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Bolsa Atleta
Lista da Bolsa Pódio contempla atletas de 15 a 62 anos, com predominância do atletismo
Eu já integrava outras categorias do Bolsa Atleta desde 2005, mas a Bolsa Pódio trouxe o conforto de poder fazer os treinamentos com mais estrutura. Hoje posso pagar técnico particular, fisioterapeuta e alimentação mais adequada”
Sônia Gouveia, atletismo paralímpico
A abrangência da Bolsa Pódio, principal categoria do Bolsa Atleta do Governo Federal, também pode ser medida pelo amplo espectro da faixa etária que compõe o programa. Na lista divulgada nesta quarta-feira (14.10), com 274 atletas contemplados , a média de idade é de 29,3 anos. Numa ponta, está a juventude da catarinense Isadora Pacheco, de 15 anos, titular da Seleção Brasileira no Skate Park. A modalidade terá a sua estreia no programa olímpico nos Jogos de Tóquio, reagendados para 2021. Na outra ponta, figura a experiência da alagoana Sônia Gouveia, do atletismo paralímpico. Aos 62 anos, ela é a terceira colocada no ranking mundial do lançamento de dardo da classe F53, para cadeirantes.
“Eu já integrava outras categorias do Bolsa Atleta desde 2005. Era uma ajuda fundamental, mas a Bolsa Pódio (passou a receber em 2019) trouxe o conforto de poder fazer os treinamentos com mais estrutura. Hoje posso pagar técnico particular, fisioterapeuta e alimentação mais adequada”, comenta Sônia, que tem a melhor marca mundial do ano no disco, registrada em 2014, além de recordes brasileiros e parapan-americanos.
Uma das pioneiras do esporte paralímpico nacional e primeira medalhista do Brasil no Parapan do Rio, em 2007, com um bronze no dardo, Sônia tem mais de 30 anos de dedicação à modalidade. Uma trajetória que iniciou por acaso a convite de um primo, para completar uma equipe de atletismo de uma instituição de Alagoas. Desde o início, ela percebeu que tinha vocação para provas de campo. “Tem sido um caminho longo, com muita luta, perseverança e sempre acreditando que vou conseguir”, afirma a atleta, que se tornou cadeirante antes dos dois anos de idade por consequência de poliomielite.
Caçula? Só se for na idade
Tenho vivido coisas incríveis e a bolsa é uma delas. Posso me concentrar só na performance, buscar melhores alternativas de treinos, acompanhamento, alimentação. E, por outro lado, sinto a responsabilidade de representar minha pátria, de dar o melhor de mim e tentar ser uma pessoa preocupada em transmitir bons hábitos, pois acabo sendo exemplo para muitas pessoas"
Isadora Pacheco, skate park
As três décadas de treino de Sônia são mais do que o dobro do tempo de vida de Isadora, a caçula da lista do Bolsa Pódio. Mesmo ainda adolescente, a catarinense de Florianópolis, de 15 anos, é um dos destaques nacionais na modalidade Park do skate. Além de atual campeã brasileira, ela já ostenta no currículo o vice-campeonato mundial sub-14, conquistado em 2017, e terminou o ano de 2019 como a oitava do ranking mundial.
Para ter esse desempenho, a mistura de shape, rodinhas, adrenalina e manobras fazem parte do repertório dela há pelo menos oito anos. Uma história que começou aos cinco, quando os pais a levaram para escolher um presente de Dia das Crianças. “A minha mãe me levou para ver as bonecas e bati o olho num skate de brinquedo. Eu me agarrei nele e disse que ela poderia comprar qualquer boneca, desde que levasse o skate junto. Acho que foi amor à primeira vista”, brinca.
Depois da fase com o brinquedo, ela começou a praticar skate na escolinha de uma pousada próxima à casa dela. Gradativamente, a brincadeira ganhou complexidade, os treinos ficaram mais sérios, as competições se enfileiraram, a habilidade da atleta despontou e, para completar, surgiu um horizonte olímpico para a modalidade.
“Quando anunciaram o skate nas Olimpíadas, eu não tinha ideia do quanto minha vida iria mudar. Quando vi, estava na China em 2019 competindo pelo meu país, cheguei à final e voltei de lá como a oitava melhor do mundo”, comenta Isadora, que também adora futebol, surfe e, nas horas vagas, tem lições de kitesurfe.
