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São Paulo conquista o título geral da Surdolimpíada Nacional 2021
A delegação de São Paulo conquistou o título geral da Surdolimpíada Nacional 2021. Dona da casa na competição disputada em São José dos Campos desde o último sábado (04/12), a equipe anfitriã somou 24 medalhas de ouro, 11 de prata e sete de bronze, um total de 42.
No último dia de disputas do megaevento que reuniu 740 atletas de 18 Unidades da Federação para a disputa de 15 modalidades, os paulistas celebraram o ouro no masculino e no feminino no handebol e confirmaram o favoritismo no vôlei feminino. Destaque para Natália Martins, que já atuou na Superliga e na Seleção Brasileira. A central foi decisiva na vitória por 3 sets a 0 de São Paulo sobre o Paraná.
É claro que ainda existem estados que tem um desenvolvimento maior. Mapear isso para a gente é importante. Diagnosticar quais são as regiões do Brasil que têm desenvolvimento menor para que a gente possa ser assertivo na política de desenvolvimento da base"
Agtônio Guedes, secretário nacional do paradesporto do Ministério da Cidadania
“Olha, eu gostei bastante de estar aqui, de sentir essa energia. Foi muito bacana. É a primeira vez que participo. Estou muito feliz”, afirmou a atleta, que começou a jogar com 12 anos e saiu de casa para fazer carreira no vôlei aos 15.
Natália tem audição parcial. Identifica sons e é “oralizada”. A palavra é usada pela comunidade surda para definir pessoas com deficiência auditiva que conseguem se expressar pela fala. Quando criança, ela enviou uma carta à equipe treinada pelo técnico Bernadinho. Perguntou se, sendo deficiente auditiva, poderia jogar em alto rendimento. A reposta virou mantra:
“Eles me responderam que se eu tivesse determinação, perseverança e força, poderia alcançar o que quisesse. Carrego isso até hoje e ao longo da minha carreira”, disse a atleta, que foi selecionada para apagar a pira que encerrou a Surdolimpíada 2021.
Goleira artilheira
A conjugação das palavras também integra o cardápio da goleira Aline Kaiser, responsável direta pelo bronze de Santa Catarina sobre o Paraná por 13 x 12. Aline fez defesas difíceis ao longo da partida, se arriscou no ataque e anotou um dos gols do time de seu estado.
“Eu fui profissional do handebol com ouvintes quando era mais jovem. Sou goleira, essa é minha posição, mas vi que havia essa necessidade de atacar no jogo de hoje. Vi a oportunidade e pensei: ‘Vou ajudar’. Foi possível e deu certo, veio um ótimo resultado”, disse. O título ficou com São Paulo, que bateu o Distrito Federal na final.
O segundo lugar geral na Surdolimpíada ficou com o Rio de Janeiro, que somou dez ouros numa campanha de 21 medalhas em São José dos Campos. O Rio Grande do Sul foi o terceiro, com oito ouros, sete pratas e sete bronzes: 22 pódios.
O Governo Federal investiu R$ 1,2 milhão para garantir a realização do evento, com R$ 800 mil do orçamento do ministério e R$ 400 mil em emendas parlamentares. Segundo Diana Kyosen, presidente da Confederação Brasileira de Desporto de Surdos, o investimento federal e de outros parceiros levou o evento a outro patamar.
“Isso mudou o status do esporte para surdos. Conseguimos oferecer transporte aéreo e rodoviário, estruturas, hotelaria e instalações para que os atletas investissem menos e estivessem presentes”, afirmou.
Meninas de Santa Catarina celebram o bronze no handebol após vitória apertada sobre o Paraná por 13 x 12. Foto: Sérgio Moura/ Min. Cidadania |
Duplo objetivo
Para José Agtônio Guedes, secretário nacional de Paradesporto do Ministério da Cidadania, os objetivos da Secretaria Especial do Esporte foram alcançados com o evento. “É claro que ainda existem estados que tem um desenvolvimento maior. Mapear isso para a gente é importante. Diagnosticar quais são as regiões do Brasil que têm desenvolvimento menor para que a gente possa ser assertivo na política de desenvolvimento do esporte da base”, comentou Guedes.
“Outra estratégia que foi importante para nós foi dar visibilidade ao paradesporto. Tivemos transmissões ao vivo para o Brasil e para países estrangeiros. Isso é muito importante, e a participação do público em São José dos Campos foi significativa”, completou.
Visibilidade, aliás, em conjunto com orgulho e persistência, foram expressões comuns em muitas das manifestações dos atletas. “Hoje me sinto capaz, me sinto bem. Quero continuar treinando, evoluindo até chegar ao primeiro lugar”, avisou o goiano Ian Santos, bronze nos 200m e nos 400m do atletismo. “Eu quero dizer a todos os surdos dentro das associações, a todos os deficientes visuais, deficientes físicos: ‘Vocês são capazes. Continuem acreditando que vocês vão vencer’”, disse Ian.
Aline Kaiser completou: “Meu objetivo é que aumentem os esportes e as modalidades para a comunidade surda. Essa é a maior importância para mim. Motivar, chamar os jovens para isso. Não desistam dos seus sonhos. Das suas vontades de participar. Vá, lute, vá atrás. Não tenha preguiça. Lute. Vá até o fim. Até conseguir”, aconselhou a medalhista de bronze no handebol.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania