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Paradesporto Escolar
Estreia do halterofilismo demandou estudos e reuniu 14 atletas de sete estados
Capacitação de técnicos, disseminação de conhecimento e auxílio da ciência. A inclusão do halterofilismo entre as modalidades das Paralimpíadas Escolares 2022 exigiu uma série de iniciativas para garantir segurança aos meninos e meninas e para que a preparação dos atletas fosse feita, em todas as regiões do país, levando em conta parâmetros corretos de treino de acordo com a fisiologia dos adolescentes. O megaevento reuniu na última semana 1,3 mil crianças e adolescentes em São Paulo para a disputa de 14 modalidades e terminou com a vitória de São Paulo .
Um dos pontos importantes é saber que a idade cronológica não é um referencial único nem necessariamente o melhor. A gente precisa trabalhar com o grau de maturação de cada atleta. É importante que o técnico consiga observar essa diferença para dar a carga de treinamento adequada ao desenvolvimento seguro desse jovem"
Murilo Spina, coordenador de halterofilismo nas Paralimpíadas Escolares 2022
"A nossa primeira preocupação foi qualificar os profissionais para passar de maneira assertiva, segura, um treinamento de força para esse público jovem", afirmou Murilo Spina, coordenador da modalidade. Ficou definido que a idade dos atletas seria de 15 a 18 anos de idade, com categorias no masculino e no feminino. Criou-se um fluxo de e capacitação gradativa dos técnicos, com níveis 1, 2 e 3, e o compartilhamento de artigos científicos sobre o treinamento adequado para adolescentes.
"Um dos pontos importantes é saber que a idade cronológica não é um referencial único nem necessariamente o melhor. A gente precisa trabalhar com o grau de maturação de cada atleta. É importante que o técnico consiga observar essa diferença para dar a carga de treinamento adequada ao desenvolvimento seguro desse jovem", explicou Spina.
Anilheiros experientes
Paralelamente, houve uma preocupação em garantir aos atletas que competiriam na estreia o melhor respaldo técnico entre os coordenadores da competição, os staffs. Foram chamados profissionais com experiência internacional em Jogos Parapan-Americanos e Jogos Paralímpicos.
"Trouxemos dois 'anilheiros' (responsáveis por posicionar os pesos nas barras para os atletas fazerem os movimentos) que rodam o circuito adulto. Queríamos garantir o nível de segurança mais completo para essa estreia", disse Spina.
"A gente ouviu todo mundo, principalmente o segmento do halterofilismo. É uma modalidade que tem crescido muito nos últimos anos e tentamos observar todos os detalhes, tudo aquilo que era importante para inserir a modalidade com toda a segurança e com todas as condições para que os atletas possam desempenhar o seu melhor", completou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado.
Tayná é um dos talentos da nova geração: bronze no Mundial Júnior 2021 e integrante do Bolsa Atleta. Foto: Ricardo Valarini/ Min. Cidadania |
Bronze no Mundial
Ao fim, 14 atletas, representando sete estados, participaram da estreia da modalidade nas Paralimpíadas Escolares, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Um dos nomes mais importantes na competição foi Tayná Rodrigues de Alcântara. Com 18 anos, a jovem paulista tem no currículo o terceiro lugar no Mundial Júnior disputado em 2021, na Geórgia. "Foi uma honra participar dessa estreia nas Paralimpíadas Escolares. Ainda mais que saí daqui com a minha melhor marca", celebrou a atleta.
Integrante da categoria até 45kg de peso corporal, ela levantou os mesmos 45kg na competição escolar, um recorde em sua trajetória. Tayná começou no esporte por acaso. No dia em que completou 15 anos, foi ao shopping comprar uma roupa nova. Lá, uma pessoa com deficiência que trabalhava na loja percebeu a leve dificuldade de mobilidade da adolescente no lado esquerdo do corpo e fez um convite para que ela conhecesse o halterofilismo.
"Eu nunca nem tinha ouvido falar. Fui ao Centro de Treinamento, conheci lá e comecei a gostar. Passei a treinar três vezes por semana", contou a atleta, que tem uma paralisia do lado esquedo do corpo em função de falta de oxigenação no momento do parto.
Modo de disputa
No halterofilismo competem homens e mulheres com deficiência nos membros inferiores (com amputação de membros inferiores e/ou com lesão medular) e/ou com paralisia cerebral. Os atletas competem em Classe Única, divididos por categorias de peso corporal, assim como na versão olímpica. São dez categorias masculinas e dez femininas.
Os atletas competem deitados e precisam subir sobre seus peitos a barra com o peso escolhido por eles. Três árbitros avaliam quesitos como equilíbrio, segurança e o controle do atleta no manejo da barra. Se dois dos três árbitros julgarem que o peso foi erguido de forma correta, o movimento é considerado válido.
Bolsa Atleta
Tayná faz parte do grupo de 146 atletas, entre os 1,3 mil que disputaram as Paralimpíadas Escolares, que integram o Bolsa Atleta, programa voltado para o alto rendimento da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Ela é a única dos 146 que já faz parte da categoria Internacional do programa.
"Eu uso a bolsa tanto para materiais ligados ao esporte quanto ajudar a pagar conta em casa quando a minha mãe está precisando. Ajudo bastante nela e também guardo o dinheiro para quando eu precisar mais para frente também", comentou a atleta.
Como referência, ela divide o banco de treinamento com a melhor inspiração possível. Ela treina com Mariana D'Andrea, primeira atleta do Brasil a conquistar uma medalha de ouro no halterofilismo em Jogos Paralímpicos. Mariana foi campeã na categoria até 73kg na edição disputada em 2021, em Tóquio, levantando 137kg. A outra medalha brasileira na história da modalidade em Jogos Paralímpicos é de Evânio Rodrigues, prata na edição Rio 2016 na categoria até 88k.
"Ela é a minha inspiração. As técnicas dela são ótimas. A Mariana é super simpática e eu espero estar junto com ela em uma edição de Jogos Paralímpicos. Se não der em 2024, em Paris, que seja em Los Angeles, em 2028", projetou Tayná.
Assessoria de Comunicação - Ministério da Cidadania