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LEITE HUMANO
Banco de Leite do HUAP registra aumento de 160% no número de doações nos últimos dez anos
O Dia Mundial da Doação de Leite Humano é comemorado em 19 de maio. A data lembra a importância das doações de leite para os hospitais. É o caso do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), que tem o Banco de Leite Professora Heloisa Helena Laxe de Paula funcionando dentro da unidade desde 2003. Com números cada vez melhores ao longo dos anos, o HUAP tem motivos para comemorar. Afinal, o leite recebido é destinado à UTI neonatal, e precisa sempre manter os estoques cheios para que não falte alimento para os bebês.
Nos últimos dez anos, entre 2011 e 2020, o Banco do HUAP registrou um crescimento importante no número de doadoras de leite humano: 160%. Em especial, desde 2013, a quantidade tem aumentado exponencialmente (como podemos ver na tabela abaixo), chegando, pela primeira vez, a mais de 500 durante todo o ano de 2020. Os dados são fornecidos pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BHL). Para o sistema, doadoras não são mulheres únicas, mas doações diferentes feitas ao longo dos 12 meses.
Fonte: Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BHL)
No caso da quantidade de leite coletado, os números mostram que há uma constância, ficando todos os anos acima dos 300 litros, sendo alguns acima dos 500. Normalmente, o contato para se tornar uma doadora pode ser feito de duas formas: por telefone ou com a ida da mulher pessoalmente ao banco de leite. O que pode ser observado é que, por conta da pandemia de Covid-19, as coletas em grupo e individuais diminuíram consideravelmente em 2020. Em compensação, as visitas domiciliares, também chamadas de rotas, tiveram grande crescimento.
Como foi observado em 2020, nem mesmo o coronavírus afastou as doadoras de exercer esse papel tão fundamental e bonito. E para este ano, o que se espera é o mesmo. Até o mês de abril de 2021, foram registradas 121 doadoras e 77,7 litros de leite coletados. Bertilla Riker, enfermeira e subcoordenadora do Banco de Leite do HUAP, explica que os benefícios do leite humano para o bebê são muitos: “evita infecções, melhora o desenvolvimento cognitivo, evita doenças cardiovasculares e obesidade. É importante dizer que, para os bebês prematuros, o leite humano é mais que um alimento, é um tratamento”.
Doadoras do HUAP veem doação como ato de amor
Mayara Moura doa leite ao banco do HUAP há quatro meses. A decisão veio com o retorno ao trabalho após a licença maternidade, quando o peito estava cheio mais que o suficiente para alimentar a pequena Maitê. A sobra? Mayara resolveu procurar um local onde pudesse dar utilidade ao leite, por achar um absurdo desperdiça-lo. Hoje, ela se diz apaixonada pelo serviço realizado com mães e bebês pelo HUAP, e afirma que vai doar enquanto ainda tiver leite e em condição de fazê-lo.
- Conforme conheci o trabalho do Banco de Leite, fui me encantando pela qualidade do serviço. As meninas foram extremamente educadas e atenciosas. Sinto muito orgulho e gratidão em doar, porque sempre me coloco no lugar de mães que possam estar passando por dificuldades. E poder auxiliar de alguma forma, ainda que eu não as conheça, é de tocar o coração. Me sinto feliz, realizada e completa por saber que tenho leite para ofertar para minha filha e ainda para ajudar quem precisa. A doação é um ato de carinho, é um ato de amor ao próximo. Sinto que sou até um pouco mãe também, porque o momento de amamentação é afetivo -, completa.
O sentimento de Mayara é compartilhado por Radja Brazão, de 34 anos. A mãe do Lucca doou leite por um ano e quatro meses, e só parou quando a produção já estava bem mais baixa. De acordo com ela, foi até difícil desapegar psicologicamente da rotina e da ideia de não doar mais. Mesmo quando começou a pandemia de Covid-19, Radja não deixou de doar. E foi quando veio sua maior surpresa, ainda no primeiro semestre de 2020: foi reconhecia como a maior doadora do período de março a junho daquele ano.
- Me emocionei quando me dei conta de que o que eu achava que era pouco, para outra pessoa era extremamente essencial. É muito gratificante e uma sensação que não consigo descrever. Além de todo o acolhimento do pessoal do Banco de Leite, a nossa ação é reconhecida e, assim, a gente sente que realmente faz a diferença. Saber que tem bebês que precisam de um leite que eu tenho em abundância, não tem como não ajudar. Já incentivei algumas pessoas a doarem, porque não dói e é superprático. No final, vicia. Fazer o bem é viciante. A gente produz algo muito poderoso e importante, então só precisa doar nosso tempo para salvar vidas -, explica.
A mãe do Pedro, Natália Leite, também é uma das doadoras do Banco de Leite do HUAP. Há dez meses, ela decidiu doar por achar um gesto lindo e ser apaixonada pela amamentação. Segundo Natália, é uma satisfação maravilhosa: “um duplo sentimento de gratidão: primeiro por ser abençoada com a produção de leite e segundo por poder ajudar o próximo. Meu conselho para quem tem dúvidas sobre doar ou não é de que doe, pois leite materno é amor e quanto mais você doa, mais ele se multiplica para você”.
Como doar para o Banco de Leite do HUAP?
Caso a mulher esteja com grande produção, a ponto de jogar leite fora, ela pode fazer a doação. Porém, apesar da vontade de ser uma doadora, não é qualquer mulher que está apta. Para doar, não pode ter nenhum problema de saúde ou tomar medicamentos. E em tempos de coronavírus, qualquer sintoma gripal também deve ser informado. A seleção é feita a partir de exames atualizados com um mínimo de seis meses. As que não podem doar são: com anemia; com plaquetas ou leucócitos baixos; com HIV; com hepatite; e que tenha tido sífilis anteriormente.
O Banco de Leite do HUAP realiza um cadastro e pede alguns exames padrões para avaliação de saúde, em uma forma de entrevista. Após esse contato inicial, uma equipe especializada irá acompanhar todo o processo de aleitamento materno. As mulheres interessadas podem entrar em contato no telefone (21) 2629-9234, das 8h às 13h. O hospital também aceita e precisa de doação de potes de vidro com tampas vedantes para armazenamento do material coletado, pois muitos acabam sendo encaminhados para as salas de apoio ao aleitamento e não retornam.
Unidade de Comunicação Social (UCS)