Dia mundial da conscientização sobre o Autismo: inclusão, tecnologia e os ODS da Agenda 2030 da ONU

Mensagem do conselheiro Alexandre Freire*

No Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, é essencial refletirmos sobre a importância do dever de cuidado e da sensibilização para as diferenças. O autismo, como uma faceta da rica diversidade neurocognitiva humana, exige não apenas aceitação, mas também um compromisso efetivo para garantir que as pessoas autistas desfrutem das mesmas oportunidades de participação plena na sociedade. O reconhecimento da neurodiversidade deve ser traduzido em ações concretas, promovendo a inclusão em todas as áreas da vida - da educação ao mercado de trabalho, passando pelo acesso a serviços essenciais.

Conforme ressaltou o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, a realidade de muitos autistas ainda é marcada por isolamento, estigma e desigualdade. Barreiras sociais, econômicas e culturais impõem desafios significativos, frequentemente excluindo essas pessoas das oportunidades de interação e crescimento. Para reverter esse quadro, é necessário um esforço contínuo em diversas frentes, especialmente na criação de ambientes acessíveis e inclusivos. Isso passa pela implementação de uma educação verdadeiramente inclusiva, que não se limite à adaptação curricular, mas que envolva o treinamento de educadores e a adoção de práticas pedagógicas que atendam às especificidades dos estudantes autistas. Da mesma forma, é imperativo que os ambientes de trabalho se tornem mais inclusivos, ajustando-se às necessidades dos profissionais autistas e proporcionando espaços onde suas habilidades e talentos possam ser plenamente aproveitados.

A inovação tecnológica surge como uma poderosa aliada nesse processo de inclusão, alinhando-se diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Ferramentas baseadas em inteligência artificial e realidade aumentada, por exemplo, têm o potencial de transformar a maneira como as pessoas autistas se comunicam e interagem com o mundo ao seu redor, contribuindo para o ODS 4 (Educação de Qualidade). A inteligência artificial pode ser utilizada no desenvolvimento de soluções de comunicação alternativa, permitindo que pessoas com dificuldades verbais se expressem de maneira mais fluida e eficaz, enquanto a realidade aumentada pode criar ambientes interativos que proporcionam experiências de aprendizado e socialização mais dinâmicas.

As tecnologias assistivas, como aplicativos personalizados e dispositivos de resposta sensorial, desempenham um papel crucial ao oferecer suporte diário e fomentar maior autonomia e independência, alinhando-se assim ao ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico) e ao ODS 10 (Redução das Desigualdades). As plataformas de ensino adaptativo, que ajustam o conteúdo e o ritmo de aprendizagem conforme as necessidades individuais, ilustram como a tecnologia pode facilitar a participação ativa de pessoas autistas na sociedade, promovendo a integração social e a evolução profissional.

A inclusão, portanto, não deve ser encarada como um favor, mas como uma obrigação ética e social que está intrinsecamente ligada ao ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis). Trata-se de um compromisso coletivo que deve ser abraçado em todas as esferas da vida - seja no campo educacional, no mercado de trabalho ou nas políticas públicas. A sociedade precisa reconhecer que a neurodiversidade é uma característica intrínseca à condição humana, e que, ao promover a inclusão das pessoas autistas, enriquecemos o tecido social, tornando-o mais forte, resiliente e diverso.

Em última análise, cabe a todos nós construir uma sociedade onde ninguém seja deixado para trás, conforme preconiza a Agenda 2030. Ao adotar práticas inclusivas e ao utilizar a inovação tecnológica como ferramenta transformadora, podemos abrir as portas para um futuro mais justo, equitativo e pleno para todos, onde a diversidade não apenas existe, mas floresce em harmonia com os objetivos globais de desenvolvimento sustentável.

*Alexandre Freire é patrocinador da Agenda ESG no âmbito da Anatel e representante do Ministério das Comunicações na Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS).