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Marquinhos, o multi-instrumentista de ouro nas Paralimpíadas Escolares
Fotos: Frame de vídeo/ Min. Cidadania
José Marcos Martins dos Santos, de 13 anos, saiu da pequena cidade de Cabedelo, na Paraíba, com um par de tênis e uma mochila repleta dos mais diversos instrumentos musicais. Quando embarcar de volta, neste sábado (26.11), o velocista vai incluir na bagagem três medalhas. Duas de ouro, nos 60m e 150m do atletismo, e uma de prata, no lançamento de pelota, conquistadas nas Paralimpíadas Escolares 2022, em São Paulo (SP).
Meu pai lia as notas musicais para mim, me mostrava as posições e eu memorizava. Atualmente, gosto muito de música clássica”
Marquinhos dos Santos, velocista da equipe da Paraíba
Assim como os mais de 1.300 atletas que circulam pelos 95 mil metros quadrados do Centro de Treinamento Paralímpico, Marquinhos, como é chamado entre os amigos, se empenha por bons resultados. No ano passado, primeira vez que participou da competição nacional, treinou por apenas um mês e conquistou dois bronzes e uma prata. Mas sua faceta mais curiosa se revela quando ele tira o tênis e abre a mochila preta.
O menino, que nasceu com glaucoma congênito e perdeu a visão aos seis anos, tem aptidão natural para a música. Até o ano retrasado, era aluno iniciante de flauta, mas, entediado com o isolamento imposto pela pandemia de COVID-19, decidiu aprender por conta própria. “Meu pai lia as notas musicais para mim, me mostrava as posições e eu memorizava”.
Hoje, além da flauta, toca piano, teclado, ukulele, escaleta, pandeiro, pandeirola, triângulo e bateria. Para conseguir comprar a maioria deles, o pai de Marquinhos fez uma rifa na cidade.
No início, o menino pesquisava músicos brasileiros do início do século passado, como Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu. Hoje, disserta sobre o período do Romantismo na música erudita como se estivesse conversando sobre futebol ou videogame.
“Dou a ele uma flauta e o deixo tocar até cansar. Não sei cantar, mas tento. Tenho pena dos hóspedes do quarto ao lado”
Rogério Carlos, guia de Marquinhos nas provas de velocidade
“Atualmente, gosto muito de música clássica. Meus compositores favoritos são Ludwig Van Beethoven, Piotr Ilich Tchaikovsky, Johann Sebastian Bach, Fréderic Chopin e Sergei Rachmaninoff”, lista, fazendo questão de citar o nome completo de cada um deles.
Nas viagens que faz para competir, ele conta com a parceria de seu atleta-guia, Rogério Carlos da Silva, 30 anos. Segundo o professor, além de treinar o máximo possível em parceria, o diálogo e a convivência fora das pistas são essenciais para garantir a sintonia entre a dupla.
“No início, é natural que ocorram tropeções e eles fiquem traumatizados e percam a confiança. Para evitar isso, o guia tem que estar sempre próximo, orientando, fazendo com que percam o medo”, explica Rogério.
Em vésperas de provas em outras cidades, Rogério coloca em prática a técnica especial para deixar Marquinhos relaxado. “Dou a ele uma flauta e o deixo tocar até cansar. Não sei cantar, mas tento. Tenho pena dos hóspedes do quarto ao lado”, diverte-se. As técnicas do atleta-guia parecem estar funcionando. “Sinto uma sensação muito boa quando corro”, afirma o aluno.
Foto: Ricardo Valarini/ Min. Cidadania |
Combustíveis inusitados
Enquanto Marquinhos se alimenta de música para vencer nas pistas, seus colegas da equipe paraibana são movidos a combustíveis mais inusitados. Se tiver uma escolha, José Mariano, 16 anos, abre mão da medalha, caso vença as provas de corrida e salto em distância. Prefere ser presenteado com uma jaca. Os companheiros dão risada e não sabem explicar de onde vem a obsessão pela fruta.
Já Lucas Silva Moura, 11 anos, também da equipe de atletismo, sempre pede Coca-Cola como recompensa após as vitórias. Se possível, toma uma lata antes e outra depois de correr. Nos momentos de descontração, os amigos lhe servem marcas genéricas da bebida, mas ele percebe e protesta. “Esta delegação da Paraíba daria um livro”, diverte-se o técnico de Atletismo Josemário da Silva.
Assessoria de Comunicação – Ministério da Cidadania