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Vidas salvas
HUWC e MEAC aperfeiçoam medidas de combate à morte por hemorragia grave

Jaciara Araújo Monteiro, coordenadora da enfermaria da clínica cirúrgica II, com o kit de hemorragia grave
Em todo o planeta, a hemorragia é uma das principais causas de óbito de pacientes hospitalizados, particularmente pacientes cirúrgicos e gestantes e puérperas. Com o objetivo de agilizar o atendimento desses pacientes, os Comitês Transfusionais do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (CH-UFC), desenvolveram um protocolo de intervenções multiprofissionais. O documento, amplamente discutido e aperfeiçoado ao longo destes últimos anos, conta com vários passos que, segundo a chefe das unidades transfusionais do Complexo, a hematologista Denise Brunetta, já vem salvando muitas vidas.
“A hemorragia pós-parto é a primeira causa de óbito materno no mundo, e a segunda no Brasil (onde a primeira é doença hipertensiva). A identificação, o acionamento dos envolvidos e o manejo precoces dos pacientes com hemorragia grave são fundamentais para melhorar a sobrevida desses doentes”, explica Brunetta. As estratégias vão desde a agilidade na solicitação e liberação de exames à realização de simulações de transfusão de emergência e discussão de casos clínicos, unindo gestão assistencial e qualificação profissional em benefício do assistido.
Saber que os pacientes não são números, mas o amor da vida de alguém, motiva os profissionais a tratarem com o máximo de atenção e competência, minimizando os danos e promovendo a saúde. Um exemplo é Ivna Monteiro do Nascimento, de 20 anos, que deu entrada na MEAC gestante, com sepse por febre tifoide. Com um estado muito grave, ela chegou a tomar transfusão de dois concentrados de hemácia e duas de plaquetas. Foram sete dias na UTI e mais alguns na Enfermaria, até finalmente ter alta para voltar à casa, onde dois filhos e o marido a esperavam. Hoje, ainda se recuperando, tem consciência de tudo o que passou e de como a transfusão adequada foi fundamental para que seguisse viva.
No HUWC, José Bezerra, morador de Várzea Alegre, de 72 anos, realizou o transplante de fígado no último dia do ano passado. A filha, Sabrina Menezes, disse que foram sete horas de um procedimento difícil, em que o pai, por problemas de coagulação, precisou receber hemocomponentes. Após 48 horas em observação, ele teve a alta que a filha chama de “o milagre de 2020”. A qualificação adequada dos profissionais envolvidos garantiu o sucesso da cirurgia.
“Como hospitais universitários, buscamos estar sempre na vanguarda das boas práticas em saúde, formando, assim, nossos alunos e beneficiando nossos pacientes. Por isto, esse protocolo é revisado periodicamente, dada sua importância para salvar vidas”, completa o superintendente do CH-UFC, Prof. Carlos Augusto Alencar Júnior. Durante este mês de janeiro, as unidades transfusionais seguem o treinamento em serviço, promovendo momentos de apresentação e discussão do protocolo nos locais de trabalho dos profissionais da assistência. Mais informações sobre a programação podem ser obtidas no telefone (85) 3366.8116.
Conheça algumas das ações que estão ampliando o combate à hemorragia grave no CH-UFC:
- 1. Fluxo automatizado de solicitação dos exames necessários no sistema Master, com a inclusão do Protocolo de Hemorragia Grave.
- 2. Kits de coleta de amostras para exames laboratoriais e testes pré-transfusionais disponíveis nas unidades de atendimento.
- 3. Identificação clara das amostras para priorização máxima no laboratório.
- 4. Redução do tempo de centrifugação das amostras para os testes pré-transfusionais emergenciais e testes de coagulação.
- 5. Simulações de transfusão de emergência com as equipes das unidades transfusionais.
- 6. Hemocomponentes para atendimento de emergência previamente selecionados, testados e identificados em gaveta separada.
- 7. Retorno dos primeiros exames laboratoriais nas mãos da equipe solicitante, com previsão de entrega dos resultados em menos de 10 minutos.
- 8. Protocolos de coletas de amostras e manuseio dos pacientes atualizados e disponíveis na intranet nos dois hospitais.
- 9. Aquisição de caixas aquecedoras de soluções para os dois hospitais.
- 10. Programação de convênio para disponibilização de testes viscoelásticos na beira do leito para monitorização em tempo real da coagulação dos pacientes.
- 11. Disponibilização de ácido tranexâmico para pacientes cirúrgicos e obstétricos.
- 12. Treinamento das equipes para condução dos casos.
- 13. Implantação da discussão dos casos de hemorragia grave com todos os envolvidos, com avaliação das oportunidades de melhoria.