Notícias
INTEGRA BRASIL
Jornada do Projeto Integra Brasil realiza seu penúltimo webinar
A 1ª Jornada de Seminários do Projeto Integra Brasil realizou, nesta quinta-feira (26.11), o penúltimo webinar de sua programação com um evento promovido pela Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
O webinar, que debateu o tema “Futebol: um Grito de Igualdade”, contou com a participação de diversas autoridades do Governo Federal, entre elas a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; o secretário Adjunto da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, André Alves; o secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedores (SNFDT) do Ministério da Cidadania, Ronaldo Lima; e o secretário Nacional substituto do SNPIR, Esequiel Roque do Espírito Santo. A mediação ficou por conta do coordenador-geral da SNFDT, Alexandre Carvalho.
Parabéns ao Projeto Integra por trazer esse tema tão delicado, acreditando na força do futebol para construir uma nação igual"
Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
Participaram, como palestrantes, Viviane Petinelli, secretária Executiva Adjunta do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; Constantino Júnior, presidente executivo do Santa Cruz Futebol Clube; Danielle Andrade, coordenadora de Responsabilidade Social do Santa Cruz Futebol Clube; Vitor Zanelli, vice-presidente de Futebol de Base e Futsal do Flamengo; e Diogo Netto, diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), responsável pelas considerações finais do evento.
“É um tema extremamente importante e atual esse grito de igualdade. Para o futebol somos todos iguais e tem que ser assim entre todas as pessoas”, afirmou Ronaldo Lima, na abertura do webinar. “Estamos felizes com esse trabalho e gostaria de parabenizar a todos pela escolha do tema. Não só esse, mas o projeto como um todo, que vem sendo construído junto com o ministério da Damares”, completou André Alves.
O secretário Esequiel falou sobre o trabalho desenvolvido no SNPIR. “A nossa secretaria tem como responsabilidade a articulação das políticas voltadas à população negra e aos povos e comunidades tradicionais. Temos o enfoque nas políticas transversais, trabalhando nessa multiplicidade cultural que existe no nosso país, um país com várias raças, onde há uma miscigenação grande. Precisamos discutir esse assunto da igualdade racial com todos os brasileiros”, declarou.
“Temos trabalhado na formulação de políticas públicas de promoção de igualdade étnico-racial, dando a ênfase necessária à população quilombola, à população cigana, à população ribeirinha, à população indígena e outros 28 segmentos de comunidades tradicionais. Temos trabalhado também com a população estrangeira no enfrentamento de todo tipo de intolerância”, prosseguiu Esequiel Roque.
O secretário apresentou um vídeo gravado na comunidade quilombola Kalunga – uma das maiores comunidades quilombolas do Brasil, no município de Cavalcante (GO) – e falou sobre o potencial do futebol para fortalecer a luta pela igualdade racial. “Entendo e tenho visto que o futebol nos une de diversas maneiras. Nos traz alegria, nos traz esse encontro com a família, com os amigos, educa e é uma verdadeira ferramenta de transformação social. Eu acredito que o futebol pode fazer diferença nessa inclusão social, na quebra dessas diferenças e nesse combate à discriminação e ao preconceito. Temos que aproveitar esse potencial do futebol para transformar as realidades de indivíduos e de comunidades”, frisou Esequiel Roque.
É um tema extremamente importante e atual esse grito de igualdade. Para o futebol somos todos iguais e tem que ser assim entre todas as pessoas”
Ronaldo Lima, secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor
Maradona e filha indígena
A ministra Damares deu um relato emocionante, primeiro ao falar da morte de Diego Maradona, que faleceu nesta quarta-feira (25.11), aos 60 anos, e, depois, ao lembrar o preconceito que sua filha adotiva sofreu quando criança. “Estamos felizes por estarmos aqui mais uma vez e só não estamos mais felizes porque perdemos um grande ídolo. Perdemos Maradona e precisamos registrar isso, como um ministério das crianças. Quantas crianças Maradona alegrou com sua brilhante carreira nos gramados? Hoje é um dia triste para nós e eu precisava fazer esse registro”, disse a ministra.
Em seguida, Damares lembrou algumas histórias de preconceito que sua filha sofreu na infância. A ministra adotou uma criança indígena aos 6 anos. Hoje, ela tem 22. Damares contou que, no prédio onde moravam, havia pessoas que se negavam a entrar no elevador quando a criança estava lá. “Eu me lembro bem de uma senhora que fazia questão de dizer que não entrava no elevador com uma índia porque índio tinha doença. Eu tinha que contornar aquilo para que minha filha não sofresse tanto”, lembrou Damares, que deu outros relatos sobre das dificuldades enfrentadas pela filha.