O skate reserva 20 vagas no masculino e 20 no feminino para as disputas da modalidade nos Jogos Olímpicos de Tóquio, tanto na categoria Park quanto na Street, em um total de 80 atletas. O país-sede, o Japão, tem direito a uma vaga em cada naipe e em cada modalidade. Outras 16 vêm do ranking olímpico, construído a partir de uma série de competições e que será finalizado em 2021. As últimas três vagas estão reservadas aos integrantes do pódio nos mundiais do ano que vem.
Isadora atualmente é a décima do ranking feminino do Park e a segunda melhor brasileira na listagem. Há um limite de até três atletas por país em cada uma das quatro categorias em que haverá disputa de medalhas. “Estou superconfiante na classificação. Basicamente, preciso apenas me manter no ranking. Com meu esforço e dedicação, sei que consigo chegar lá.”
Para isso, ela treina diariamente em Florianópolis em um complexo esportivo criado pelo também skatista Pedro Barros. “Faço ainda treinos físicos três vezes por semana, além do acompanhamento psicológico, nutricional e fisioterapia. Tudo isso sem se esquecer da escola”, descreve.
Na opinião da atleta, essa rotina profissional exigida pelo esporte de alto rendimento ganhou um complemento indispensável com a inclusão dela na Bolsa Pódio. “Tenho vivido coisas incríveis, e a bolsa é uma delas. Com ela, meu sonho ficou mais perto. Posso me concentrar na performance, consigo buscar melhores alternativas de treinos, acompanhamento, alimentação. Tenho um técnico que está sempre ao meu lado, e materiais de ponta à disposição”, afirma. “Por outro lado, sinto a responsabilidade de representar minha pátria, de dar o melhor de mim e tentar ser uma pessoa preocupada em transmitir bons hábitos, pois acabo sendo exemplo para muitas pessoas.”
Isadora é a décima do ranking olímpico. Dezesseis conseguem vaga em Tóquio por esse critério. Foto: Julio Detefon/STU |
Atletismo em destaque
Com a Bolsa Pódio consigo dar condições melhores de moradia, alimento e transporte à minha família. Ter essa tranquilidade para treinar é essencial"
Petrúcio Ferreira, campeão mundial no atletismo paralímpico
Sônia, que já esteve nos Jogos Paralímpicos de Atenas (2004) e de Pequim (2008), integra a modalidade com maior número de contemplados com a Bolsa Pódio do Governo Federal. São 72 paralímpicos do atletismo listados, ou 26% do total. Para chegar a Tóquio, ela persegue o índice de 11,62m no lançamento do disco. A melhor marca pessoal dela é de 13,18m. “É a minha meta porque é a única medalha que está faltando na minha carreira.”
O grupo do atletismo paralímpico brasileiro é repleto de destaques no cenário internacional, como o paraibano Petrúcio Ferreira, atleta mais rápido da história em competições do programa paralímpico, com 10s42 nos 100m da classe T47, para atletas com amputações nos membros superiores. A marca foi estabelecida na semifinal do Mundial de Dubai, em 2019.
“A Bolsa Pódio mostra o reconhecimento que o nosso país tem por nossos atletas. Essa força financeira é essencial para a gente continuar no sonho de representar a nação em Tóquio. Com ela, consigo dar condições melhores de moradia, alimento e transporte à minha família. Ter essa tranquilidade para treinar é essencial”, avalia o velocista.
A segunda modalidade com maior número de beneficiados pela Bolsa Pódio também vem do esporte adaptado: é a natação paralímpica, com 33. Entre os esportes olímpicos, a natação e o atletismo dividem a liderança, com 14 contemplados cada um. Na sequência aparece o judô, que tem sido o principal carro-chefe de medalhas olímpicas nacionais, com 13 atletas na lista, e o skate, da jovem Isadora, que conta com ela e outros dez atletas.
Petrúcio Ferreira é o atleta mais rápido do mundo em provas do programa paralímpico. Foto: Danilo Borges/rededoesporte.gov.br |
Recortes
Isadora e Sônia são duas das 108 atletas do sexo feminino na lista atual da Bolsa Pódio. As mulheres respondem por 39% dos contemplados. Para integrar a faixa mais alta do Bolsa Atleta, o esportista precisa estar entre os 20 melhores do mundo em sua modalidade. Entre os homens, há 166 aprovados.
