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Primeiros campeões da Surdolimpíada Nacional saem no xadrez
Nem aberturas estudadas e nem movimentos estratégicos de rainhas, bispos, torres e cavalos. A decisão do xadrez feminino na Surdolimpíada Nacional, em São José dos Campos (SP), acabou de forma inusitada: após um empate triplo, as medalhas de ouro, prata e bronze foram definidas na base do sorteio.
O xadrez é difícil de aprender detalhes, regras, variações, mas quando vi na televisão a informação sobre a Surdolimpíada, me motivei de novo e não queria perder a oportunidade"
Aline Souza Silva
Assim, com uma dose de imponderável na reta final, o título ficou com Maria Carolina Bonfim, do Paraná. A medalha de prata foi para Aline Souza Silva, de São Paulo, e o bronze para Giselle Pereira Gama Garcia, do Ceará.
"Tive momentos de nervosismo na competição e momentos difíceis porque as duas meninas são muito boas, por isso fico feliz com o resultado", comentou Maria Carolina, que participou do evento pela primeira vez e começou a praticar a modalidade aos sete aos, por incentivo dos pais.
Aline, de 19 anos, era retrato da alegria com a prata. Pouco antes da competição, na cerimônia de abertura no ginásio Teatrão, ela afirmou que estava ansiosa, sem saber exatamente o que esperar do torneio, até por nunca ter participado de competições de caráter nacional.
"Estou bem feliz, emocionada mesmo. Foi muito difícil", comentou. Aline começou no xadrez por curiosidade e treina frequentemente a partir de vídeos e dicas na internet, mas chegou a passar um tempo sem estímulo porque eram poucos os surdos treinando. Um professor dela e o seriado O Gambito da Rainha, que tem como protagonista uma enxadrista que muda sua trajetória a partir de competições em tabuleiros mundo afora, a ajudaram a manter a motivação.
"O xadrez é difícil de aprender detalhes, regras, variações, mas quando vi na televisão a informação sobre a Surdolimpíada, me motivei de novo e não queria perder a oportunidade. O seriado também foi fantástico. Assisti várias vezes. Tirei muitas coisas de lá. Estou emocionada e feliz de servir de exemplo e motivação para outros surdos", disse. A chave feminina teve sete competidoras e Aline venceu cinco partidas durante sua campanha.
Masculino
No masculino, a chave teve 17 atletas e a definição veio de forma convencional. O paulista Bruno Montanha terminou com o título, seguido pelo goiano Francisco Neto e pelo paranaense Edielson Anselmini. "Precisamos aproveitar a visibilidade de um evento como esse para incentivar que haja cada vez mais surdos praticando o xadrez. Estou feliz e tenho orgulho de servir de referência. Só temos a evoluir, crescer", afirmou Bruno.
O goiano Francisco Neto fez um relato comum a muitos dos atletas surdos, de um início complicado na vida educacional e esportiva por dificuldades de conseguir estudar, de encontrar conteúdos adaptados, de ter acesso a uma comunicação especializada. "Sofri bastante com isso. Precisei fazer muita coisa sozinho, pesquisando, por isso estou muito grato de estar aqui e conquistar esse resultado", comentou.
Investimento
A Surdolimpíada Nacional reúne cerca de 740 atletas de 18 Unidades da Federação na disputa de 15 modalidades. O evento segue até a próxima terça, 07.12, em 11 instalações esportivas em São José dos Campos. A realização do evento conta com R$ 1,2 milhão em investimento do Governo Federal, com R$ 800 mil de orçamento da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania e R$ 400 mil em emendas parlamentares.
Além de xadrez, as outras 14 modalidades são atletismo, basquete, handebol, montain bike, ciclismo de estrada, natação, caratê, taekwondo, judô, vôlei de praia, badminton, tênis de mesa, vôlei e boliche.
Os atletas representam Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santos e Santa Catarina.
Diretoria de Comunicação - Ministério da Cidadania