Segundo a ministra, um dia a criança voltou da escola e a perguntou à mãe se ela tinha cérebro, pois tinha ouvido de outras crianças que índio não tinha cérebro. Damares ainda lembrou os episódios em que a filha era desconvidada de festas infantis, principalmente em casas com piscinas, pois as outros pais diziam que não deixariam os filhos nadarem com uma “indiazinha”.
“Me dá um nome para essa dor? Eu, que fui professora primária, que estive com crianças, sei quantas vezes eu recebi crianças negras no meu colo chorando e que diziam assim: ‘Eu quero mudar a minha cor! Eu não quero essa cor!’”, recordou a ministra.
“Me dá um nome para essa dor. É racismo? É preconceito? É discriminação? A única coisa que eu sei é que isso dói demais. E a única coisa que eu quero é que mais nenhuma criança no Brasil sinta essa dor. E que nenhum adulto mais sinta essa dor nessa nação. O futebol pode nos ajudar a superar isso. O futebol pode nos ajudar a erradicar essa dor. Temos que repudiar e ter igualdade para todos. Parabéns ao Projeto Integra por trazer esse tema tão delicado, acreditando na força do futebol para construir uma nação igual”, afirmou Damares.
Time do Povo
O presidente executivo do Santa Cruz, Constantino Júnior, lembrou que, desde o início, o time pernambucano teve vocação inclusiva e que vem daí a popularidade da equipe no Recife. “É um clube que nasceu para incluir. Em 1914, quando poucos falavam em incluir, nosso clube foi fundado no pátio de uma igreja do Recife, na Igreja de Santa Cruz, por isso o nome Santa Cruz”, contou o dirigente.
Estamos muito felizes com esse trabalho e gostaria de parabenizar a todos pela escolha do tema. Não só esse, mas o projeto como um todo”
André Alves, secretário Adjunto da Secretaria Especial do Esporte
“E lá eram 11 garotos que foram jogar futebol e tínhamos um negro. O Santa Cruz foi um clube que nasceu para quebrar paradigmas. Naquele tempo, o esporte bretão era jogado por nobres. Aqui no Recife os times já existentes eram fundamentalmente compostos por funcionários das empresas inglesas que operavam em Pernambuco. O Santa Cruz foi um clube que nasceu para incluir e tem apelo popular grande porque sempre recebeu negros. Os clubes daqui eram clubes de nobres e não aceitavam negros nos seus quadros, nem como atletas e nem como associados. Isso demorou 30, 40, 50 anos para acontecer. É por isso que o Santa Cruz é conhecido no Nordeste como o Time do Povo”, continuou Constantino.
Integra Brasil
Criado em 2019, o Integra Brasil tem como lema a frase “O futebol nos une” e é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. O projeto é realizado em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e a Confederação Brasileira de Futebol e conta, ainda, com o apoio de diversos clubes de futebol, universidades e governos estaduais e municipais.
O Integra Brasil visa, tendo o futebol como catalizador, sensibilizar e enfrentar violações de direitos humanos, ampliar o acesso e o alcance da prática esportiva no país. A iniciativa também tem como objetivo alertar a sociedade para práticas danosas, como o uso abusivo do álcool e os perigos do consumo de drogas, entre outros.
A 1ª Jornada de Seminários do Projeto Integra Brasil foi iniciada em junho, com um webinar promovido pela Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas - SENAPRED. Na ocasião, foi debatido o tema “Combate às drogas, com ênfase no público jovem e nas suas implicações para a saúde física, mental e emocional”.
O segundo webinar da Jornada foi realizado em julho. Promovido pela Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, o evento debateu o tema “O Poder do Futebol”.
Já o terceiro webinar da Jornada, em agosto, foi promovido pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e debateu o tema “Futebol livre de dopagem”.
O quarto webinar, realizado em setembro e promovido pela Secretaria Nacional da Juventude, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, debateu o tema “Dê um like para a vida” e teve como objetivo aprofundar o debate em torno de um problema muito grave e que cada vez mais tem atingido crianças e jovens no Brasil: o suicídio e a automutilação.
O quinto webinar foi realizado em 15 de outubro. Promovido pela Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o evento debateu o tema “Futebol Formando o Futuro”.
O sexto evento, no final de outubro, foi promovido pela Secretaria Nacional da Família, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e debateu o tema “A Família entra em Campo”.
No dia 19 de novembro, o Integra Brasil realizou seu sétimo webinar, promovido pela Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, para debater o tema “A mulher e o futebol”.
A 1ª Jornada de Seminários do Projeto Integra Brasil será encerrada no dia 12 de dezembro, com o último webinar, que debaterá o tema “Futebol sem Fronteiras”. O evento será promovido pela Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Diretoria de Comunicação - Ministério da Cidadania