A divisão por local de nascimento dos atletas indica que a maioria vem do Sudeste. São 140 atletas da região. Na sequência, empatados, aparecem Sul e Nordeste (47 atletas cada um), Centro-Oeste (26) e Norte (13). Há, ainda, uma atleta naturalizada na lista: Nathalie Moellhausen, da esgrima.
A Bolsa Pódio prevê quatro faixas de remuneração, entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, de acordo com a posição no ranking ocupada pelos atletas. A maioria dos contemplados pertence à faixa de R$ 11 mil, designada para quem está entre o quarto e o oitavo lugar do ranking mundial. São 109 atletas, ou 39,8% do total. Na sequência aparecem os que recebem R$ 15 mil (top 3 do mundo). São 82 contemplados, ou 29,9% do total. Os demais estão entre a faixa de R$ 8 mil, para quem está entre nono e 16º (são 72), e na de R$ 5 mil, voltada para atletas entre 17º e 20º do mundo (11).
Evolução quantitativa
O histórico dos benefícios pagos pela Bolsa Pódio permite constatar uma evolução técnica dos atletas brasileiros na comparação entre os ciclos para os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2020. A começar pelo número de benefícios pagos: foram 634 entre 2013 e 2016 e 1147 entre 2017 e 2020. O número de atletas beneficiados pulou de 324 no ciclo Rio 2016 para 450 no ciclo para Tóquio.
Isso deixa claro que nesses últimos quatro anos tivemos mais atletas posicionados entre os 20 melhores do mundo do que tínhamos entre 2013 e 2017. Isso se deve a todo o investimento que foi feito para os Jogos do Rio 2016, tanto nos atletas diretamente, com a Bolsa Atleta e a Bolsa Pódio, quanto na estrutura que eles têm hoje para treinar e se preparar"
Bruno Souza, secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério da Cidadania
Quando se analisa as faixas dos benefícios, nota-se uma evolução significativa do posicionamento dos atletas brasileiros, olímpicos e paralímpicos, entre os 20 melhores do ranking mundial.
Entre 2013 e 2016, 256 benefícios de R$ 15 mil reais foram pagos. Já para o ciclo olímpico seguinte, entre 2017 e 2020, foram 335 benefícios nessa faixa. Para ter direito ao valor mais alto da Bolsa Pódio, o atleta deve estar entre os três primeiros do ranking mundial em sua modalidade.
O mesmo ocorre para os outros níveis da Bolsa Pódio. Entre 2013 e 2016, 196 bolsas foram concedidas para os valores de R$ 11 mil. Entre 2017 e 2020, o número mais do que dobrou, saltando para 449. Para ter direito a essa benefício, o atleta deve estar entre o 4º e o 8º lugares do ranking mundial.
Na faixa de R$ 8 mil, voltada aos que estão entre 9º e 16º no ranking mundial, o número também mais do que dobrou de um ciclo para o outro. Entre 2013 e 2016 foram 133 benefícios pagos, contra 303 entre 2017 e 2020.
Por último, também houve aumento na faixa de R$ 5 mil, destinada aos atletas posicionados entre o 17º e o 20º lugares no ranking mundial. Entre 2013 e 2016 foram 49 benefícios, número que subiu para 60 entre 2017 e 2020.
“Em 2020 completamos oito anos de pagamentos de benefícios da Bolsa Pódio. Analisando o número de bolsas pagas em cada faixa dos benefícios, houve aumento do número de atletas em todas elas para o ciclo de Tóquio em comparação com o do Rio”, destacou Bruno Souza. “Isso deixa claro que nesses últimos quatro anos tivemos mais atletas posicionados entre os 20 melhores do mundo do que tínhamos entre 2013 e 2017. Isso se deve a todo o investimento que foi feito para os Jogos do Rio 2016, tanto nos atletas diretamente, com a Bolsa Atleta e a Bolsa Pódio, quanto na estrutura que eles têm hoje para treinar e se preparar para as competições. Isso tudo é legado dos Jogos Rio 2016”, avaliou o secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania