G20 discute capacidade dos bancos de desenvolvimento para lidar com os desafios deste século
Evento paralelo do G20 discute formas de alavancar o financiamento climático e a atuação dos bancos de desenvolvimento para enfrentar a emergência climática global. Debates que reúnem especialistas, representantes dos países-membros do fórum e de instituições financeiras multilaterais seguem nesta terça-feira, 21/5.

A capacidade dos bancos de desenvolvimento de atuar de forma coordenada para contribuir com soluções para a transição ecológica foi o tema do evento paralelo do G20, realizado nesta semana no Rio de Janeiro. A atividade reúne especialistas, representantes dos países-membros do fórum e dessas organizações financeiras para pensar formas de alavancar o financiamento para enfrentar a emergência climática no Brasil e no mundo.
De acordo com o Nelson Barbosa, diretor do BNDES, os bancos de desenvolvimento são capazes de coordenar capital “paciente” e “mais adequados para lidar com os desafios deste século, tanto os desafios da superação da pobreza, do desenvolvimento da infraestrutura, quanto da transição climática”, disse. Lembrando a situação de emergência humanitária do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, Barbosa reforçou que essas instituições como o BNDES podem ser fundamentais.
“Será necessária uma linha de crédito especial para reconstrução. Já temos linhas para adaptação e mitigação e agora temos de pensar em linhas para cuidar de perdas e danos, que, na literatura, chamamos de loss and damage. A realidade chegou, e os bancos de desenvolvimento têm de lidar com os efeitos do clima”, discursou Barbosa.
Barbosa indicou que o volume dos recursos e os prazos necessários em situações de catástrofes climáticas tornam inevitável uma participação mais ativa do governo. “O BNDES vai cumprir o seu papel, auxiliando na reconstrução, e esse é um desafio que nós colocamos aqui também para todos os outros bancos”, completou.
Reforma dos organismos multilaterais
O presidente do Finance in Common (FiCS), Rémy Rioux, detalhou que “é nossa responsabilidade trabalhar coletivamente para prover insumos para a presidência do Brasil no G20, sob a perspectiva da agenda financeira”, disse, elencando alguns dos temas que considera “questões críticas”, entre elas, está a reforma da arquitetura financeira global.
“As instituições do acordo de Bretton Woods precisam ser reformuladas. Faremos o melhor para encontrar soluções financeiras inovadoras para a resiliência climática e infraestrutura resiliente. Também vamos tratar do mercado voluntário de carbono, para o qual temos muito a contribuir”, assinalou.
A embaixadora e coordenadora da Trilha de Finanças do G20, Tatiana Rosito, aproveitou a ocasião para destacar algumas das prioridades do Brasil à frente do G20. “A presidência do presidente Lula prioriza a superação da pobreza, o financiamento à transição energética e a reforma do sistema global de financiamento”, resumiu.
Combate a fome e a pobreza
A diplomata indicou que o Brasil advoga uma aliança global contra a pobreza e uma força-tarefa para combater as mudanças climáticas. “Sabemos que não é fácil e que isso vem conjugado com esforços políticos e de financiamento”, ressaltou, ao defender iniciativas como a taxação dos super ricos. “É um tema que propomos para discussão e esperamos chegar a consenso no G20 para termos uma declaração nesse sentido este ano”, defendeu.
Rosito disse ainda que as maiores economias do mundo têm papel a cumprir no desenvolvimento e organização do fluxo de recursos para a transição climática. No Brasil, lembrou, os bancos públicos de desenvolvimento estão conectados com o Plano de Transformação Ecológica liderado pelo Ministério da Fazenda, agenda que, por sua vez, perpassa não só a presidência do País no G20, mas também a COP30, outro fórum internacional do qual o Brasil será protagonista em breve.
O evento é uma das reuniões preparatórias para a cúpula de chefes de Estado do G20, que acontece em novembro sob a presidência do Brasil. A realização é do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em parceria com o Ministério da Fazenda, a rede global Finance in Common (FiCS) e o Instituto Clima e Sociedade (iCS). Os debates seguem nesta terça-feira, 21/5.
Com informações do BNDES