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LUTO
Francisco Medeiros, o Chiquinho: fotógrafo
Fotos: Arquivo pessoal
O sorriso amigo, o jeito inconfundível de caminhar, a forma discreta com que entrava e saía dos gabinetes para registrar audiências, reuniões e encontros oficiais. O entusiasmo dispensado em cada uma das centenas de coberturas de competições, eventos, inaugurações e tantos outros momentos ligados ao esporte brasileiro nas últimas décadas. E, retrato de um churrasqueiro de mão cheia, as fotos que publicava de si mesmo aos fins de semana segurando espetos de picanha como se fossem as garras de Wolverine. Todos os que conheceram Francisco das Chagas Alves de Medeiros carregam alguma boa lembrança. E hoje estão unidos em um mesmo sentimento de pesar e de saudade.
Chiquinho, como era carinhosamente conhecido no meio esportivo, testemunhou como poucos a história do esporte brasileiro sendo construída pela ótica do Governo Federal. Como servidor público, registrou todos os momentos que marcaram o surgimento do Ministério do Esporte na década de 1990 e, depois, manteve-se na ativa como o único fotógrafo oficial da pasta até este mês. Por isso mesmo, não foram poucas as autoridades que se referem a ele como “um patrimônio informal do esporte brasileiro”.
Em centenas de viagens, acompanhou de perto e registrou momentos históricos do esporte nacional em uma longa lista de eventos. Participou da cobertura dos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos Rio 2007, do Mundial Militar de 2011, da Copa das Confederações de 2013, da Copa do Mundo de 2014, dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas de 2015, dos eventos-testes e inaugurações dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio e, obviamente, da cobertura do Rio 2016, entre outros.
Em um de seus maiores desafios, viveu emoções distintas durante o Tour da Tocha, quando viajou por todo o país registrando a passagem da chama olímpica até a chegada à capital fluminense. Nesse período, protagonizou um dos momentos que ele mesmo descreveu como um dos pontos altos de sua vida: ter sido escolhido como um dos condutores da Tocha Olímpica, homenagem que recebeu do Ministério do Esporte pelo talento e dedicação.
Chiquinho sabia bem o valor de um pódio. Vibrava em todas as conquistas de nossos atletas e, por isso mesmo, mudava de lado e fazia questão de ter um registro pessoal junto a nossos ídolos. Uma coleção que exibia aos mais próximos com orgulho quando falava sobre a carreira e sobre tudo o que já tinha visto dentro do esporte brasileiro.
Generoso, costumava discretamente fotografar seus colegas em ação durante as entrevistas para depois enviar a imagem acompanhada de um comentário carinhoso.
Fotógrafo dedicado, Chiquinho foi, acima de tudo, uma pessoa que soube cativar a amizade, o respeito e o carinho de todos com quem trabalhou nessas três décadas de estrada no esporte. Aos 56 anos, deixa dois filhos, Pedro e Lucas, e centenas de amigos.
Tomo a liberdade para escrever em nome de todos os ministros, secretários, diretores e demais colegas que conviveram com Chiquinho em algum momento de sua jornada no Ministério do Esporte e, desde 2019, na Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Trata-se, tenho certeza, de um sentimento comum a todos os que o conheceram.
Registro aqui nossa consternação e tristeza pela perda de um companheiro querido e de um profissional tão gabaritado. O esporte brasileiro vive em suas imagens e, de nossa parte, você seguirá em nossos corações.
Aos familiares e amigos, fica a nossa solidariedade, sentimentos e a esperança de que as boas lembranças e o carinho e respeito de todos os amigos que ele cativou os ajude a atravessar esse momento tão triste.
Marcelo Magalhães
Secretário Especial do Esporte
Ministério da Cidadania