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Surdolimpíada desperta encanto por Libras na plateia em São José dos Campos
Juliane Bueno não entendeu bem quando o filho, João Gabriel, de 12 anos, chegou para ela dizendo que queria, “para ontem”, aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ele e o primo Davi Henrique, 13 anos, tinham acabado de acompanhar a chegada de um ônibus ao Centro Esportivo Vale do Sol, em São José dos Campos. De lá saíram dezenas de atletas de handebol da Surdolimpíada Nacional 2021 neste domingo, 05/12
Eu vi o pessoal saindo do ônibus e conversando do jeito deles. Achei aquilo interessante. Aí falei para a minha mãe ligar para a minha tia, que é professora. Eu queria contar para ela que me deu vontade de aprender Libras para falar melhor com eles”
João Gabriel, 12 anos
João e Davi ficaram impressionados não só com a habilidade dos atletas com a bola na mão, mas na forma de eles conversarem entre si a partir de gestos expressivos que cumprem a função da fala.
“Eu vi o pessoal saindo do ônibus e conversando do jeito deles. Achei aquilo interessante. Aí falei para a minha mãe ligar para a minha tia, que é professora. Eu queria contar para ela que me deu vontade de aprender Libras para falar melhor com eles”, disse João. O interesse dele foi o mesmo de Davi. A Surdolimpíada Nacional 2021 mobiliza 11 instalações esportivas no município paulista e reúne 740 atletas na disputa de 15 modalidades.
A primeira aula prática eles tiveram ali mesmo, no gináio, com intérpretes de plantão. Aprenderam gestos para comunicar expressões como treino, escola, futebol, obrigado, oi, pai, mãe, banheiro e gestos de afeição.
“Para nós é importante as crianças estarem vendo e se interessando. Isso incentiva outros jogadores surdos a sair de casa, a buscar o esporte. E o esporte tem ganhos: ajuda a tirar depressão, estresse, nervosismo. E o mais importante: melhora a autoestima e faz você olhar para frente”, afirmou Eduardo Favaro, jogador de handebol da equipe do Distrito Federal.
Convite para o 'baile'
Segundo Agtônio Guedes, secretário nacional do Paradesporto da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, esse tipo de interesse é um dos legados sociais de megaeventos como a Surdolimpíada Nacional, que neste ano tem investimento de R$ 1,2 milhão do Governo Federal, com R$ 800 mil de orçamento da pasta e R$ 400 mil em emendas parlamentares.
Um dos nossos objetivos é desenvolver ações para que o paradesporto saia de seu mundo ‘invisível’ e seja notado. Todo e qualquer grande evento, como a Surdolimpíada Nacional, modifica de forma significativa a realidade da comunidade. Os impactos sociais são imensuráveis”
Agtônio Guedes, secretário nacional de Paradesporto do Ministério da Cidadania
“Um dos nossos objetivos é desenvolver ações e estratégias para que o paradesporto saia de seu mundo ‘invisível’ e seja notado. Todo e qualquer grande evento, como a Surdolimpíada Nacional, modifica de forma significativa a realidade da comunidade. Os impactos sociais são imensuráveis”, disse Agtônio Guedes.
“A Língua Brasileira de Sinais é a segunda mais falada no Brasil, mas pouca gente tem acesso, a não ser que conviva diariamente ou diretamente com uma pessoa surda”, completou o secretário Guedes.
Segundo ele, fatos como o registrado no ginásio indicam que essas crianças terão olhar diferenciado no futuro. “Como se diz: inclusão não é ir para o baile, mas ser tirado para dançar. Dessa maneira, estamos permitindo que as pessoas com deficiência que estão no baile sejam convidadas para dançar”, comparou.
As disputas da Surdolimpíada Nacional 2021 contam com atletas de Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santos e Santa Catarina.
As 15 modalidades são atletismo, basquete, handebol, xadrez, mountain bike, ciclismo de estrada, natação, caratê, taekwondo, judô, vôlei de praia, badminton, tênis de mesa, vôlei e boliche.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania