo vírus no organismo da população. Esse quadro só começou a ser revertido a partir da disponibilização dos primeiros imunizantes capazes de frear a devastação causada pelo patógeno. Tal fato só reforça a importância da vacinação como forma de prevenção. Entretanto, o que se observa no Brasil e no mundo é o retrocesso na busca por essa profilaxia, acarretando a possibilidade de retorno, inclusive, de outras doenças erradicadas como a Poliomielite e o Sarampo. Pensando nisso, e em consonância com as estratégias de campanha do Ministério da Saúde, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio/Ebserh) lançou uma cartilha animada e ilustrada para conscientização a respeito da importância da imunização:
– A vacina é uma das grandes conquistas da Medicina. Ela contém, em sua composição, fragmentos de vírus ou bactérias, inativos ou enfraquecidos, que ao serem expostos ao nosso organismo ajudam na criação de imunidade e na produção de anticorpos para enfrentamento do patógeno, em sua total potência, caso ocorra a infecção. Por isso, essas doenças são conhecidas como imunopreviníveis –, informou a infectologista Debora Otero.
Os fatores ocasionadores da volta dessas enfermidades são variados, mas um dos principais deles é a falta de informação. Por envolverem estratégias de sucesso no passado, o desaparecimento dessas doenças faz com que boa parte da população não tenha conhecimento da seriedade do tema:
– As vacinas são extremamente seguras, eficazes e conhecidas há muitos anos. O êxito delas talvez tenha levado a queda das taxas de vacinação. Pois hoje em dia, as pessoas não lembram de ninguém com Poliomielite, por exemplo, não lembram como eram ruins essas infecções. Porém, se deixarmos de nos vacinar essas doenças vão voltar a existir, a agir e a causar danos. Por isso, é importante estarmos em dia com as vacinações, promovidas pelo SUS de forma gratuita –, continuou a médica.
Criado em 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tornou-se referência internacional por atingir coberturas vacinais superiores a 95% da população-alvo. Alcançar esses patamares, num país de proporções continentais e altamente desigual, entretanto, não aconteceu por sorte ou acaso.
Baseado na herança centenária de saúde pública brasileira que alude ao “sanitarismo campanhista”, cujo objetivo era prevenir as doenças através de campanhas de vacinação e higiene, bem como intervenções sobre os espaços urbanos de cunho estatal, o rendimento vacinal brasileiro foi fortalecido após a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988. Universal e com gestão descentralizada para o âmbito municipal, o SUS permitiu a capilaridade nacional necessária ao PNI. Além disso, o aumento da cobertura de serviços de atenção básica possibilitou maior eficiência aos programas de vacinação.
– As campanhas não são mais tão evidentes nas plataformas de mídia como eram naquela época. O Zé Gotinha é um marco. Todo ano tínhamos duas a três campanhas nacionais sobre a importância da vacinação para combater a Poliomielite. Atualmente, percebemos as pessoas com dificuldades para entender a relevância do ato. Como resultado, temos o esquecimento das vacinas –, seguiu a infectologista.
A Pólio, também conhecida como Paralisia Infantil, é transmitida por água e alimentos contaminados ou através do contato com uma pessoa infectada. Em casos mais graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. Sua única forma de prevenção é por meio da vacinação e todas as crianças menores de cinco anos devem ser imunizadas. Desde 1994, o Brasil possui o certificado de eliminação deste mal.
Para garantir que a doença permaneça erradicada no país ao menos 95% das crianças devem estar vacinadas, o que não acontece desde 2015. Em maio de 2022, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) incluiu o Brasil em uma lista de alto risco de reintrodução da Poliomielite. A cobertura atual está em 69%, um dos piores níveis da série histórica.
Mais exatamente, nos últimos dez anos a cobertura vacinal contra a Poliomielite diminuiu em 23%. Além disso, das nove principais imunizações indicadas para as crianças nenhuma atingiu, em 2020, a meta federal que gira entre 90% e 95%, a depender da enfermidade.
– Não tem por que não se vacinar. Tivemos nos últimos anos, no Brasil, retorno de casos de Sarampo, outra doença que conseguimos erradicar (em 2016) . E não é só o SUS que será impactado com sobrecarga no tratamento dessas pessoas doentes pela não vacinação. Temos impacto individual e populacional. A pessoa pode ficar com uma sequela se adoecer e não for vacinada. Isso pode levar a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho e de fazer parte da população economicamente ativa, em virtude de uma lesão que era prevenível. Ou seja, a vacina é uma medida populacional, mas que tem repercussões individuais –, disse Debora.
Outra medida que contribui para a queda nas taxas de imunização é a desinformação espalhada, principalmente, pelas mídias sociais. A proliferação de inverdades sobre a segurança dos imunizantes representa um obstáculo ainda difícil de transpor:
– Muita bobeira veio a ser destilada por meio de mídias sociais, sem fontes oficiais, sem nenhum tipo de evidência científica real. Algumas pessoas pegam essas informações, usam equivocadamente sem saber o desfecho, sem saber a história por trás de tudo e começam a reproduzir esses conteúdos, aumentando um movimento antivacina –, avisou a infectologista.
Uma das principais mentiras contadas para justificar a inoperância das vacinas é o aparecimento de casos de doença, mesmo em pessoas imunizadas. Os imunizantes, porém, não impedem a infecção e sim seus casos mais graves:
– Se houver contato com vírus ou bactéria para o qual não se vacinou, você pode ter a doença florida em sua totalidade e gravidade. Já caso esse contato venha após a vacinação, você terá um quadro mais leve, caso se infecte. Um quadro mais curto, sem todos os aspectos e manifestações clínicas que se possam ter –, explicou a médica.
Além disso, um ambiente sem a devida cobertura vacinal propicia o espaço perfeito para proliferação de novas variantes:
– Todo vírus, principalmente, tem a capacidade de mutar. E ele tem mais capacidade de mutação quanto mais se replica. E ele se replica mais quanto mais pessoas estiverem suscetíveis para serem infectadas. Assim, poderemos voltar a ter o vírus não mais controlado pela barreira vacinal. Poderemos, inclusive, criar um vírus novo –, continuou a especialista.
Outro questionamento frequentemente utilizado diz respeito à quantidade de imunizantes diferentes para prevenir uma única doença, como é o caso das vacinas contra Covid-19.
– Isso tem mais a ver com a escolha do governo, disponibilidade de tecnologia, disponibilidade de fábrica. Sempre tiveram vacinas com marcas diferentes. Durante a pandemia de Covid-19 foi feito um esforço mundial de criação de vacinas para o controle do patógeno. Não conseguiríamos, em tão pouco tempo, suprir a demanda necessária caso apenas uma fábrica produzisse um único tipo de vacina para imunizar a população mundial. Ou seja, o principal é que todas as vacinas são seguras, todas as pessoas devem se imunizar e só assim conseguiremos sair de momentos críticos –, finalizou Debora Otero.
Campanha de Vacinação
Para ajudar na conscientização da população a respeito da importância da imunizaçãop, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio/Ebserh) produziu uma cartilha ilustrada e animada que pode ser vista clicando no link abaixo:
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.