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Na pandemia, Serviço de Cuidados Paliativos enfrenta novos desafios
Pense com a cabeça de um infectado pelo vírus da covid-19. Até chegar ao momento em que descobre a doença, letal para uma parcela das pessoas, há uma longa história de vida. Há projetos, há relações afetivas e pode haver até outros problemas de saúde pré-existentes. Portanto, atacar apenas doença, que nem remédio específico tem ainda, não dá conta de tudo. Em isolamento forçado por causa de um inimigo invisível, o cidadão, ora paciente, precisa falar com a família, ver os filhos. Necessita de algum restauro do seu conforto e daquilo tudo que ele é e está repentinamente impedido.
É diante deste quadro que entra em cena o Serviço de Cuidados Paliativos, existente no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) desde 2015. Mais de 800 pacientes foram atendidos no serviço nesses quase seis anos. E assim como para todos os profissionais que atuam na linha de frente contra a covid-19, os desafios se redobraram.
“Os Cuidados Paliativos têm sido fundamentais nesse tempo de pandemia, tanto para os próprios pacientes com covid-19 que evoluem mal, quanto os pacientes com doença crônica que acabaram descompensando por causa da descontinuidade no tratamento durante a quarentena” explica o coordenador do serviço de Geriatria e Cuidados Paliativos do Hucam-Ufes, Roni Chaim Mukamal, que continua: “Um grande desafio tem sido a comunicação com a família. Por questão de biossegurança, as famílias não podem ter acesso presencial, mas as alternativas virtuais, como a videochamada, tem servido.
Cuidados Paliativos como serviço de saúde é pouco conhecido. Quando se conhece, há uma associação direta com o tratamento de câncer em estágio irreversível. Como se o termo “paliativo” surgisse junto com uma sentença de morte. Não é nada disso.
“As pessoas associam muito ao câncer, mas o perfil de pacientes acompanhados no Hucam não é só isso, representa 50%. Temos pacientes com demência avançada, com doenças renais, com doenças cardiológicas graves, pacientes internados na UTI, o que tem sido grande experiência para nós”.
No Hucam, o Serviço de Cuidados Paliativos é de interconsulta. significa que, para ser atendido, é necessário estar internado, e o especialista precisa pedir avaliação através de um parecer. A partir disso, a equipe de Cuidados Paliativos - composta por enfermeira, psicóloga, terapeuta ocupacional e médico - visita o paciente e família para traçar um plano de atendimento com a equipe assistencial.