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Surdolimpíada
Fenômeno das piscinas, Guilherme Maia leva 100% dos ouros da natação na Surdolimpíada
Guilherme Maia com as seis medalhas conquistadas na Surdolimpíada Nacional: rumo a Caxias. Foto: Sérgio Moura/ Min. Cidadania
A cerimônia de premiação da natação da Surdolimpíada Nacional 2021, neste domingo (06/12), em São José dos Campos, foi monopolizada por um nome. Nas seis provas masculinas do programa, a medalha de ouro foi para o mesmo pescoço: Guilherme Maia Kabbach.
O atleta santista de 32 anos foi hegemônico com sobras na piscina de 25 metros da Associação Esportiva São José. Venceu os 50m borboleta, os 50m peito, os 50m livre, os 100m peito, os 50m costas e os 100m livre. A Surdolimpíada Nacional reúne na cidade paulista cerca de 740 atletas em 15 modalidades até a próxima terça-feira, 07/12.
Como profissional da natação, meu objetivo é incentivar que haja uma renovação no esporte de surdos brasileiro, que exista um modelo para os demais, porque em breve vou me aposentar e gostaria de deixar esse exemplo”
Guilherme Maia, campeão da Surdolimpíada Nacional nas seis provas da natação masculna
Com o resultado, Guilherme já projeta mudança de ares. Ele está prestes a se instalar em Caixas do Sul. Vai treinar com Régis Mencia, que já foi técnico do campeão olímpico César Cielo. A cidade gaúcha será sede da Deaflympics 2022, a Surdolimpíada Mundial de verão.
“Chegou essa proposta de treinar com o ex-técnico do Cielo e, diante da importância dele e do evento, vale demais o esforço. Vou me mudar e me dedicar a isso. Estão chegando novos nadadores no cenário internacional e já não estou tão na melhor idade. Assim, preciso me esforçar para representar bem o Brasil”, disse Guilherme.
Na história da Deaflympics, o brasileiro já conquistou cinco medalhas: uma de ouro, uma de prata e três de bronze. O ouro veio com recorde mundial nos 200m livre da natação para surdos: 1min52s55 na edição de 2017, na Turquia. Para manter a forma, são nove sessões semanais, entre musculação, preparação física e piscina.
A Deaflympics de 2022 será entre 1 e 15 de maio, na cidade gaúcha. A confirmação do Brasil como sede saiu no fim de novembro. Serão 21 modalidades em disputa e a perspectiva de oito mil atletas de mais de 76 países. Guilherme pretende disputar cinco provas em Caxias.
Renovação e referência
Para o atleta, que é formado em educação física, a oportunidade de disputar mais uma edição do megaevento tem a intenção de dar à nova geração uma referência e um incentivo para que novos atletas ingressem no desporto para surdos.
“Como profissional da natação, meu objetivo é incentivar que haja uma renovação no esporte de surdos brasileiro, que exista um modelo para os demais, porque em breve vou me aposentar e gostaria de deixar esse exemplo”, comentou o fã de Michael Phelps.
Para ele, a edição da Surdolimpíada Nacional de 2021 já traz bons motivos para ele acreditar nessa renovação. “Percebi uma enorme mudança aqui. Muita gente na disputa, novos nomes. O resultado vale como seletiva para o evento internacional. Tudo isso me trouxe ânimo, autoestima. Vontade de competir. Antes eu me sentia muito isolado nas competições”, disse.
Guilherme nasceu ouvinte e começou a nadar com apenas um ano e dois meses. Já disputava campeonatos desde os quatro anos de idade. A perda da audição ocorreu com dois anos. Ele ficou doente e contraiu uma infecção no ouvido. Perdeu a audição completa, bilateral.
Equipe gaúcha celebra o ouro ao lado do secretário nacional do Paradesporto do Ministério da Cidadania, Agtônio Guedes (E). Foto: Sérgio Moura/ Min. Cidadania |
Basquete é dos gaúchos
Logo ao lado do complexo em que foram realizadas as provas de natação, uma decisão acirrada envolveu Rio Grande do Sul e Santa Catarina no basquete masculino. Num duelo decidido com um erro de arremesso nos últimos segundos, os gaúchos levaram o ouro com uma vitória por 48 x 46.
Maria Fernanda (D) ao lado do placar da vitória final em São José dos Campos: bicampeã. Foto: CBDS |
O bicampeonato de Maria Fernanda
Em outro canto da cidade, a Surdolimpíada Nacional testemunhou o reforço de uma outra hegemonia. Maria Fernanda da Silva Costa repetiu a performance que já havia demonstrado em 2019, em Pará de Minas.
Passou por todas as adversárias na chave feminina de forma invicta e conquistou o torneio individual do tênis de mesa após superar a carioca Ana Cristina por 3 sets a 1, com parciais de 10/12, 11/3, 11/4 e 11/4. Maria Fernanda é a única atleta surda com Síndrome de Down inscrita na competição do tênis de mesa.
Como o tênis de mesa também compõe a lista de 21 modalidades da Deaflympics, a catarinense carimbou o passaporte para representar o país no evento mundial.
Investimento federal
A Surdolimpíada Nacional 2021 mobiliza 11 instalações esportivas de São José dos Campos. O evento tem suporte de R$ 1,2 milhão do Governo Federal, com R$ 800 mil do orçamento da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania e o restante em emendas parlamentares.
As disputas contam com atletas de Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santos e Santa Catarina. As 15 modalidades são atletismo, basquete, handebol, xadrez, montain bike, ciclismo de estrada, natação, caratê, taekwondo, judô, vôlei de praia, badminton, tênis de mesa, vôlei e boliche.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania